Pesquisa envolvendo Seres Humanos: Homens ou Ratos?

Resultados de pesquisas gerou avanços relevantes
Resultados de pesquisas gerou avanços relevantes

Farmácia

28/01/2013

A eticidade das pesquisas envolvendo seres humanos é um assunto polêmico que gera opiniões bastante divergentes. Se por um lado, algumas pesquisas envolvendo seres humanos foram realizadas com notórios desmandos praticados em prol da ciência, por outro, os resultados dessas pesquisas gerou avanços relevantes para a comunidade científica e humanidade como um todo.

A história das pesquisas envolvendo seres humanos está repleta de abusos contra os sujeitos de pesquisa e a sociedade tenta até hoje estabelecer diretrizes do que é eticamente correto ou não nesse âmbito. Os abusos na atividade de investigação em saúde são muitas vezes decorrentes do tratamento de seres humanos como objeto e meio para que o pesquisador chegue a suas conclusões e resultados. Evidencias demonstram que muitos pacientes nunca tiveram os riscos relativos a pesquisa clínica explicado e que centenas nunca souberam estar participando de estudos clínicos, muito embora terem sofrido graves consequências em decorrência dos experimentos pelos quais passaram.

Desde a Segunda Guerra Mundial têm-se levantado questões éticas devido ao uso de pacientes como sujeitos de pesquisa, sendo os experimentos nazistas, o marco para a ética na condução de Pesquisa Clínica. A divulgação das práticas abusivas de médicos alemães nos campos de concentração demonstraram os diversos experimentos com seres humanos vulneráveis - considerados de uma raça inferior - realizados sem consentimento que expôs os mesmos a sofrimento físico e mental. De fato, qualquer estudo clínico pode gerar riscos e, por isso, exigirá cuidados na proteção a dignidade do sujeito da pesquisa em suas dimensões física, psíquica, moral, intelectual e social. Por outro lado, ninguém duvida da importância dos ensaios clínicos no progresso e na prática da medicina hoje.

A pesquisa clínica se desenvolveu enormemente nos últimos anos, e fez contribuições significativas para o nosso conhecimento sobre a eficácia de novos tratamentos, particularmente em quantificar a magnitude de seus efeitos. Neste sentido, os ensaios clínicos têm revolucionado a maneira como as doenças são prevenidas, detectadas ou tratadas.

Adicionalmente, esses estudos são fundamentais para o trabalho de empresas farmacêuticas, que não podem registrar um novo medicamento ou dispositivo médico até que haja suficiente provas da sua eficácia.

Desta forma, a ética em pesquisa clínica tem sido assunto de inúmeros debates desde a Segunda Grande Guerra e se estendendo até a atualidade, levando a criação de diretrizes, códigos e regulamentos que tentam direcionar e regulamentar a pesquisas envolvendo participantes humanos, todos eles fundamentados nos princípios de respeito, beneficência e justiça. Para tanto, é essencial que os investigadores conduzam os estudos de acordo com as boas práticas clínicas, de modo que possamos garantir que o bem-estar da pessoa que participa da pesquisa será colocado acima de qualquer outro interesse.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Luana Monteiro Spindola Marins

por Luana Monteiro Spindola Marins

Luana Monteiro é farmacêutica especializada em Farmácia Industrial (UFF), mestrado em Química Orgânica (UFF) e Pós-Graduação em Assuntos Regulatórios ( ICTQ). Desde 2005 atua em pesquisa clínica: foi "Pharmacist of Records" no HGNI para as redes do NIH; foi Coordenadora da Câmara Técnica de Pesquisa Clínica do CRF-RJ de nov/10 à dez/11. Atualmente é Regulatory Affair do LABCLIN -IPEC/FIOCRUZ

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