Relação das disfunções temporomandibulares com a postura
Os pacientes podem apresentar dor na articulação e nos músculos craniocervicofaciais
Fisioterapia
11/01/2014
"O esqueleto pode ser definido como um conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo humano e desempenhar diversas funções (Dangelo e Fantini, 2000)".
O sistema estomatognático ou mastigatório é uma unidade funcional responsável principalmente pela mastigação, fala e deglutição, juntamente com outras estruturas a articulação temporomandibular faz parte desse sistema (OKeson, 2000).
A articulação temporomandibular faz parte do sistema estomatognático devido a sua ligação com as cadeias musculares e também por existir conexões nervosas entre os núcleos dos nervos e aferências para as formações que intervêm no equilíbrio tônico postural (Bricot, 2001).
A articulação temporomandibular é uma articulação sinovial, considerada a mais complexa do corpo onde pode haver duas articulações presas ao mesmo osso (mandíbula), complicam ainda mais o funcionamento de todo o sistema mastigatório, essa articulação pode trabalhar separadamente e ao mesmo tempo, mas sempre sofrerá influência uma da outra (Okseson, 2000).
A articulação temporomandibular e a mandíbula, justamente por trabalharem juntas, podem apresentar movimentos compensatórios; a mandíbula é vista como o único osso móvel do crâneo e face, para que realize os movimentos é necessário que os músculos trabalhem em conjunto, sendo que o equilíbrio da mandíbula depende do equilíbrio oclusal e muscular corporal (Arellano, 2002).
As disfunções temporomandibulares ocorrem quando a articulação funciona de uma forma inadequada, sendo um termo usado para abranger distúrbios funcionais que envolvem o
sistema estomatognático da articulação temporomandibular e dos músculos craniocervicofaciais, contudo, possuem interligações entre articulações e músculos (Siriane et al, 2005; Molina et al, 2001; Okeson, 2000).
O desequilíbrio postural da mandíbula contribui para as disfunções temporomandibulares, ocasiona uma diferença de comprimento muscular gerando mudanças compensatórias em outros músculos como os da cintura escapular e coluna cervical e assim podem alterar todo equilíbrio músculo esquelético (Ferraz et al, 2004).
As disfunções temporomandibulares podem originar-se de problemas posturais situados abaixo do complexo craniomandibular, por problemas na região estomatognática ou por patologias mistas (Arellano, 2002).
Os pacientes podem apresentar dor na articulação e nos músculos craniocervicofaciais, hiperatividade dos músculos mastigatórios, ruídos articulares e função articular irregular ou limitada (Siriane et al, 2005).
Devido à interação existente entre cada parte do corpo é necessário analisar o indivíduo como um todo de uma forma global, alguns autores ressaltam que as anormalidades posturais podem levar a uma hiperatividade muscular e assim contribuir para as disfunções temporomandibulares (Machado e Lima, 2004).
Ao observar a possível relação existente entre disfunção temporomandibular e postura realizou-se diversas pesquisas para tentar identificar qual relação entre as duas, mas ainda existem poucos estudos que confirmem que as alterações posturais e do restante do corpo podem levar a um processo de desvantagem biomecânica da articulação temporomandibular e consequentemente acarretar em disfunção temporomandibular (Vieira et al, 2004).
Relação das disfunções temporomandibulares com a postura A coluna vertebral trabalha como resultado de movimentos combinados de vértebras individuais e fornece um ponto de articulação para o movimento e sustentação da cabeça na região cervical. Devido essas estruturas do corpo possuir interligações, a articulação temporomandibular não pode ser vista isoladamente onde as relações existentes entre o crânio, a maxila e a coluna cervical são pontos importantes na função e na disfunção (Lippert, 2003).
O corpo humano possui cadeias musculares, é composto por músculos que trabalham de forma sinérgica, essas cadeias musculares fazem todas as ligações, sendo elas escapulares e pélvicas, tendem a deformar, inclinar e se torcer sob o efeito das solicitações assimétricas protegendo dessa forma a coluna vertebral (Bricot, 2001).
O corpo possui também ligação com outras partes através da fáscia que é uma membrana fibrosa responsável por envolver o músculo e permitir que se deslize um sobre o outro e pode dessa forma influenciar no desequilíbrio da articulação temporomandibular e postura (Souchard e Oliver, 2001; Calais, 2002).
O aparelho mastigatório está diretamente conectado ao sistema muscular por intermédio dos músculos da abertura da boca e do osso hióide, tem um papel de base que é extremamente fundamental, onde esse papel é realizado também através dos músculos chamados de contra-apoio da oclusão e da deglutição, sendo assim todo desequilíbrio que ocorrer no aparelho mastigatório, poderá ocorrer sobre o conjunto do sistema tônico postural (Liu el al, 2003; Bricot, 2001; Fuentes et al, 1999).
O sistema tônico postural tem como finalidade atuar em desequilíbrios bruscos e intervenções de longo tempo, faz-se necessário mudar toda sua biomecânica com formas compensatórias (Fuentes et al, 1999).
As anormalidades esqueléticas podem levar a uma sobrecarga excessiva do sistema músculo esquelético por causar movimentos compensatórios em articulações associadas como na desiqgualdade de comprimento (Watkins, 2001).
Segundo Kittel (2007) as compensações musculares representam um mecanismo considerado necessário para encontrar uma estabilidade para a mandíbula e cervical durante a sua função. Os desvios posturais como pronação de um pé, perna curta, escoliose, alteração no ombro, inclinação da cabeça, posição da cabeça para frente (podem resultar na perda da lordose lombar, cifose torácica, posturas sentadas encurvadas habituais ou ocupacionais, retificação da cervical que faz os músculos da cabeça e pescoço ficarem encurtados ou se manterem em contração) entre outras causas pode levar a assimetrias posturais, alterações nas relações craneovertebrais que consequentemente devido ao encurtamento de alguns músculos e alongamento excessivo de outros acaba causando um reposicionamento da mandíbula e hiperatividade dos músculos da mastigação (Smith et al, 1997).
Lopes (2006) observou de acordo com seus resultados que as alterações posturais podem influenciar na atividade eletromiográfica e levar a hiperatividade muscular.
Santander el al (2000) em uma avaliação da atividade muscular nos músculos esternocleidomastóideo em relação a posição da cabeça do pescoço obteve como resultado um aumento na atividade eletromiográfica na musculatura contralateral e ao observar bilateralmente teve assimetria que sugere a existência de variadas posições da cabeça em diferentes comportamentos da atividade muscular.
A disfunção na musculatura estática é comum nas disfunções, segundo a análise de Nicolakis et al (2000), ao realizar análises posturais e de funções, pôde obter como resposta anormalidades posturais em região da cervical e tronco com comprometimento de função muscular.
Alguns estudos devido avaliação postural tem mostrado um achado de interiorização da cabeça em pacientes (Nicolaks et al, 2000; Liu et al, 2003 e Gonzales e Manns, 1996 apud Dias, 2005) onde segundo esse último autor "a cabeça encontra-se dinamicamente balanceada na coluna quando os olhos focam o horizonte, isso ocorre em condições normais, porém quando se tem uma alteração como hiperlordose cervical talvez na tentativa de nivelar o olhar pode ocorrer uma interiorização da cabeça".
A articulação temporomandibular é considerada uma articulação ímpar por possuir uma relação direta com os dentes, onde todo o problema que ocorrer na articulação temporomandibular pode influenciar a oclusão e vice-versa. Ao considerar essas relações o indivíduo deve ser visto como um todo, é importante também levar em consideração que as atividades funcionais, além do estresse físico e emocional podem influenciar (Hall e Thein, 2001).
A morfologia, função e postura são fatores importantes para que as forças que mantém um bom equilíbrio de oclusão possam ser mantidas, onde se interagem para manter uma oclusão normal; esses fatores vão contribuir para um crescimento contínuo, desenvolvimento da oclusão normal e fase balanceada ( Sueishi e Yamaguchi, 2003).
Segundo Bricot (2001), "os distúrbios de oclusão descompensam o sistema tônico postural e os distúrbios posturais desequilibram o sistema estomatognático onde passa a ser um
grande obstáculo para correção".
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93