Cliente x Paciente no âmbito da Atenção Farmacêutica

O processo de cuidado ao paciente envolve um encontro pessoal
O processo de cuidado ao paciente envolve um encontro pessoal

Farmácia

30/11/2013

OBJETIVO
Diferenciar paciente e cliente sobre o âmbito da atenção farmacêutica.

Considerar a atuação do farmacêutico e os limites que há na relação com a pessoa que procura um serviço.


DESENVOLVIMENTO

Partindo do significado do dicionário para abordar o termo Paciente X Cliente relacionado com a Assistência Farmacêutica,

Paciente:
“adj. Que tem paciência. / Filosofia. Que recebe a impressão de um agente físico. / &151; s.m. e s.f. Pessoa que sofreu uma operação cirúrgica, e, p. ext., pessoa que está doente (em relação ao médico).” FERREIRA, Aurélio


Cliente:
“s.m. e f. Em Roma, plebeu que se colocava sob o patrocínio de um patrício. / Pessoa que compra de um comerciante, que recorre a um homem de negócios, a um banco, a um advogado, a um médico etc.” FERREIRA, Aurélio


A palavra Cliente traduz na força da comunicação o significado de negócio, com troca de mercadoria entre os envolvidos. A função mercadológica dos negócios é gerar lucros e satisfação para os dois lados que negociam. No sentido da saúde, é importante que o profissional que se dedica a esta área, não veja o paciente quando o procura, como um número para o seu negócio. A ligação do profissional com o seu paciente é diferente. O paciente busca alguém para ouvi-lo sobre o que o incomoda. Quando se trata de saúde, é necessário aprenderem juntos sobre a paciência, pois é ela que traz o eco naquele que sofre e, o profissional tem esta responsabilidade, de ensinar a paciência àquele que sofre, a fim de ouvir selecionando o sinal da dor, e assim encontrar o seu alívio, de maneira constante, coerente e moderada. A paciência é a aliada número um da saúde emocional.

O PAPEL DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO E O FOCO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA

O processo de cuidado ao paciente envolve um encontro pessoal entre o profissional qualificado e um paciente. Uma avaliação inicial é realizada durante o primeiro encontro. Ela é conduzida de forma a identificar todas as necessidades farmacoterapêuticas e qualquer PRM- Problemas Relacionados a Medicamentos. Avaliando as informações, um plano de cuidado é elaborado. Este inclui objetivos terapêuticos bem definidos para cada problema de saúde que o paciente apresenta e determina quais intervenções serão recomendadas para resolver os PRM e atingir os objetivos terapêuticos. O paciente deve ser consultado na elaboração do plano e, como parte essencial para obtenção de bons resultados, deve ser devidamente esclarecido sobre seus aspectos principais. Nessa etapa, deve-se assegurar que o paciente tenha todas as informações e conhecimentos necessários para seguir o plano de cuidado estabelecido. Na avaliação de resultados a última etapa, o profissional e o paciente avaliam se os objetivos terapêuticos foram atingidos, determinando a situação ou melhora da condição do paciente, e registram-se os novos dados experimentados pelo paciente. A partir desse momento, um novo plano de cuidado é desenvolvido e o processo se repete ciclicamente (CIPOLLE et al., 2004).


A Atenção Farmacêutica possibilita ao paciente participar de decisões terapêuticas, saber mais sobre sua doença, obter maiores informações e, consequentemente, cumprir melhor seu tratamento e obter melhores resultados (ZELMER, 2001; PAULOS, 2002).


Quando acompanhados em um serviço de Atenção Farmacêutica, os pacientes são capazes de atingir os objetivos terapêuticos em mais de 90% das vezes, o que significa um aumento de 72% quando comparados ao não oferecimento do serviço (STRAND, 2005).


Hepler (2000), refletindo sobre o desenvolvimento da Atenção Farmacêutica, ressalta que essa atividade é um processo, sendo possível aprender fazendo. Essa citação do conceituado pesquisador americano, serve como incentivo para que novos serviços de farmácia clínica e de Atenção Farmacêutica sejam implantados em nosso país, propiciando o aprimoramento de mão-de-obra e o avanço nos conhecimentos nacionais sobre tais atividades.


Segundo os autores Pereira e Freitas (2007), para que haja a implementação efetiva da Atenção Farmacêutica no setor público, os gestores devem ser conscientizados que esta atividade reduz custos para o sistema sanitário e melhora a qualidade de vida dos pacientes. No setor privado, a implementação da Atenção Farmacêutica será possível quando os empresários se derem conta que a Atenção Farmacêutica pode representar o diferencial de seu negócio, contribuindo para a fidelização de seus clientes por meio da prestação de serviço especializado.


A utilização de medicamentos é um processo complexo com múltiplos determinantes e envolve diferentes atores. As diretrizes farmacoterápicas adequadas para a condição clínica do indivíduo são elementos essenciais para a determinação do emprego dos medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que a prescrição e o uso de medicamentos são influenciados por fatores de natureza cultural, social, econômico e política (FAUS, 2000; PERINI et. al., 1999).
A prática de Atenção Farmacêutica tem grande impacto positivo para os pacientes ao reduzir erros na utilização de medicamentos, PRM, admissão hospitalar e custo de tratamento, promovendo uma melhor qualidade de vida, sendo assim, a Atenuar agrega ao farmacêutico a responsabilidade por assegurar que a terapia farmacológica indicada ao paciente está indicada de forma adequada, é a mais efetiva disponível, a mais segura e pode ser administrada na posologia prescrita. O farmacêutico deve também se responsabilizar por identificar, resolver e prevenir qualquer problema relacionado com a farmacoterapia e assegurar que as metas do tratamento sejam alcançadas e os resultados obtidos (CIPOLLE, 1998).


A Atenção Farmacêutica contribui para o uso racional de medicamentos, na medida que desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo indivíduo, buscando avaliar a necessidade, a segurança e a efetividade no processo de utilização de medicamentos (FAUS; MARTINEZ, 1999).


A Atenção Farmacêutica beneficia, ainda, os outros profissionais de saúde, ao melhorar o seu acesso a informação sobre medicamentos e ao auxiliar na detecção de PRM em seus pacientes e na detecção de pacientes sem diagnósticos e/ou tratamento (PAULOS, 2002).


Fica, então, para os farmacêuticos, o desafio de “fazer o ideal virar realidade” e deixar de ser “entregador” de medicamentos, passando a desempenhar o papel de “dispensador de atenção sanitária” (LÓPEZ, 1997; ZELMER, 2001; NASCIMENTO, 2004; STRAND, 2005).


Os profissionais da Atenção Farmacêutica usam uma abordagem centrada no paciente, ou seja há uma direção do acompanhamento que atende as necessidades e os desejos do paciente, e não as preferências do profissional, assim o paciente participa ativamente do seu processo de cuidado.


Essa relação corresponde a uma troca mutuamente benéfica, na qual o paciente confere autoridade ao farmacêutico e este, por sua vez, oferece ao paciente conhecimento e comprometimento com a melhoria da sua qualidade de vida (STRAND et al., 1991; CIPOLLE et al., 1998; PERETTA, 2000; DÁDER, 2001; STORPIRTIS et al., 2001; OPAS, 2002a; OLIVEIRA, 2003; REIS, 2003; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005; PRINCIPLES...)


Durante o acompanhamento, o profissional da Atenção Farmacêutica aplica seu conhecimento e suas habilidades para avaliar o paciente, utilizando o processo racional de tomada de decisões. Esse processo é lógico, racional e ordenado para acessar as necessidades e identificar os problemas farmacoterapêuticos do paciente. O profissional trabalha para garantir que todas as necessidades relacionadas a medicamentos sejam atendidas e todos os PRM prevenidos, identificados e resolvidos. Seu objetivo é garantir que a terapia medicamentosa seja indicada, efetiva, segura e conveniente para cada paciente acompanhado (ASHP, 1993; ASHP, 1996; PERETTA, 2000; OPAS, 2002a; OLIVEIRA, 2003; REIS, 2003; CIPOLLE et al., 2004; STRAND, 2005; PRINCIPLES...).
CONCLUSÃO
A profissão de farmacêutico se aproximou de modo sensível, como alguns puderam afirmar cruamente, da profissão de comerciante.


Instalemo-nos em uma grande farmácia da zona urbana e veremos o que ocorre. Veremos os clientes desfilarem quase sem interrupção. A maior parte apresentou uma receita para a pessoa de bata branca que está atrás do balcão, a qual se limita a ir buscar os produtos prescritos no armário, repete a posologia indicada pelo médico, embrulha as embalagens em um saco de papel e as fatura. Poucas palavras são trocadas. Às vezes, alguém, em geral da categoria social abastada, se apresenta sem receita. Mesmo nestes casos, a troca de palavras revela-se quase sempre sumária; pede-se um medicamento definido ou simplesmente a sua finalidade: “gostaria de um produto para a tosse”. Na maior parte do tempo, o papel do farmacêutico é, pois, o de um simples distribuidor.


Diante disso, Leanne (1998), uma vez definido como uma filosofia que tem por objetivo, pretensioso, porém não impossível, transformar o medicamento em uma ferramenta para restaurar e preservar a saúde individual ou coletiva, a Atenção Farmacêutica exige um novo perfil dos profissionais e aponta para a necessidade de uma assistência mais efetiva ao paciente.


Leanne (1998), afirma que a maioria dos problemas verificados com o uso de medicamentos não é a ele inerente, mas à forma que são prescritos, dispensados e usados, justificando a necessidade de reorientação da profissão farmacêutica, com uma importante mudança de paradigma, deixando o profissional de ser um fornecedor de medicamentos e passando a ser fornecedor de serviços, dentre esses Atenção Farmacêutica (NIMMO, 1999).



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

ACURCIO, F. A. Política de medicamentos e assistência farmacêutica no sistema único de saúde. Medicamentos e Assistência Farmacêutica.Belo Horizonte:COOPMED, 2003. p. 31-60

BENET, L. Z. Princípios utilizados na redação da receita médica e instruções a serem seguidas pelo paciente. Apêndice I. In: HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. (Ed.) Goodman & Gilman as bases farmacológicas da terapêutica. 9. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 1996. p. 1265.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa. 1 l.ed. Rio de Janeiro: Gamma, 1982.

Disponível em: http://www.essex.ensino.eb.br/doc.pdf; acessado em 09/04/2013 às 22:43

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Marcos Henrique de Souza Prado

por Marcos Henrique de Souza Prado

Graduando, com bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos - ProUni, no Curso de Farmácia Generalista pela Universidade Vale do Rio Verde - UninCor. Tendo experiência na área de Farmácia/Drogaria, com ênfase no Aviamento de Prescrições Médicas, Dispensação de Medicamentos, técnica de administração de medicamentos injetáveis e orientação do paciente ao cumprimento da dosagem , entre outros

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