Fisioterapia e atividades lúdicas

A brincadeira é um recurso que contribui para o desenvolvimento
A brincadeira é um recurso que contribui para o desenvolvimento

Fisioterapia

22/02/2013

A criança com doença neuromuscular não vivencia experiências tanto pela sua limitação como por falta de estímulos ambientais que agravam seu atraso. Por isso, a brincadeira é um recurso que contribui para o desenvolvimento de habilidades motoras, perceptivas, visuais, socais e cognitivas.

O tratamento da criança com distúrbio neurológico tem o intuito de estabelecer ou restabelecer a função do movimento, ensinando a criança, especialmente pela promoção de experiências motoras adequadas, mediando seu desenvolvimento. Assim, são aspectos relevantes no tratamento a motivação, a vontade e o brincar. Além disso, no tratamento dessas crianças deve-se buscar que ela consiga fazer e executar ações, sendo as atividades lúdicas fundamentais a essas ações.

A manifestação do lúdico no atendimento à criança pode apresentar caráter terapêutico. Uma única atividade lúdica pode oferecer diversas funções, como promover melhor interação criança/ terapeuta e contextualizar o movimento desejado. É possível associar o brincar e suas funções ao procedimento ou manuseio que desenvolve vários aspectos motores, dessa forma potencializar e tornar o atendimento mais dinâmico.

O objetivo do lúdico no atendimento à criança é pontual: favorecer o desenvolvimento físico e motor. A criança precisa envolver-se na atividade proposta e os brinquedos são atrativos para uma resposta mais ativa durante as terapias, que devem gerar prazer para se obter resultados eficazes e produtivos.

Assim, o atendimento deve ressaltar as necessidades da criança, levando em consideração sua individualidade e suas possibilidades de aprendizagem. Para isso, proporcionar experiências adequadas e atividades planejadas, torna o atendimento motivador e capacita a criança a participar ativamente do mundo em que está incluída. O lúdico torna-se, então, elemento fundamental no tratamento de crianças com doença neuromuscular.

Sendo assim, acreditamos que o jogo e a brincadeira possam trazer oportunidades à essas crianças de satisfazer uma série de necessidades e façam emergir valores como curiosidade, auto aceitação e contatos sociais. Além disso, as atividades lúdicas são recursos que podem facilitar o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas.

O papel do brincar no desenvolvimento da criança é uma condição saudável do processo neuroevolutivo, uma manifestação das formas de organização da realidade da criança, uma introdução gradual e prazerosa ao universo sociocultural e histórico, uma base ao processo de ensino e aprendizagem. O brincar é um meio de exploração de várias experiências em diversas situações, com determinados fins.

A brincadeira é o meio pelo qual a criança aprende e constitui uma válvula de escape para a necessidade inata de atividade. O lúdico é um facilitador para a interação com o meio, uma ferramenta que permite a inserção da criança na cultura e através do qual é possível relacionar as vivências internas com a realidade externa.

Há quatro aspectos que explicam a atividade lúdica da criança: por prazer, para expressar a agressividade, para dominar a angústia e para estabelecer contatos sociais.

Em todas as idades, o brincar é realizado por puro prazer e diversão, criando uma atitude alegre em relação à vida e à aprendizagem. Isso certamente é uma razão suficiente para valorizar o brincar.

O brincar para expressar sua agressividade, envolveria satisfação das pulsões destruidoras através da fantasia que subentende suas atividades. A agressividade e as pulsões destruidoras exprimem-se de modo simultâneo através do brinquedo. A criança busca resolver a angústia de situações conflituosas brotadas num mundo real na fantasia do brinquedo e, através dele, é possível afrontar, questionar, negar situações reais e adversas.

A brincadeira presume uma aprendizagem social: as formas, o vocabulário típico, as regras, as habilidades específicas requeridas para cada brinquedo, os tipos de interações condizentes.

Enquanto o processo de desenvolvimento mental ocorre vão se estabelecendo três sistemas de jogos: de exercício, simbólico e de regras. O jogo de exercício é constituído pela repetição dos movimentos do corpo pelo simples prazer de movimentar-se. Os jogos simbólicos são regidos pela reação individual da criança a estímulos externos. Já o jogo de regras constrói relações sociais e promove o ensino de regras.

Brincar faz parte do desenvolvimento normal da criança. O recém-nascido brinca ou exercita seus potenciais sensoriais num circuito: intenção-ato-efeito.

O significado que as crianças e os adultos empregam ao brinquedo é distinto. Para o adulto, o brinquedo muitas vezes significa conquista de algo que no passado não lhe foi acessível e, munido de força palpável, pode através do brinquedo fazer o “mundo vergar a seus pés”. O adulto faz um movimento que se direciona de fora para dentro. Exatamente o contrário da criança, pois ao manipular o brinquedo procura projetar-se no mundo, abrir-se para a conquista. Trata-se então de um movimento de dentro para fora.

A brincadeira infantil é uma forma de compreender o mundo e as ações humanas nas quais está inserida, uma atividade dominante na infância pela qual esta começa a aprender. Na atividade conjunta, a criança e a mãe podem interagir num contexto promotor do desenvolvimento emocional e de capacidades sociocognitivas.

A importância do uso do objeto brinquedo é desenvolver as habilidades dentro do meio ambiente, o ajuste espacial e o ajuste temporal da criança, que aprende, constroi e executa através do ato de brincar.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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