Atenção farmacêutica em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2

O DM configura-se hoje como uma epidemia mundial e requer cuidado
O DM configura-se hoje como uma epidemia mundial e requer cuidado

Farmácia

16/04/2014

A atenção farmacêutica, entendida como um modelo de prática profissional desenvolvida no contexto da assistência farmacêutica, de acordo com a proposta do Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, possui por finalidade aumentar a efetividade do tratamento medicamentoso, concomitante à detecção de problemas relacionados a medicamentos. A atuação profissional do farmacêutico inclui uma somatória de atitudes, comportamentos, corresponsabilidades e habilidades na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos eficientes e seguros para prevenir, informar e resolver um problema relacionado a medicamento (PRM), privilegiando a saúde e a qualidade de vida do paciente.


O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta e/ou da incapacidade da insulina de exercer seus efeitos de forma adequada, caracterizando-se por hiperglicemia crônica e distúrbios do metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. No Brasil a prevalência para o DM é estimada em 7,6% para população adulta 30-69 anos.


O DM configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se assim como grande desafio para os sistemas de saúde. O envelhecimento da população, a urbanização crescente, o estilo de vida pouco saudável, o sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes em todo mundo.


No Brasil, de acordo com o Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis, a ocorrência média de diabetes na população adulta (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de pessoas que confirmaram ser portadoras da doença. A prevalência aumenta com a idade: o diabetes atinge 18,6% da população com idade superior a 65 anos.


O DM2 é caracterizado, na grande maioria dos pacientes, pela deficiência parcial de insulina e ausência de sintomas clínicos. Abrange desde indivíduos nos quais dietas e exercícios normalizam a glicemia, à pacientes cuja progressiva perda de células ß conduz à necessidade de insulinoterapia. Constitui o tipo mais comum de DM, representando 90-95% dos pacientes diagnosticados e por quase todos os casos não diagnosticados. É mais comumente encontrada a partir dos 40 anos, sendo mais prevalente em pacientes com sobrepeso ou obesidade.


Como o DM está associado a elevadas taxas de hospitalização, a maiores necessidades de cuidados médicos, a maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueiras, insuficiência renal e amputações de membros inferiores, pode-se prever o grande ônus que esse quadro representará para os sistemas de saúde dos países latino-americanos, a grande maioria ainda com imensa dificuldade no controle de doenças infecciosas e diminuição da qualidade de vida para o paciente.


Estudos de acompanhamento farmacoterapêutico mostram-se muito eficientes no processo de educação sanitária quanto ao uso de medicamento. Referente ao ato de dispensar e realizar o acompanhamento farmacoterapêutico, o farmacêutico é o profissional que pode contribuir efetivamente, ocupando uma posição estratégica no que se refere à educação continuada, devido à maior frequência de contato com o paciente portador de diabetes, que se sente mais a vontade em confidenciar sua impressão em relação à doença e/ou ao tratamento.


Entre os componentes da Atenção Farmacêutica (AF) está o acompanhamento farmacoterapêutico, na qual consiste em um processo que o farmacêutico coopera com o paciente e outros profissionais de saúde mediante o desenvolvimento, execução e monitorização de um plano terapêutico que produzirá resultados terapêuticos específicos para o paciente. Dentre suas atividades principais podemos destacar: a identificação, resolução e prevenção de PRM.


Diante dessa realidade, a prática da AF surge com o propósito de aperfeiçoar os resultados da farmacoterapia de forma individual, permitindo o farmacêutico, por meio de um trabalho de cooperação com médicos, enfermeiros e portadores de enfermidades, melhorar os resultados da farmacoterapia ao prevenir, detectar e resolver os PRM antes que estes deem lugar à morbimortalidade.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Victor Hugo Gonçalves Rizzi

por Victor Hugo Gonçalves Rizzi

Farmacêutico formado pelas Faculdades Integradas de Ourinhos - FIO, possui mestrado em Biologia (área de biologia celular, estrutural e funcional). Atualmente doutorando em Farmacologia (área farmacologia cardiovascular).

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