Protozoários como parasitos emergentes

Os indivíduos com AIDS são grandes eliminadores de oocistos
Os indivíduos com AIDS são grandes eliminadores de oocistos

Farmácia

24/04/2013

Isospora sp.

Os membros do gênero Isospora são coccídeos que apresentam oocistos com dois esporocistos e com quatro esporozoítos dentro de cada um. Possuem ciclo biológico típico de coccídeo, com multiplicação assexuada (merogonia) e sexuada (gametogonia) que termina com a formação de oocistos nas células do intestino do hospedeiro.

A isosporose humana é mais frequente em regiões quentes, onde as condições de higiene são precárias. O homem se infecta por meio da ingestão de oocistos esporulados junto com a água e alimentos. Os esporozoítos liberados dos oocistos invadem o intestino delgado, provavelmente o íleo, onde ocorre a evolução do parasito até a formação de oocistos.

A infecção por Isospora belli ou isosporíase (também denominada isosporose) ocorre pela ingestão de oocistos maduros eliminados com as fezes humanas. Em um novo hospedeiro, os esporozoítas, liberados por oocistos, invadem o epitélio da mucosa intestinal, onde se multiplicam por esquizogonia. Depois de algum tempo, formam-se os gametas. Estes produzem oocistos que são eliminados com as fezes durante semanas. Na maioria das vezes, a infecção permanece assintomática. Nos demais casos há febre, diarreia, anorexia e cefaleia, com início 7 a 10 dias após a contaminação e durando outros 10 dias ou mais. A evolução é para a cura espontânea, mesmo sem medicação.

A patogenia da isosporose envolve alterações na mucosa do intestino delgado que resultam na síndrome da má absorção. Isso ocorre por causa da destruição das vilosidades e consequente atrofia das mesmas, hiperplasia das criptas e infiltração de polimorfonucleares.

Em geral, as infecções humanas são benignas e os pacientes se curam espontaneamente. Quadros clínicos graves incluem sintomas como febre, diarreia, cólica, vômitos, desidratação, entre outros.

O diagnóstico é feito pelo encontro de oocistos ou esporozoítos nas fezes, a partir da 3ª semana de infecção. Como a abundância de parasitos nas fezes pode ser pequena, recomenda-se repetir os exames negativos, em dias diferentes.

A isosporíase é de ocorrência rara, supondo-se que possam existir hospedeiros não humanos. No Rio de Janeiro, encontrou-se 10,5% de positivos entre os imunodeficientes e, no Haiti, 15% entre aidéticos. Pouco se sabe sobre a transmissão, supondo-se ocorrer pela ingestão de águas ou alimentos contaminados.
Cryptosporidium sp.

Esporozoários deste gênero (classe Eucoccidiida) são encontrados em grande número de vertebrados, sendo atualmente 22 as espécies consideradas válidas.

No intestino delgado, apresenta-se como um esquizonte esférico extracelular, aderido ao epitélio ou contido em um vacúolo parasitóforo. O oocisto maduro, com 4 esporozoítas é a forma infectante eliminada pelos pacientes ou animais parasitados.

A contaminação é de origem fecal-oral, entre pessoas, ou a partir de animais. Mas também por água ou alimentos contaminados com os oocistos. Surtos da doença, no Brasil, têm aumentado entre crianças que frequentam creches. O período de incubação é de 4 a 14 dias, com início explosivo de enterocolite aguda. Porém, o quadro clínico de diarreia e cólicas é autolimitado, curando-se o paciente ao fim de 1 ou 2 semanas. Sua gravidade é maior quando há imunodeficiência de qualquer natureza, particularmente em casos de AIDS. Nestes casos, o início é insidioso e se agrava progressivamente, com diarreia aquosa, cólicas, dor epigástrica, náuseas e vômitos, mal-estar e perda de peso. Há intolerância à lactose, e má absorção de gorduras. O envolvimento das vias biliares pode agravar ainda mais o quadro crônico e aumentar as dificuldades de tratamento.

O exame físico constata desidratação e caquexia, persistindo a sintomatologia (se o paciente não for re-hidratado) até a morte, por outras causas. Entre os indivíduos HIV-positivos com diarreia, a prevalência desta doença está em torno de 14%, nos países desenvolvidos, e de 24% nos países subdesenvolvidos.

O diagnóstico é feito com a pesquisa de oocistos nas fezes (pelos métodos de concentração e coloração), ou sorologicamente (pelas técnicas de ELISA ou RIFI). Vários antibióticos têm sido ensaiados para diminuir a diarreia, mas até o presente não há nenhum tratamento eficaz. Há necessidade de manter o paciente re-hidratado. A criptosporidiose é uma zoonose de animais domésticos e do gado, encontrada em todos os continentes. Mas a transmissão entre as pessoas parece ser muito importante. A prevalência é mais elevada entre os homossexuais aidéticos. Os indivíduos com AIDS são grandes eliminadores de oocistos. Também os bovinos são eliminadores de oocistos em grandes quantidades. Os oocistos mostram-se bastante resistentes, no meio exterior. Eles são destruídos apenas pelo formol a 10%, pela água sanitária do comércio, e pelo aquecimento a 65°C, durante 30 minutos.

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