O Treinamento Resistido em Idosos

Qualidade de vida para os idosos
Qualidade de vida para os idosos

Fisioterapia

30/08/2013

I- Introdução
Fazer musculação ainda é uma prática que nos dá uma ideia de corpos musculosos e vigorosos, embora existam mudanças nesta visão. A prática de musculação ou da atividade localizada com sobrecarga vem crescendo entre as pessoas acima de 60 anos, inclusive sendo recomendada por profissionais da área da saúde. (1)

A musculação não deve ser indicada apenas para casos de doenças, isto é, o fato é que até mesmo pessoas idosas sadias, sem nenhum problema de saúde, têm dificuldade para se levantar de uma cadeira, de uma cama ou subir uma escada. Isto quer dizer que estas pessoas estão com o sistema muscular comprometido, sem capacidade de desenvolverem o mínimo de força para elevarem o peso do próprio corpo. (2)

Alguns estudos demonstram que através do treinamento de força pode-se aumentar a agilidade de pessoas idosas, ou seja, melhorar a capacidade destas pessoas em realizar deslocamentos alterando seu centro de gravidade, e a partir daí, incrementar seu equilíbrio, possibilitando, a estes idosos realizarem com segurança os movimentos do dia a dia. (1,3)

O envelhecimento é um processo único e inevitável, caracterizado pela redução gradativa da capacidade dos vários sistemas orgânicos em realizar eficazmente suas funções e muito desta redução associada ao processo de envelhecimento pode ser resultado do estilo de vida dos indivíduos, e não apenas uma característica própria e inevitável deste processo. (4)

Tendo em vista um crescente número de idosos nos últimos anos, o treinamento resistido vem como um importante aliado para o fortalecimento da musculatura e a melhoria do equilíbrio e do tempo de resposta, antes que o indivíduo retome as atividades mais exigentes do ponto de vista físico. (5)

O envelhecimento pode ser visto de duas formas: idade cronológica e idade biológica. Na idade cronológica os anos de vida de uma pessoa podem ser divididos em idade: jovem, média e avançada, enquanto que a idade biológica é baseada na aptidão física e no estado de saúde, sendo avaliada por parâmetros como captação máxima de oxigênio, força muscular e flexibilidade. Comparando a idade cronológica com a idade biológica nota-se que a mesma pode ser alterada com um programa regular de condicionamento físico, sendo assim, podemos encontrar pessoas com 65 anos de idade cronológica com aparência de 45 anos de idade biológica, graças à ação de um treinamento de força regular. O envelhecimento não é simplesmente o passar do tempo, nem deve ser visto como uma doença, mas sim como um processo natural de eventos biológicos que ocorrem ao longo dos anos. Infelizmente qualquer coisa nesse planeta envelhece, não somente os seres humanos, sendo assim, devem-se encarar o envelhecimento de forma natural, pois o mesmo tem sido definido como uma perda progressiva das capacidades fisiológicas, levando fatalmente à morte, mesmo assim essas causas permanecem relativamente obscuras. Na verdade nada pode ser feito para impedir o envelhecimento, apenas retardar esse processo que varia entre os indivíduos. (6)

Estudiosos afirmam que o processo de envelhecimento se inicia a partir do nascimento, e a velhice se dá quando o indivíduo perde a capacidade de adaptação ao meio ambiente, devido à perda das capacidades funcionais, tornando-o vulnerável a lesões físicas e processos patológicos. O envelhecimento não é um processo único, mas um agregado de vários fatores que incluem os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Envelhecimento biológico é caracterizado por transformações progressivas e irreversíveis, onde o catabolismo é maior que o anabolismo, dentro dessas transformações se destaca a diminuição dos seguintes fatores: frequência cardíaca máxima, débito cardíaco máximo, capacidade vital, força muscular, flexibilidade, tolerância a glicose, massa livre de gordura, coordenação e função neuromuscular, aumentando os fatores, pressão arterial de esforço e repouso e percentual de gordura, acrescentando o risco de osteoporose. (7)

O envelhecimento psicológico é evidenciado por um processo dinâmico, extraordinário e complexo influenciado por fatores individuais que se inicia com um declínio lento e acentuado das habilidades que o indivíduo desenvolvia anteriormente como, aceitação ou recusa da situação de velho, aceitação ou rejeição pelo meio, atitude hostil ante o novo, diminuição da vontade das aspirações e da atenção, enfraquecimento da consciência, apego ao conservadorismo, deteriorização da memória, anomalias do caráter; desconfiança, irritabilidade e indocilidade, estreitamento da afetividade. (8)
O envelhecimento social é caracterizado pela idade que não significa apenas um espaço de tempo, mas uma categoria, uma atividade socioeconômica, modo diferente de vida, características pessoais, objetivos e conflitos de natureza variável, sentimentos, positivos e negativos como: isolamento social, situação econômica critica, insegurança social, estado de saúde insatisfatório, ruptura com a vida profissional e perda concomitante da função e do status social. (8)

A força é o fator mais importante para as capacidades funcionais, pois, o declínio dela está relacionado com a redução da massa muscular, e pode avançar até que a pessoa não possa realizar atividades comuns da vida diária. Em condições normais o desempenho de força atinge seu pico por volta dos 20 aos 30 anos de idade, permanecendo relativamente estável ou com ligeira diminuição nos 20 anos seguintes, mas a partir dos 60 anos apresenta uma diminuição mais acentuada, sendo mais dramática nas mulheres, portanto, a diminuição da força está diretamente relacionada ao sexo e a músculos específicos, preferencialmente nos membros inferiores. As primeiras causas que levam à redução da força é a perda da massa magra, sendo constituídos por água, vísceras, ossos, tecido conectivo e músculos que é dentre esses o que sofre maior perda com o envelhecimento, pois estão associados à diminuição no nível de atividade física do idoso, fatores nutricionais, hormonais, endócrinos e neurológicos. (2,8)

Como fator preocupante dentre idosos tem-se a sarcopenia (termo que denota a extrema perda muscular) fazendo com que idosos fiquem frágeis e incapazes de realizarem muitas, ou todas as tarefas da vida diária. É fato que uma combinação de um regime alimentar inadequado e falta de força criam um ciclo vicioso de progressiva inatividade física e acelerada perda muscular à proporção que os mesmos enfraquecem, constata-se uma diminuição do comprimento da passada, desaceleração da velocidade de caminhada e declínio progressivo na carga que os músculos conseguem erguer. (9)

A sarcopenia varia de acordo com o tipo de contração muscular, tendo uma redução maior nas contrações concêntricas do que nas excêntricas, ou seja, o idoso tem maior vantagem em movimentos que os músculos se alongam do que naqueles que os músculos se encurtam; do mesmo modo, há uma hipotrofia preferencial nas fibras musculares do tipo II (de contração rápida), enquanto que a fibra do tipo I (de contração lenta) permanece menos afetada, isso explica os motivos de "queda" em idosos, pois as fibras do tipo II são de respostas rápidas (velocidade de reação) às urgências do dia-a-dia. Havendo assim, uma necessidade de um programa adequado de fortalecimento dos músculos em idosos. (9)

A hipotrofia muscular ocorre em duas fases: na primeira, dos 24 aos 50 anos perde-se 10% da área total transversa do músculo; na segunda, dos 50 aos 80 anos, perdem-se outros 30% da área original, as fibras musculares perdidas podem ser resultado de alterações neurológicas, onde há uma perda do contato entre o músculo e o nervo, que tem sido descrita como uma diminuição no número de unidades motoras operantes e dos neurônios motores da medula espinhal com subsequente degeneração dos seus axônios essas alterações no processo neurogênico começam por volta dos 50 anos de idade, onde o processo de renervação é diminuído, e as fibras ficam totalmente desenervadas, e os músculos passam por um processo contínuo de denervação e reinervação, se tornando um processo compensatório, com maior intensidade após os 60 anos, à medida que o processo neurogênico continua mais e mais aumenta o número de fibras musculares desenervadas que são substituídas por gordura e tecido conjuntivo fibroso. (4,7)

A força é um fator importante para as capacidades funcionais, e com o envelhecimento a fraqueza dos músculos pode avançar até que uma pessoa não possa realizar atividades comuns da vida diária. Sendo a força um aspecto importante, podemos dizer que o treinamento de força possa ser uma excelente atividade para pessoas no processo de envelhecimento. O treinamento de força também conhecido como treinamento com pesos ou treinamento com cargas, tornou-se uma das formas mais conhecidas de exercício, tanto para o condicionamento de atletas como para melhorar a forma física de não atletas. (2,3)
O treinamento de força abrange uma grande variedade de tipos de treinamento, e normalmente é utilizado para se referir ao treinamento com resistência normal usa pesos livres ou equipamentos com pesos. As pessoas que participam de um treinamento de força esperam que o programa produza alguns benefícios, tais como aumento do tamanho dos músculos, melhor desempenho esportivo, crescimento da massa livre de gordura e diminuição da gordura do corpo. Um programa de treinamento de força bem planejado e executado de forma consistente pode produzir estes e outros benefícios, chegando a produzir mudanças na composição corporal, na força muscular e no desempenho motor e provocar hipertrofia muscular. Para que essas alterações sejam otimizadas, é fundamental conhecer alguns princípios básicos como: repetição, série, repetição máxima, potência, ações musculares, intensidade, volume de carga e periodização. (2,4)

A repetição é um movimento completo de um exercício. Normalmente consiste de duas fases: a ação concêntrica do músculo, ou o levantamento da carga, e a ação excêntrica do músculo, ou o retorno da carga a posição inicial. (11)

A série é um grupo de repetições desenvolvido de forma contínua sem interrupções. Embora, uma série possa ser completada com qualquer número de repetições, as séries em geral são de uma a quinze repetições. (1,5)

A repetição máxima (RM) é o número máximo de repetições por série que se pode executar com uma determinada carga, usando-se a técnica correta. Assim, uma série com uma dada RM significa que é executada até a fadiga voluntária momentânea. Uma RM é a carga mais pesada que possa ser usada para uma repetição completa de um exercício. (1,8)

A potência é a velocidade em que se desempenha o trabalho. Potência em uma repetição é definida como o peso levantado multiplicado pela distância vertical em que o peso é deslocado, dividido pelo tempo necessário para completar a repetição. (2,5)

Força muscular é a quantidade máxima de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em um padrão específico de movimento em uma determinada velocidade de movimento. (2,5)

A ação muscular concêntrica é realizada quando um peso está sendo levantado e os músculos envolvidos normalmente estão se encurtando. Durante uma ação muscular concêntrica, ocorre o encurtamento do músculo e, por isso, a palavra contração descreve corretamente este tipo de ação muscular. (7,9)

A ação muscular excêntrica ocorre quando um peso está sendo abaixado de forma controlada e os músculos envolvidos estão se alongando também de uma maneira controlada. (2,5)
A ação muscular isométrica ocorre quando um músculo é ativado e desenvolve força sem causar movimento numa articulação. Isto pode acontecer quando um peso fica seguro imóvel ou quando é muito pesado para ser levantado a uma altura maio. (2,5)

As ações musculares voluntárias máximas parece ser a maneira mais efetiva para melhorar a potência muscular. Isto não significa que a carga máxima possível para uma repetição completa (1 RM) deva ser levantada pelo indivíduo. Desempenhar ações musculares voluntárias máximas significa que o músculo deve se mover com tanta carga quanto o seu nível de fadiga no momento permitir. A força que um músculo parcialmente fatigado, pode gerar durante uma contração muscular voluntária máxima não é tão grande quanto à de um músculo descansado. A última repetição em uma série antes que ocorra a extensão é deste modo, uma ação muscular voluntária máxima. (1,5)

Intimamente relacionada às ações musculares voluntárias máximas estão à intensidade e a produção de potência do treinamento. A potência pode ser aumentada em alguns exercícios através do uso de uma carga mais pesada e de repetições na mesma velocidade e em outros exercícios pelo levantamento ou deslocamento de uma mesma carga numa velocidade maior. Quanto mais à velocidade se aproximar da velocidade máxima na qual a carga possa se mover maior será a potência, isto é verdadeiro tanto para os exercícios mono articulares como para os multiarticulares. O aumento da potência de um exercício através do aumento da velocidade do movimento é importante quando o objetivo principal é aumentar a produção de potência do músculo e não apenas sua capacidade de levantar cargas máximas. A intensidade de um exercício pode ser avaliada como um percentual de uma RM ou qualquer RM para o exercício. A intensidade mínima que pode ser usada para executar uma série até a fadiga voluntária momentânea que possa resultar em um aumento da força muscular é de 60 a 65 % de 1 RM, isto significa que executar um grande número de repetições com uma carga muito leve não trará nenhum ganho de força muscular. (1,5)

O volume de treinamento é medido pela quantidade total de trabalho realizado em uma sessão de treinamento em uma semana, um mês ou em qualquer outro período de treinamento. A frequência (número de sessões de treinamento por semana, mês ou ano), e a duração (extensão de cada sessão de treinamento) têm um reflexo direto sobre o volume de treinamento. A maneira mais simples de calcular o volume é somar o número de repetições realizadas em um período específico de tempo de treinamento, tal como uma semana ou um mês. (1,5)

A periodização é a variação no volume de treinamento e na intensidade é extremamente importante para melhorar os ganhos de força o uso de diversos exercícios para variar os estímulos de condicionamento de um determinado grupo muscular também é um meio valioso de assegurar melhoras contínuas na força muscular. A periodização é necessária para a obtenção de ganhos em potência e força. (2,5)

A sobrecarga progressiva ou resistência progressiva se refere à prática de aumentar continuamente o nível de exigência sobre o músculo à medida que ele se torna capaz de produzir mais força ou tenha mais resistência o início de um programa de treinamento a 5 RM na rosca direta pode ser feito com 23 Kg, um estímulo suficiente para produzir aumento de força. Com a sequência do programa de treinamento, cinco repetições de 23 Kg não serão mais um estímulo suficiente para produzir novo ganho de força, porque o indivíduo pode realizá-las com facilidade, consequentemente, este estímulo não é mais de 5 RM. Se o estímulo do treinamento não é aumentado neste momento, não ocorrerão mais progressos em termos de ganho de força muscular. (2,5)
O período de descanso é a recuperação entre as séries de um exercício, e entre as sessões de treinamento é um fator importante para o sucesso do programa. Os períodos de descanso permitidos entre as séries e entre os exercícios durante uma sessão de treinamento são em grande parte determinados pelos objetivos do programa de treinamento. Os períodos de descanso entre séries e exercícios, a carga usada e o número de repetições realizadas por série e exercícios, a carga usada e o número de repetições realizado por série, tudo afeta o planejamento e os objetivos de um programa. (2,5)

Os princípios fundamentais do planejamento de um programa de treinamento de força são os mesmos, não importa qual a idade dos participantes. Devido às variações na capacidade funcional de muitos indivíduos mais velhos, o melhor programa é individualizado para atender as necessidades biológicas, diárias e sociais, onde em cada pessoa tem sido mostrado que o exercício de força de alta intensidade (80% de 1 RM) pode ser tolerado e resulta em adaptações positivas em adultos jovens. É possível que a recuperação de uma sessão de treinamento demore mais, e o uso de intensidade variadas em um formato periodizado possa permitir adaptações mais apropriadas. Inicialmente os idosos podem necessitar de um treinamento para provocar adaptações musculoesquelético para desenvolver um programa de treinamento de força é necessário um pré-teste e avaliação, estabelecimento de objetivos, planejamento de um programa e desenvolvimento de métodos e avaliação. Em adultos jovens o treinamento de força deve ser parte de um estilo de vida que desenvolve o condicionamento físico em caráter permanente, e assim a reavaliação contínua dos objetivos e do planejamento do programa é necessária para obter resultados ótimos e a manutenção do interesse, e de suma importância a apresentação aprovação do médico. (1,5)

A escolha do exercício varia quando se trabalha com pessoas idosas do mesmo modo que para todos os principais grupos musculares deve ser incluído no programa. O equipamento usado tem que se ajustar ao indivíduo, e a carga deve se adaptar à sua capacidade funcional. Os programas podem ser realizados com os aparelhos de força, pesos livres, faixas elásticas, etc. Deve ser trabalhada a amplitude de movimento de forma que o indivíduo tenha total controle sobre a carga, apesar de usar a amplitude completa de movimento em um exercício, os adultos mais velhos podem necessitar suplementá-la com exercícios de treinamento específico de flexibilidade. (1,5)

A ordem de exercício normalmente se dá aos grandes grupos musculares no início da sessão de treinamento, isto reduz a fadiga e permite exercícios com mais intensidade ou cargas maiores nos grandes grupos musculares nas extremidades inferiores (por exemplo, pressão de pernas e agachamento), e superiores (por exemplo, supino e remado sentado), deve ser uma prioridade importante em um programa para idosos. (3,5)

O descanso entre as séries e exercícios deverá ser determinado pelas demandas metabólicas da sessão de treinamento de força. Como ativação do tecido muscular depende da carga e da quantidade total do trabalho realizado, a duração dos períodos de descanso deve ser consistente com os objetivos do programa. A quantidade de descanso também é determinada pelas condições médicas do indivíduo. (2,5)

O número de séries depende do volume a ser trabalhado, e inicialmente o volume é baixo. Programas de série única são normalmente usados nas fases iniciais ou quando a tolerância de uma pessoa ao exercício é baixa. No princípio do treinamento de força progressivo, o volume é aumentado pelo aumento do número de séries, assim que o músculo começa a tolerar um volume mais alto de exercício. (2,5)
A carga utilizada é a quantidade de carga que pode ser utilizada por idosos que é de pelo menos 80% de 1 RM. A carga precisa ser cuidadosamente avaliada para que aumentos ótimos ocorram. Treinamento com cargas mais leves (50 a 60% de 1 RM) resulta em aumentos maiores em 1 RM de mulheres mais velhas do que o treinamento com carga mais pesada. (12,5)

O número de repetições é a carga mais usada e o número de repetições realizadas afetam as adaptações de treinamento em todas as populações, incluindo os idosos. Deve-se tomar cuidado com as séries realizadas até a falha concêntrica, pois resulta em pressões sanguíneas e frequências cardíacas mais altas do que uma série não realizada até a falha. (2, 5, 14)

O treinamento de força tem se mostrado um dos mais seguros e eficientes exercícios para a pessoa no processo de envelhecimento, desde que bem orientado, por tanto se nota um aumento exacerbado de idosos praticantes de treinamento de força, onde buscam obter uma melhor qualidade de vida e saúde, bem como obter força para as realizações das atividades diárias e independência, assim como o bem estar. Estudos recentes afirmam que os ganhos iniciais de força ocorrem por adaptações nervosas, com uma pequena hipertrofia muscular, que é um pouco limitada em pessoas idosas, essa limitação quando comparada com a dos jovens acredita-se que possa ser devido à diminuição nos níveis do hormônio masculino testosterona, relacionado à idade. (10) Através de estudos de um regime de treinamento de força de baixa intensidade produz resultados limitados, o que levou a concluir que os idosos têm baixa capacidade de reagir ao treinamento de força que os mais jovens. (2)

Analisaram então um programa de treinamento de intensidade mais alta e assim puderam concluir que a capacidade de aumentar a força em pessoas idosas está preservada, e que a musculatura esquelética tem uma capacidade reduzida para a hipertrofia, que foi analisado através de métodos indiretos, consistindo em determinar a circunferência dos membros e a medida da dobra cutânea para estimar o tamanho do músculo. (12,5)

Outro estudo mostrou que o treinamento de um grupo de idosos sedentários (de 60 a 72 anos) usando um regime de treinamento de força de alta intensidade (três séries de oito repetições a 80% de 1 RM, 3 dias por semana durante 12 semanas), estes idosos demonstraram substanciais ganhos em força (até 200% de aumento em 1 RM), e a tomografia computadorizada e a análise da biópsia dos músculos mostraram evidências de hipertrofia muscular, sendo observado um aumento na área das fibras do tipo II, sem mudança significativa na área das fibras do tipo I, confirmando assim, que o treinamento de força de alta intensidade é seguro para esta população e produziu aumentos significativos em força muscular, sem aumento relevante no tamanho do músculo, reforçando ainda mais a hipótese de que o aumento da força muscular ocorre devido às readaptações neurais. (13, 5)

Este trabalho teve como alvo um estudo de caso objetivando analisar os efeitos do treinamento de força no sistema muscular do idoso.
II – Materiais e Métodos
Foi realizado um estudo de caso no ACR no município de São Gonçalo com três idosos do sexo masculino com 65 anos, 72 kg e 1,56 m; 74 anos, 61 kg, 1,69 m e 83 anos, 61 kg e 1,60 m, respectivamente com sinais de fraqueza muscular e propensão a quedas.

Foram encaminhados à Fisioterapia e assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando o uso de seus dados para fins científicos.

Foram utilizados neste estudo:
Fichas com dados dos pacientes para verificar ganho de força muscular de membros superiores e dos membros inferiores.
Maca comum para posicionar pacientes e realizar manobras articulares e alongamentos dos grupamentos musculares do corpo.
Cadeira comum para mudanças de posturas e auxiliar das atividades de fortalecimento.
Kinesio Tape para alongamentos e liberação miofascial.
Extensor de braços e pernas da marca (JCV) para treinamento de força muscular e evolução proprioceptiva.
Colchonete da Ortobon para apoio e propriocepção.
Bola suíça para trabalho aeróbico, de equilíbrio, fortalecimentos e proprioceptivo.

Os procedimentos para coleta de dados foram feitos num primeiro momento com a avaliação e após a seleção da amostra os indivíduos foram colocados em uma maca na posição de decúbito dorsal pernas estendidas e os membros superiores apoiados também sobre a maca, cada fisioterapeuta ficou em pé ao lado dos indivíduos orientando-os sobre a mensuração e aplicação da técnica.

Foi realizado o teste de força muscular por eficiência dos músculos de membros superiores e inferiores conforme tabela I de graduação de força.

Ao treinamento foram procedidos com Kinesio Tape e pacientes sentados com membros superiores e inferiores apoiados sobre a cadeira e usamos a técnica estímulos das fáscias e musculares por um tempo de 10 minutos.

Os alongamentos foram sempre feitos antes e após cada sessão de treinamento muscular para evitar desconfortos, dores e lesões.

Na maca foram feitos manobras de artrocinemática e osteocinemática para preparar para o ganho de força muscular. Após foi realizado movimento ativo resistido para se obter melhora do tônus muscular. Foram realizadas de 2 a 5 séries de 10 a 15 repetições.
Foram feitos elevações na ponta dos pés e mudando a atividades conforme adequação e adaptação aos exercícios, sempre tendo em mente o fortalecimento de pernas, coxas e glúteos – os músculos responsáveis pelo andar, manter de pé, sentar e subir e descer escadas.

Em seguida fizemos o fortalecimento muscular dos membros inferiores e superiores contra a resistência elástica dos extensores da marca (JCV) tanto na cadeira como na maca e em posição ortostática.

No colchonete realizamos propriocepção de baixo impacto no solo fazendo primeiro o trabalho de cinesioterapia com exercícios assistidos e seguidos por resistidos sem carga e após com carga.

Foram feitos também atividades de lateralidade, fortalecimento de tronco e de curtas corridas laterais para direita e para esquerda.

O movimento de aceleração/desaceleração se inicia posteriormente devidos serem os movimentos que mais exigem da musculatura do idoso.

Com a bola suíça paciente sentado sobre a bola fez giros laterais, frente e trás com a região pélvica e o tronco para trabalhar o fortalecimento e a propriocepção.

Os extensores de braços e pernas (JCV) também foram usados na manutenção da extensão e flexão de joelhos estando deitado em decúbito dorsal e variando as posições.

Na variável analisada, grau de força muscular, foi realizado com uma primeira aferição da mesma no primeiro dia, logo após, foi iniciado o treinamento e adaptação ao protocolo proposto aos indivíduos, seguindo-se mensalmente a aferição da variável para registro em ficha e verificar alterações dos padrões mensurados de membros inferiores e superiores e a comparação dos dados.

Na fase final do treinamento muscular foram mantidos os alongamentos, os exercícios graduados com maior intensidade e maior duração em cada sessão para se obter uma eficiência do trabalho de fortalecimento muscular e o ganho de potência muscular com trabalhos de aceleração/desaceleração conforme dose e resposta de cada um dos idosos.

Foram feitas as anotações quinzenais do grau de força muscular dos idosos por um período de 2 meses.

Após 2 meses de tratamento pacientes receberam orientações a dar continuidade à fisioterapia permanecendo o trabalho de musculação e propriocepção para maior segurança e autonomia dos idosos. A avaliação proprioceptiva não foi realizada por ser uma avaliação subjetiva.
III – Resultados
O resultado analisado neste estudo foi Grau de Força Muscular em membros superiores e inferiores nas tabelas II e III. Observamos um ganho gradual no período de 2 meses de treinamento resistido em idosos. Os resultados demonstraram ganho de força muscular progressivo em cada etapa.


IV – Discussão

Segundo Baechle e Westcott (2001), o treinamento resistido bem orientado permite que homens e mulheres com mais de 50 anos de idade ganhem músculos.

Robergs e Roberts (2002) enfatizam que o exercício físico regular reverte as alterações adversas da composição corporal, normalmente apresentada pelas pessoas mais idosas, ou seja, o exercício preserva a massa corporal magra, minimiza os estoques de gordura e estimula a síntese protéica, corroborando com o pensamento de Baechle e Westcott (2001).

Shephard (2003) realizou um programa de treinamento resistido de alta intensidade (acima de 60% de 1 RM) com cem indivíduos idosos. Os indivíduos foram divididos em grupo de controle e grupo de exercício. O programa resultou em significativos ganhos de força e de capacidade funcional, além de um aumento da atividade espontânea (medida através de monitor de atividade), nos idosos que participaram do programa, enquanto que no grupo de controle, não houve mudança.

Guedes (2003) concluiu que o exercício pode minimizar ou reverter à síndrome da fragilidade física, que é tão prevalecente entre os mais idosos.

Comparando nosso estudo com Westcott (2001) verificamos que em 2 meses foi suficiente para se obter um resultado expressivo no grau de força muscular dos idosos.

Corroborando com Robergs (2002) obtivemos gradualmente um ganho na massa muscular conforme os estudos sugerem no período de 60 dias.

Quando comparado aos autores podemos perceber que conseguimos demonstrar que o grau de força muscular dos idosos foi conseguido gradativamente com o treinamento resistido tanto para o músculo do quadríceps como para o bíceps, que foi dado em um período de 2 meses, porém não descartamos a hipótese de que há eventuais formas distintas e mais apuradas para que o estudo seja mais significativo e revele maiores detalhes sobre o evento do ganho de força muscular.


V – Conclusão
Concluiu-se que a partir da realização do presente estudo, e de acordo com os diversos referenciais consultados, foi possível constatar a eficácia gradual de um programa de treinamento resistido nos indivíduos idosos.

Este estudo mostrou que um programa de treinamento de força bem elaborado e orientado pode resultar em inúmeros benefícios para o sistema muscular dos idosos dentre eles estão; o aumento de força muscular, pequeno aumento da potência muscular, aumento das fibras musculares, pequeno aumento da área de secção transversal, diminuição dos níveis de dor muscular, diminuição da gordura intramuscular, melhorias dos fatores neurais, diminuição de lesões causadas por quedas, aumento da capacidade funcional, melhoria da postura geral, aumento da agilidade e aumento da resistência, esta relação de benefícios tende aumentar conforme os estudos forem evidenciando melhorias para a qualidade de vida do idoso.

Tem-se, como sugestão, propor-se um novo estudo que possa mensurar os resultados a partir de um estudo mais extenso, visto que o presente consistiu de um estudo de caso em local específico, daí então a necessidade de se comparar novas amostras e em distintos locais para se obter resultados mais visíveis e expressivos.
Referências

1. Andrade, E. Luiz; Matsudo, S. M.; Matsudo, V. K. R.; Exercícios com pesos para mulheres idosas. Revista brasileira de atividade física & saúde v.2, n.4, pág. 17-26, 1997.

2. Matsudo, S. M. M. Avaliação do Idoso – Física e Funcional. Londrina: Midiograf, 2000. p 23-26

3. Raso, V.; Andrade, E. L.; Matsudo, S. M.; Matsudo, V. K. R.; Exercício aeróbio ou de força muscular melhora as variáveis da aptidão física relacionadas à saúde em mulheres idosas? Revista brasileira de atividade física & saúde v.2, n.3, pág. 36-49, 1997.

4. Monteiro, W. D.; Amorim, P. R. S.; Farjalla, R.; Farinatti, P.T.V.; Força muscular e características morfológicas de mulheres idosas praticantes de um programa de atividades físicas. Revista brasileira de atividade física & saúde v.4, n.1, pág. 33-37, 1999.

5. Fleck, S. J; Kramer, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul Ltda., 1999. p 45-48.

6. Robergs, A. R; Roberts, S. O. Princípios fundamentais de fisiologia do exercício: para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte, 2002. p 87-91.

7. Meirelles, M. E. A. Atividade física na terceira idade. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p 76-79.

8. Raso, V.; Matsudo, S.; Matsudo, V.; Andrade, E.; Efeito de três protocolos de treinamento na aptidão física de mulheres idosas. Gerontologia: 162-170, 1997.

9. Shephard, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003. p 124-128.

10. Fleck, S. J; Kramer, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas Sul Ltda., 1999. p 89-92.

11. Matsudo, S. M. M. Envelhecimento e atividade física. Londrina: Midiograf, 2001. p 45-49.

12. Campo, M. A. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. p 56-59.

13. Dantas, E. H. M. Flexibilidade alongamento e flexionamento. 4 ed. Rio de Janeiro: Shape, 1999. p 65-70.

14. Guedes, D. P.; Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício. Treinamento de força. São Paulo: Ed. UFSP, 2003. p 45-49.

15. Baetchle, T.; Westcott, W. Treinamento de força para a terceira idade. Barueri – SP: Manole, 2001. p 99

16.Robergs, R. A. E. Princípios fundamentais de fisiologia de exercício para a aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte, 2002. p 65.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Adriano Guilhermino Machado

por Adriano Guilhermino Machado

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