Descongestionantes nasais

Descongestionantes nasais
Descongestionantes nasais

Farmácia

17/10/2014

INTRODUÇÃO

A nafazolina é um agonista alfa-adrenérgico usado como vasoconstritor e descongestionante nasal, com um rápido início de ação vasoconstritora e com efeito prolongado. A administração intranasal da nafazolina leva a um processo de constrição dos vasos dilatados da mucosa nasal, que reduz o fluxo sanguíneo e o edema tissular (ANVISA, 2013).


A ação descongestionante da nafazolina inicia-se em torno de 10 minutos após a administração tópica, podendo durar até seis horas As ações terapêuticas decorrem da estimulação direta dos receptores 2-adrenérgicos pós-sinápticos dos vasos sanguíneos periféricos das mucosas, causando vasoconstrição local (SIMÕES et. al., 2006).


PRECAUÇÕES


O uso prolongado de medicamentos contendo nafazolina pode provocar podem vasodilatação reativa (efeito rebote), com consequente necessidade do aumento da dose, por um mecanismo de ação ainda incerto, mas que pode envolver a dessensibilização dos receptores e lesão de mucosas (SIMÕES et. al., 2006).


Segundo SIMÕES et. al. (2006), eventualmente, pode ocorrer absorção sistêmica com estímulo dos receptores 2-pré-sinápticos do sistema nervoso central, inibindo a liberação de noradrenalina e, consequentemente, a inibição da atividade simpática central.


Para pessoas que sofrem com pressão alta ou que têm algum tipo de problema cardíaco, portanto, os remédios são um perigo, pois, os descongestionantes nasais estão em terceiro lugar no ranking dos medicamentos com mais efeitos colaterais e uso incorreto, de acordo com dados do Centro de Atendimento Toxicológico de São Paulo (TORQUATO, 2013).


Os sintomas característicos da intoxicação por nafazolina, provocada pela administração tópica excessiva ou ingestão oral, são sonolência, sudorese, hipotensão ou choque, bradicardia, depressão respiratória e coma. Após a administração tópica excessiva de outros derivados imidazolínicos, também foram relatados choque após hipertensão transitória, arritmias, sintomas de angina pectóris secundária, vasoconstrição coronária e hipotermia. Além disso, esses fármacos podem provocar uma excitação transitória e hipereflexia, seguida de depressão do sistema nervoso central, dilatação de pupila e até coma (SIMÕES et. al., 2006).


No entanto, o hábito de pingar continuamente o remédio no nariz, além de viciar, mascara um enorme perigo para a saúde do coração. A longo prazo, os efeitos dos descongestionantes elevam o risco de trombose e formação de coágulos (TORQUATO, 2013).

Segundo WANG et. al. (2009) o uso de abusivo de imidazolinas (nafazolina, oximetazolina, etc.) possuem propriedades vasoconstritoras e, por isso, podem ser o gatilho de uma síndrome conhecida como síndrome do balonamento apical secundário (caracteriza-se por disfunção ventricular esquerda transitória). Sendo mais um agravo ao uso destas substâncias.


CONTRAINDICAÇÕES


Apesar da contraindicação para crianças de até seis anos de idade, verifica-se que os derivados imidazolínicos, principalmente medicamentos contendo nafazolina, são usados de forma indiscriminada, podendo desencadear quadros de intoxicação. Apesar do uso difundido desses medicamentos e do risco potencial de seu emprego em crianças, não há consenso quanto à posologia ou duração do tratamento, sendo possível adquiri-los sem prescrição (SIMÕES et. al., 2006).


Como não há estudos que comprovem a segurança dos derivados imidazolínicos durante a gravidez e a lactação, recomenda-se que esses pacientes evitem seu uso. Da mesma forma, não há informações suficientes para justificar seu uso em idosos; portanto, nesses pacientes, tais derivados devem ser utilizados somente sob orientação médica, visto que podem causar reações adversas e/ou tóxicas e interagir com outros medicamentos, já que tais pacientes são frequentemente polimedicados (SIMÕES et. al., 2006).


A ANVISA (2013), através da Gerência de Farmacovigilância, reforçou a contraindicação de medicamentos contendo o príncipio nafazolina para crianças, pois a mesma recebeu notificações de casos de intoxicação por crianças quando utilizadas por elas. Atualmente, os medicamentos que contêm a nafazolina são contraindicados para uso em crianças. A ingestão desse medicamento por crianças – especialmente no caso de superdosagem – pode causar náusea, cefaleia, hipertensão, hipotensão, depressão do sistema nervoso central com diminuição acentuada da temperatura do corpo, bradicardia, sudorese, sonolência e coma.


CONCLUSÃO
Quando necessitar de utilizar os descongestionantes nasais, segundo TORQUATO (2013) o correto é buscar ajuda para descobrir e tratar a causa do entupimento das narinas, que pode ser sinusite, desvio de septo ou pólipo nasal, entre outras.


Lavar as narinas com soro fisiológico ou solução de água com sal e bicarbonato é uma boa alternativa para aliviar a congestão sem remédios. Para quem já se viciou nos descongestionantes, o tratamento é feito com medicamentos orais e injetáveis que visam à recuperação da mucosa do nariz.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Agência Nacional de vigilância Sanitária (ANVISA). Anvisa alerta para a contraindicação do uso de nafazolina em crianças. Alerta SNVS/Anvisa/Nuvig/Gfarm nº 04, de 16 de julho de 2013. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/pos+-+comercializacao+-+pos+-+uso/farmacovigilancia
/publicacoes+farmacovigilancia/alertas+anvisa/2013+regiao+nacionais/2013071604. Acesso em: 15/102014.


WANG, Ricardo et al . Síndrome do balonamento apical secundário ao uso abusivo de descongestionante nasal. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. São Paulo, v. 93, n. 5, Nov. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001100022&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 15/10/2014.
CAETANO, Norival et al. GUIA DE REMÉDIOS 2014. 12ª ed. São Paulo; Escala, 2014-2015.


SIMÕES, Cláudia M. O. et. al. Uso indiscriminado de descongestionantes nasais contendo nafazolina. Revista Brasileira de Toxicologia vol. 19, n.2 (2006) 103-108. 2006.


TORQUATO, Gilmar. Alívio perigoso: descongestionante nasal leva ao vício e pessoa pode até perder o olfato. Disponível em: http://www.lersaude.com.br/alivio-perigoso-descongestionante-nasal-leva-ao-vicio-e-pessoa-pode-ate-perder-o-olfato/. Acesso em: 15/10/2014.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Frederico Soares Moreira

por Frederico Soares Moreira

Farmacêutico graduado pela Faculdade Pitágoras, cursando MBA em Logística Farmacêutica pela UNYLEYA Faculdade e Gestão da Produção Industrial pela UNOPAR. Membro da Comissão Assessora para Drogaria e Dispensação do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais entre 2014-2016.

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