Falta medicamento no SUS: Motivos

Existe um ciclo básico da Assistência Farmacêutica que deve ser seguido
Existe um ciclo básico da Assistência Farmacêutica que deve ser seguido

Farmácia

13/08/2014

O SUS foi criado em 1988, proporcionou muitos avanços no setor saúde. Está baseado no direito ao acesso da população a todos os níveis de atenção, inclusive aos de Assistência Farmacêutica. Segundo a Organização Mundial de Saúde a Assistência Farmacêutica é um conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico e por outros profissionais de saúde voltadas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde, tanto no nível individual como no coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial. É de se notar que no Sistema Único de Saúde, temos um profissional que muitos usuários desconhecem o seu papel e para muitos não passamos de meros “dispensadores de remédios”, quando na verdade somos muito mais que isso. Nosso papel é garantir o acesso a medicamento, mas como vamos garanti isso se na rede pública de saúde não tem farmacêuticos suficientes?


Existe um ciclo básico da Assistência Farmacêutica que deve ser seguido e muito bem pensado quando se fala em acesso a medicamento.


Se esse ciclo não funciona como podemos garantir o acesso da população a medicamentos básicos? Respondendo a pergunta vamos elencar alguns motivos para faltar medicamentos, que são programação inadequada, aquisição insuficiente, armazenamento inadequado e sem comunicação com o setor de distribuição e a dispensação e a falta do principal responsável por isso, o farmacêutico.


A programação é uma etapa fundamental ela determina a quantidade a ser adquirida e deve levar em conta diversos fatores como período do ano, estoque atual, tempo que levará para comprar e reabastecer. Esse conjunto de fatores contribui para que o medicamento não falte e observamos especificamente em Juiz de Fora que esses fatores não são levados em conta, uma vez que não há um sistema informatizado que analisa o consumo, parece que tudo é comprado as escuras, não há uma estimativa de consumo e uma coisa que seria tão simples de fazer não é feito. Para entender isso é muito simples basta ir a qualquer UAPS (Unidade de Atenção Primária a Saúde) e pergunta se tem o profissional farmacêutico, ou ainda se é feito controle de estoque, se forem verificar verão que é verdade o que estou dizendo.


Se na distribuição tivermos falhas com certeza o restante do processo vai ficar comprometido. É simples falta medicamento porque falta gestão. E não precisa ser formado na área para entender como isso funciona. Vamos exemplificar, você cidadão compra um pacote de pó de café de 1 kg, vai fazendo café todo dia, você vai esperar o pó de café acabar para comprar outro? Pela lógica vamos determinar um limite que é o ponto onde daremos início ao processo de compra, que para nós é ir até um supermercado e selecionar o pó de café e comprar.


Isso leva um tempo para ser realizado e não depende apenas da sua vontade de comprar, depende do supermercado está aberto, de você ter dinheiro e assim vai. Com o medicamento na rede pública é a mesma coisa. E o que mais se observa e a falta de comunicação entre as UAPS e a central de abastecimento. Não há farmacêuticos suficientes e muito menos um sistema interligado de informações. Fica inviabilizado manter um farmacêutico para cada UAPS, mas é possível criar alternativas como criação de pontos estratégicos de distribuição de medicamentos, onde há a presença do farmacêutico, como é o caso das Farmácias de Minas.


A ideia deste texto não é desqualificar os outros profissionais e sim divulgar um espaço que por direito é de nós farmacêuticos, estudamos para cuidar e zelar pela saúde do cidadão e garantir o acesso ao medicamento.


O fato é que só conseguiremos resolver essa falta com algumas medidas simples começando pelo gerenciamento de informações com um sistema de informação interligado com a central de distribuição, possibilitando planejar melhor a aquisição de medicamentos e valorizando e inserindo o farmacêutico no SUS e isso permitirá que não faltem medicamentos e reduza os custos para os cofres do município uma vez que a maioria dos medicamentos que falta são de uso continuo e a não utilização pode levar a hospitalizações que elevam os gastos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Yago Gabriel Assunção

por Yago Gabriel Assunção

Graduado em farmácia da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde- Suprema e minha missão é o bem estar do paciente. Quero contribuir de forma direta ou indireta, levando informações úteis até o meu paciente. Estou a disposição para qualquer dúvida, afinal cada dúvida é um aprendizado também para mim.

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