Efeitos da fisioterapia respiratória em pacientes submetidos à Colecistectomia

Efeitos da fisioterapia respiratória em pacientes submetidos à Colecistectomia
Efeitos da fisioterapia respiratória em pacientes submetidos à Colecistectomia

Fisioterapia

14/10/2014

INTRODUÇÃO

A colecistectomia é uma das cirurgias abdominais mais realizadas e frequentes. Geralmente e indicada pela presença de cálculos dentro da vesícula biliar causando colecistite aguda ou crônica, porém também existe indicação nos casos de colecistite alitiásica (sem pedras na vesícula), por pólipos da vesícula biliar, por neoplasias, dismotilidade vesicular sintomática, como parte de outros procedimentos cirúrgicos (1).


As Cirurgias abdominais altas tendem a evoluir no pós-operatório com distúrbios ventilatórios restritivos, tanto em procedimentos convencionais, como nos laparoscópicos. Fatores, como o uso de afastador cirúrgico, o tempo de cirurgia prolongado, a dor, as atelectasias, os abscessos subfrênicos, o derrame pleural e a ascite podem estar envolvidos (2).


Geralmente, na colecistectomia convencional, a intervenção cirúrgica é realizada por meio de incisão subcostal à direita e, em alguns casos, é necessário realizar laparotomia, porém, alguns serviços podem optar por incisão longitudinal médio – lateral. (3)


Ao comparar colecistectomia laparoscópica com a colecistectomia convencional, mostram que o trauma cirúrgico na parede abdominal pode aumentar a incidência de distúrbio ventilatório pela diminuição da excursão diafragmática. (1,2,4)


A disfunção diafragmática reduz a ventilação do lobo inferior pulmonar do lado afetado, e diminui o volume corrente, a capacidade vital e a pressão inspiratória máxima (PImáx). Essas alterações podem perdurar por 48 horas após a cirurgia (2,5).


O retorno dos volumes pulmonares e força muscular respiratória aos valores pré-operatórios ocorrem de 05 a 10 dias após a colecistectomia, e 12 a 15 dias após a cirurgia convencional. Em cirurgias de grande porte, com comprometimento de vários grupos musculares, ocorrem alterações funcionais importante, com perda de 27% do volume corrente, 44% da capacidade vital no 1º pós-operatório, além da diminuição de 32% na PImáx e 42% na pressão expiratória máxima (PEmáx) (3).


O comprometimento da força muscular inspiratória leva a uma diminuição do volume pulmonar inspirado e a uma diminuição de volume, associada ao comprometimento da musculatura expiratória, acarreta a diminuição do fluxo expiratório e o prejuízo do mecanismo de tosse, e isso favorece a retenção de secreções pulmonares (2).


OBJETIVOS

Este estudo objetivou identificar os efeitos da fisioterapia no tratamento de uma paciente submetida a colecistectomia, internada no Hospital de Caridade e Beneficência (HCB) no município de Cachoeira do Sul.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso com uma paciente institucionalizada no Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul, com diagnóstico clínico de colescistite crônica.


A paciente foi submetida a uma avaliação fisioterapêutica, a qual consistiu:
Paciente R.B.S., 83 anos, sexo feminino, internada há uma semana referindo dor na região abdominal com episódios de êmesis. Foi submetida a colecistectomia logo após a internação.


A paciente relatou ter hipertensão arterial sistêmica, insuficiência renal crônica e esteve internada há 1 ano, por 43 dias ao sofrer acidente vascular cerebral. A paciente era viúva e morava com a filha e com a neta, fumou durante 20 anos, 4 cigarros por dia, sendo hoje, ex-tabagista há 30 anos. No prontuário foram colhidas as seguintes informações em relação aos medicamentos administrados durante a internação: furosemida, bisacodil, dipirona e omeprazol.


O sinais vitais da paciente no início do tratamento fisioterapêutico foram: pressão arterial (PA) 110X80mmhg, frequência cardíaca (FC) 88bpm, frequência respiratória (FR) 36ipm, ausculta pulmonar (AP) murmúrio vesicular (MV) diminuído em ápice pulmonar E e abolido em bases pulmonares.


A paciente foi encontrada em decúbito lateral esquerdo (DLE), sonolenta, colaborativa por momentos, com acesso venoso periférico em MSD. Hematoma e edema em MSE. Curativos na região abdominal D. Expansão torácica diminuída. Cacifo negativo em MSE e cacifo positivo em MsIs.


Abdômen flácido, força diafragmática diminuída, tórax normolíneo e rígido, trofismo muscular eutrófico em membros superiores (MsSs) e MsIs, força muscular testada com Mingazzini preservada para MsSs e MsIs. Coordenação motora diminuída pelo teste de Index-index, amplitude de movimento ativa em MsIs e MsIs preservada. Fazia troca de decúbito sem auxílio.


Nos exames complementares constou: Hemograma- hemácias, hemoglobina, hematócrito, glicose e creatinina – diminuídos. ECG: dano no miocárdio inferior. Raio X de tórax PA-LAT: hipoexpansão pulmonar, pequeno derrame pleural bilateral, aumento do volume cardíaco.


No diagnóstico fisioterapêutico foi constatado hipoventilação pulmonar. Foram traçados os seguintes objetivos: otimizar ventilação pulmonar, evitar efeitos deletérios do leito. As condutas realizadas foram: descompressão torácica abrupta, utilização de insetivadores respiratórios: respiron, voldayne; padrão respiratório 3:1, AFE, vibrocompressão, estímulo a tosse, exercícios diafragmáticos, trocas de decúbito, retirada do leito, exercícios ativos para MsSs e MsIs.


A paciente recebeu dois atendimentos fisioterapêuticos, durante dois dias e após cada atendimento a paciente apresentou melhora na ventilação pulmonar e aumento da saturação de oxigênio. Pode-se notar também, que a fisioterapia respiratória atuou na prevenção dos efeitos deletério do leito.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a fisioterapia respiratória é de relevante eficácia na manutenção da ventilação pulmonar, prevenindo secreção e outros efeitos deletérios do leito em pacientes submetidos à colecistectomia.


Novos estudos devem ser realizados para melhor esclarecer os fatores agravantes do pós-operatório de colecistecomiae e os efeitos da fisioterapia nestes casos para então contribuir no atendimento de pacientes submetidos a este procedimento.



REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS:


1- MACHADO, AV. Efeitos da dermotonia no processo de cicatrização da ferida cirúrgica após colecistectomia laparotônica. Universidade Federal de Sergipe. Aracaju, 2011.


2- R
ODRIGUES, CP et al. Efeito do treinamento muscular respiratório em pacientes submetidos à colecistectomia. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 31, n. 2, p. 137-142, Jul/Dez. 2010


3-
SOBREIRO JD; MATHIAS, IS; FREIRE, ANM. Novo acesso para colecistectomia videolaparoscópica. Revista Ciências médicas e biológicas. Salvador, v.11, n.2, p.255-258, mai./set. 2012


4
- JÚNIOR, JCMN. A influência da célula programadora do Método de Reprogramação Músculo-Articular no ângulo de extensão do joelho após colecistectomia:estudo de caso. Faculdade Ávila. 2010


5-
JÚNIOR, AA; et al. Colecistectomia Videolaparoscópica Transumbilical com Equipamento de Laparoscopia Convencional. Jornal Português de Gastrenterologia. Vol 18 Maio/Junho 2011

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Gabriele Klusener

por Gabriele Klusener

GABRIELE KLUSENER ESTUDANTE DO 9º SEMESTRE DE FISIOTERAPIA PELA UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL- CACHOEIRA DO SUL

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