O paciente vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) apresenta-se ao fisioterapeuta com um conjunto de problemas físicos, psicológicos e sociais. O início do AVC é súbito, com déficit máximo no início, de modo que este choque para o paciente e seus familiares pode ser devastador. A prevalência é de aproximadamente 2 em 1000, sendo que o resultado final é o óbito nas primeiras 3 semanas em aproximadamente 30% dos casos.
Definições
AVC é sinônimo de “derrame cerebral” e é uma definição clínica. A definição de AVC da Organização Mundial de Saúde é “um sinal clínico de rápido desenvolvimento de perturbação focal de função cerebral de suposta origem vascular e com mais de 24 horas de duração”. Essa definição não incorpora “crises isquêmicas transitórias”.
Etiologia
Pode ser classificada em fatores de risco modificáveis e fatores de risco não-modificáveis.
-Fatores de risco modificáveis
- Hipertensão arterial;
- Dislipidemia (colesterol);
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Abuso de álcool;
- Obesidade;
- Sedentarismo.
-Fatores de risco não-modificáveis
- Idade;
- Sexo;
- Grupos étnicos;
- Histórico familiar (fatores de risco vascular e interação entre os fatores genético e ambientais.
Vascularização do encéfalo
O metabolismo encefálico é quase exclusivamente aeróbico, de modo que os neurônios dependem da irrigação de sangue contínua. Se o cérebro for privado de sangue, perde-se a consciência em segundos, sendo que ocorrem lesões permanentes dentro de minutos.
O mecanismo fisiológico complexo garante que a irrigação sanguínea permaneça estável durante uma ampla gama de pressões arteriais, fenômeno denominado “autorregularão”.
O sangue chega ao encéfalo por meio de quatro vasos importantes. A artéria carótida direita emerge da artéria inominada, e a artéria carótida esquerda, diretamente da aorta; elas passam pela parte frontal do pescoço e cada uma delas divide-se em duas, os ramos (artéria cerebral anterior e média) irrigando os lobos frontal, parietal e temporal. As duas artérias anteriores do cérebro unem-se anteriormente através da artéria comunicante anterior, formando a parte anterior do círculo de Willis. Esta proteção significa que a estenose grave ou mesmo a oclusão de uma das artérias carótidas internas normalmente não ocasiona AVC, uma vez que o sangue passa da direita para a esquerda (ou vice-versa) através da artéria comunicante anterior.
Há duas outras artérias, conhecidas como vertebrais que são menores que as carótidas internas e são ramos dos vasos subclávios. Seu trajeto é em direção ao pescoço através dos forames nos processos transversos das vértebras cervicais e se anastomosam anteriormente ao tronco encefálico, para formar a artéria basilar. Os ramos dessa artéria irrigam a medula oblonga (bulbo), a ponte, o cerebelo e o mesencéfalo.
Tipos de AVC
O conhecimento da anatomia funcional do cérebro é essencial para compreender o efeito do AVC no paciente. Os déficits motores estão relacionados com a área de lesões, independente da causa, por exemplo, isquemia ou hemorragia.
AVC Isquêmico: É a causa mais comum, representando 80% dos casos de AVC, é a obstrução de uma das artérias cerebrais importantes ou de seus ramos que vão para partes mais profundas do cérebro.
Esta obstrução ou oclusão da artéria ocorre devido a um ateroma na artéria ou a presença de êmbolos secundários que são transportadores do coração ou dos vasos do pescoço. O paciente nem sempre perde a consciência, mas queixa-se de cefaléia e a hemiplegia inicialmente é flácida, mas depois de alguns dias observa-se a presença da espasticidade.
AVC Hemorrágico: Somente 9% dos AVC são causados por hemorragias, em geral, o paciente é hipertenso (que favorece a formação de microaneurismas cerebrais). O início é quase sempre marcante, com forte cefaléia, vômitos e perda da consciência. O AVC hemorrágico promove um aumento súbito da pressão intracraniana, sendo o prognóstico inicial grave e melhorando quando o hematoma é reabsorvido.
Hemorragia Subaracnóide: A hemorragia subaracnóide é o sangramento no espaço subaracnóide, que é decorrente de ruptura de um aneurisma e o local mais comum é a região da artéria comunicante anterior. Sua etiologia esta correlacionada com malformações cerebrais congênitas e acomete populações jovens.
O paciente queixa-se de cefaléia súbita e intensa, associada com vômitos e rigidez cervical, 10% irão a óbito nas primeiras duas horas e dos sobreviventes 40% morrem nas duas primeiras semanas.
Crises isquêmicas transitórias: A crise isquêmica transitória refere-se a um AVC do tipo síndrome, cuja recuperação é completa dentro de 24 horas. A sintomatologia irá depender da região cerebral afetada, evoluem rapidamente e se resolvem de modo mais gradual.
Sintomatologia
Os sintomas irão depender de qual área do córtex cerebral foi afetada, para melhor esclarecimento estaremos dividindo os sintomas através de sua vascularização.
Artéria cerebral média: Irriga maior parte da face súpero-lateral e estruturas importantes profundamente (núcleos da base). Quando acometida há uma densa hemiplegia contralateral que afeta face, membro superior e membro inferior, podendo estar associado a graves distúrbios da linguagem (quando é afetado hemisfério cerebral esquerdo). É a artéria mais acometida.
Artéria cerebral posterior: Irriga o lobo ocipital e parte medial do lobo temporal e seus sintomas estão relacionados com os distúrbios visuais, cegueiras e memória.
Artéria cerebral anterior: Irriga a região medial do lobo frontal e uma faixa parassagital do córtex que se estende atrás do lobo occipital. Sua oclusão pode causar monoplegia contralateral do membro inferior, perda sensorial e alterações do comportamento.
Artéria vertebral e artéria basilar: Irrigam o tronco encefálico, as oclusões destas artérias irão apresentar a sintomatologia mais grave, pois haverá isquemia nos núcleos dos nervos cranianos. Caso o paciente sobreviva a esta oclusão, ele ficará incapacitado por paralisia dos nervos cranianos com tetraplegia espástica e perda sensorial.
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por Colunista Portal - Educação
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