Fibromialgia: Abordagem Fisioterapêutica

Pontos dolorosos da Fibromialgia
Pontos dolorosos da Fibromialgia

Fisioterapia

27/11/2014

Fibromialgia é definida como uma síndrome reumática que tem etiologia não definida. Acomete predominantemente mulheres e apresenta como principais sinais e sintomas dor musculoesquelética crônica e difusa, com destaque para as regiões anatômicas específicas que apresentam sensibilidade aumentada à palpação (tender points).


Fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono, ansiedade e depressão também acompanham com certa frequência este quadro. A dor assume intensidade importante, a ponto de interferir consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes.


Atualmente, sabe-se que os exercícios físicos são indispensáveis no tratamento da fibromialgia. No entanto, não existem claras evidências a respeito dos mecanismos pelos quais os exercícios agem para que ocorra o alívio do sintoma primário da síndrome.


Alguns autores, como Álvares e Lima (2010) defendem a ideia de que a fibromialgia deve ser incluída no grupo das doenças ocupacionais, dado o seu grande impacto na rotina do paciente e para a viabilização do seu tratamento.


É relatado por Bates e Hanson (1998) que a sintomatologia desta síndrome pode variar de acordo com as condições meteorológicas, geralmente com agravamento em baixas temperaturas e com o alívio em dias mais quentes.


O diagnóstico da fibromialgia é dado com base em critérios adotados pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR), que consideram a presença de dor difusa com duração maior que três meses, localizadas nos quatro quadrantes do corpo, dor à palpação em no mínimo 11 dos 18 tender points. Padronizou-se também a pressão desta palpação, que deve ser de 4 kg/cm2.


Na avaliação fisioterapêutica do paciente com fibromialgia, são indicados o emprego da Escala Visual Analógica de dor (EVA) e Questionário de Dor de McGill, o questionário de impacto da fibromialgia (Fibromyalgia Impact Questionnaire) para avaliar a capacidade funcional, além da Escala de Depressão de Beck (Beck´s Depression Inventory), o Questionário de Qualidade de Vida (SF-36) e registros diários da qualidade e quantidade de horas de sono do paciente.

A respeito do tratamento, Maeda, Martinez e Neder (2006) ressaltam a importância da tríade “medicamento, exercício físico e educação em saúde”, com enfoque para a inserção de técnicas psicológicas a fim de potencializar os resultados desejados.


A respeito do exercício, diversos autores recomendam a realização de exercícios aeróbicos, treino de força e relaxamento para estes pacientes. No entanto, não há um consenso na literatura a respeito de parâmetros como a intensidade, frequência e duração, além da modalidade mais apropriada, bem como os efeitos adversos possíveis (Costa et al., 2011).


As atividades aquáticas também costumam promover ótimos resultados, com a regulação da temperatura da água em torno de 33,5 e 34,5 graus. É importante que o profissional tenha pleno conhecimento da extensão e gravidades dos sintomas do paciente, assim como a aceitação do indivíduo à água, motivação e fatores psicossociais para que esta conduta tenha êxito (Carville et al., 2008; Evcik et al., 2008).


Os efeitos benéficos da atividade na água também agem sobre a qualidade e quantidade de horas de sono dos pacientes. O tempo total de sono profundo aumenta, enquanto o superficial diminui. A atividade física realizada na água pode promover a remoção dos mediadores químicos da inflamação, reverter a isquemia tecidual, ativação das vias supra-espinhais e consequentemente redução da dor, segundo Bates e Hanson (1998). Os sistemas serotoninérgico, dopaminérgico e noradrenérgico também têm suas funções reguladas em decorrência desta prática. A ativação do sistema opioide endógeno também gera aumento da tolerância à dor. Foi observado ainda que os efeitos são potencializados quando as atividades são realizadas em grupo, em comparação aos exercícios individuais.

Referências

Álvares, TT; Lima, MEA. Fibromialgia: interfaces com as LER/DORT e considerações sobre sua etiologia ocupacional. Ciencia saúde colet v. 15, n. 3, p. 803-812, 2010.


BATES, A.; HANSON, N. Exercícios aquáticos terapêuticos. São Paulo: Ed. Manole, 1998.


Batista, T; Alfaiate, V; Silva, V; Gomes, M; Alves, S. Os efeitos da hidroterapia na fibromialgia – Revisão de literatura. Revista de Ciências da Saúde da ESSCVP, v. 3, 2011.


Carville SF, Arendt-Nielsen S, Bliddal H, et al. EULAR evidence-based recommendations for the management of fibromyalgia syndrome. Ann Rheum Dis. 2008;67:536–41.


Costa, AC; Schwanke, NL; Reuter, EM; Santos, PR; Pohl, HH. Saúde do trabalhador e fibromialgia: relação entre dor e atividade física. Cinergis, v. 12, n.1, p. 55-60, 2011.


Evcik, D; Yigit, I; Pusat, H; Kavuncu, V. Effectiveness of aquatic therapy in the treatment of fibromyalgia syndrome: A randomized controlled open study. Rheumatology International, v. 28, n.9, p. 885-890, 2008.


Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Glauce Gonzaga Silva

por Glauce Gonzaga Silva

Doutora e Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo/ Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM); Fisioterapeuta, Docente e Supervisora de estágio da Escola Superior de Cruzeiro (ESC) e da Universidade de Taubaté (UNITAU).

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