Sobre o Xampu

O xampu é preparado pra não irritar o couro cabeludo e os olhos
O xampu é preparado pra não irritar o couro cabeludo e os olhos

Farmácia

23/01/2013

Segundo o dicionário Michaelis xampu é um preparado saponáceo empregado na limpeza dos cabelos. Nada mais é do que um agente de limpeza para os cabelos e couro cabeludo. Também é um agente de limpeza cosmético, que limpa completa e efetivamente, e também confere características agradáveis ao cabelo.

Conveniente ao uso, de fácil enxágue, sem deixar depósitos sobre o cabelo. Atóxico e não irritante ao couro cabeludo e aos olhos.
Até a metade dos anos 30, o sabão em barra era usado para lavar os cabelos.

Em uma média, uma mulher tem de 4 a 8m2 de área de superfície de cabelo para lavar. O sabão em barra era insatisfatório para a lavagem dos cabelos pois sua alcalinidade deixava o aspecto do cabelo sombrio. As fórmulas iniciais dos xampus eram sabões de óleo de coco líquido que ensaboavam e limpavam melhor o cabelo que os sabões sólidos.

Xampus surfactantes foram introduzidos no final dos anos 30 e representaram um avanço significativo, já que continham um bom desempenho mesmo com água mais alcalina.

Sua função primária é de limpeza e a função secundária pode ser farmacológica, para fins de tratamento medicamentoso. Os folículos pilosos são considerados anexos cutâneos.

As glândulas sebáceas e as sudoríparas écrinas são responsáveis pela elaboração de uma emulsão graxa natural protetora que dá elasticidade e lubrificação à camada córnea, que são as funções fisiológicas.

A sujidade dos cabelos é caracterizada pela presença de partículas e materiais estranhos, produtos de lipólise do pelo, eletrólitos procedentes do suor, células de descamação da camada córnea, restos de produtos cosméticos e a sujidade própria do meio ambiente. Os cabelos sujos perdem o brilho, tornam-se rebeldes e com odor desagradável.

As propriedades desejadas em um bom xampu são a detergência, espuma abundante e consistente, viscosidade, pouca ou nenhuma irritabilidade aos olhos, baixa agressividade aos cabelos, estabilidade, além de cor, odor, condicionamento.

O xampu é formulado com ingredientes que podem ser classificados em três grupos: tenso-ativos base (primário), responsáveis pela detergência (limpeza), os tenso-ativos adicionais (secundários) que complementam a ação do tenso-ativo primário e modificam propriedades físicas (viscosidade, opacidade) e outros aditivos (não tenso-ativos) que têm funções específicas tais como correção e caráter organoléptico entre outros.

Detergentes são os tenso-ativos primários. Os tenso-ativos secundários são os estabilizadores de espuma, sobreengordurantes e espessantes. Os estabilizantes são os conservantes, antioxidantes, reguladores de pH.
Ainda são considerados componentes básicos dos xampus o veículo (geralmente água), aditivos de atributo estético e os opacificantes (brilho pérola).

Os tenso-ativos são compostos anfifílicos com afinidades por interfaces entre duas fases pouco miscíveis, diminuindo a tensão interfacial entre as mesmas.
As propriedades dos tenso-ativos são adsorção e acúmulo nas interfaces, redução da tensão superficial da água; formam micelas, são molhantes, têm ação detergente, formam espuma e são solúveis em água.

Os tenso-ativos são classificados em iônicos, que se subdividem em aniônicos e catiônicos, tenso-ativos não iônicos e tenso-ativos anfóteros.
Os tenso-ativos aniônicos primários têm concentração usual de 10 a 35%. Apresentam grupo polar com carga negativa. São os tenso-ativos mais utilizados. São os responsáveis pela limpeza dos cabelos e por formar espuma. Têm excelente detergência, ótima umectância, baixa irritabilidade e alta tolerabilidade.

Os tenso-ativos aniônicos primários estão presentes nos sabões, benezo sulfonatos de alquila, alqui sulfatos, alqui éter sulfatos e alquil éter sulfosuccinatos.

Dentre os tenso-ativos aniônicos primários, destacamos os alquilsulfatos, cujas principais características são: baixa irritabilidade, baixa toxicidade, alto poder espumógeno, boa solubilidade em água, alta reserva de viscosidade, boa solubilidade em água, odor agradável, completa biodegradabilidade e baixo custo.

Os alquilsulfatos são o lauril sulfato de sódio, lauril sulfato de amônio, lauril sulfato de trietanolamina e lauril sulfato de monoetanolamina.
O alquil éter sulfato é outro tenso-ativo aniônico primário, cujas características principais são maior solubilidade e menor poder irritante que os alquisulfatos, etoxilação, redução do poder espumante e são ligeiramente mais suaves.

São obtidos por reação de sulfatação com posterior neutralização com NaOH, NH4OH e, ainda, sofrem adição de moléculas de óxido de eteno.
O alquil sulfosuccinato tem excelente poder umectante, produz pouca espuma e baixo poder detergente. É utilizado associado ao lauril éter sulfato de sódio. Exibe baixo ou nenhum poder irritante à pele e mucosas. Possui alguma ação condicionadora. É instável em pH muito alto ou muito baixo.

Os tenso-ativos secundários utilizados na tecnologia de xampus são usados em concentrações usuais de 1 a 4%. São estabilizantes de espuma, doadores de viscosidade, espessantes de formulação. Podem ainda ceder condicionamento leve aos fios dos cabelos.

Os tenso-ativos secundários podem ser não iônicos ou anfóteros.
Os tenso-ativos secundários não iônicos promovem: espessamento da formulação, incremento da estabilidade da espuma, condicionamento leve ao cabelo, sinergia com tenso-ativos aniônicos para a redução da irritabilidade de pele e mucosa, e ainda promovem a solubilização de fragrâncias. São tenso-ativos não iônicos secundários as moléculas de: alcanoamidas: dietanolamidas e monoetanolamidas; alquilglucosídeos: lauril glucosídeo e decil glucosídeo; álcool láurico etoxilado; laurato de sorbitano etoxilado.

São tensoativos secundários anfóteros as moléculas de: coco betaína, cocoamidopropil betaína, cocoanfocarboxiglicinato de sódio, entre outras. Suas características são: espessamento da formulação, incremento da estabilidade da espuma, condicionamento leve do cabelo, sinergia com tenso-ativos aniônicos para a redução da irritabilidade de pele e mucosa, seu pH de desempenho melhor é entre 5 e 6.

Além dos tenso-ativos primários e secundários, fazem parte das formulações de xampu um agente doador de viscosidade, os espessantes. São usados como espessantes: eletrólitos como cloreto de sódio e de amônia; derivados da celulose (o mais usado em xampu é a carboximetilcelulose), polímeros sintéticos, dioleato de metil glucose estoxilado, diesterato de PEG-6000, co-tensoativos e certos tipos de goma como goma xantana e goma guar.

Toda formulação de xampu deve conter conservante, e este deve ser hidrossolúvel, de amplo espectro e estável na faixa de pH do produto final.
O ajuste de pH destas formulações deve ser feito com agentes acidulantes como ácido cítrico, ácido fosfórico e lático, e agentes alcalinizantes como AMP-95, hidróxido de sódio. Após aditivação do produto, reajustar o pH considerando a estabilidade do ativo.

Os agentes perolizantes para dar brilho perolado aos produtos são: ceras perolizantes e concentrados (bases prontas): diestarato glicólico e cocoamido propil betaína.

As diferenças entre xampus para a mesma finalidade, fabricados por diversas companhias de produtos de cuidados pessoais, são as fragrâncias e aditivos de especialidade. Óleo de germe de trigo e pantenol são adicionados, principalmente por razões comerciais, mas parecem deixar os cabelos mais sedosos e manuseáveis. Outros produtores adicionam silicones, proteínas hidrolisadas, polímeros quaternizados, extratos vegetais, ativos anticaspa, vitaminas e mica.

Xampus básicos podem ser escolhidos de diversas fórmulas, dependendo da quantidade de produção de sebo no couro cabeludo, diâmetro de feixe de cabelos e condição dos cabelos.

O rótulo em geral indica ao consumidor para qual tipo de cabelo o xampu foi projetado. Algumas empresas alteram as concentrações de detergentes e sobreengordurantes para fazer fórmulas diversas.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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