Alterações músculo-esqueléticas no paciente com DPOC

Paciente enfisematoso e bronquítico
Paciente enfisematoso e bronquítico

Fisioterapia

04/06/2015

Tosse, dispneia e intolerância ao exercício estão entre as manifestações clínicas iniciais e mais comuns entre pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) . Entretanto, a medida que a doença progride podemos verificar alterações renais, endoteliais, anormalidades endócrinas e disfunções musculares periféricas nesses pacientes, sendo dessa forma a DPOC reconhecida como uma doença multissistêmica. A ocorrência das disfunções musculares associados ao DPOC não deve ser explicada por um único mecanismo em todos os pacientes, mas sim através de uma complexa interação entre fatores como a inatividade crônica, o desequilíbrio nutricional, utilização de corticosteroides, hipoxemia, inflamação sistêmica com níveis circulantes aumentados de citocinas pró-inflamatórias, distúrbios eletrolíticos, e baixo nível de hormônios anabólicos. No entanto, uma associação entre esses possíveis fatores e a deterioração da função muscular não foi estabelecida.


Outro fator que influencia a função muscular nesses pacientes é obstrução brônquica, que ocasiona a hiperinsuflação pulmonar e determina dessa forma uma considerável mudança na mecânica dos músculos respiratórios, apresentando dessa forma, uma complacência dinâmica do sistema respiratório diminuída, onde a pressão positiva expiratória (PEEP intrínseca) impõe um limiar de carga inspiratória que deve ser superada antes que ocorra fluxo inspiratório. Essas alterações resultam em uma menor pressão abdominal e em uma redução da expansibilidade torácica inferior, o que ocasiona a diminuição da mobilidade costal e o encurtamento dos músculos ventilatórios, caracterizando uma respiração torácica superior com grande consumo de energia. Além disso, ocorrem alterações funcionais em toda coluna que modificam a mecânica corporal do indivíduo.


A hiperinsuflação pulmonar pode desencadear compensações na coluna torácica, cintura escapular e pélvica. Nesta postura, a retificação e o encurtamento do diafragma podem ocasionar alterações na fáscia endotorácica, podendo resultar no aumento da cifose torácica. Devido às ligações músculo-aponeuróticas do diafragma com iliopsoas, tranverso do abdômen e quadrado lombar, o encurtamento desse músculo modifica a posição da pelve e da coluna lombar, gerando anteversão pélvica e hiperlordose diafragmática psoítica.


Nessa situação, os joelhos são, passivamente, levados a um recurvato para manter o equilíbrio do conjunto. Nos pacientes portadores de DPOC o movimento pendular do centro de gravidade que caracteriza a marcha no ambiente terrestre é modificado, fazendo com que o corpo adote posições angulares diferenciadas para compensar a alteração da projeção do centro de gravidade. Esses pacientes apresentam ainda deficiências nos testes de equilíbrio funcional, coordenação e mobilidade associada à severidade da doença ou diferenças nos níveis de atividade.


Dessa forma, levando em consideração as alterações biomecânicas do tórax, entende-se que a ansiedade na realização de atividades como a caminhada, ocasionada pela possibilidade de dispneia nessa população leva o portador de DPOC a realizar uma marcha errônea, com o objetivo de alcançar maior estabilidade e menor tempo de esforço e redução do trabalho respiratório. O paciente com DPOC precisa ser visto de uma forma global, dentro de uma complexa interação multisistêmica para que dessa maneira seja alcançada uma melhora da qualidade de vida.





REFERÊNCIAS

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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


David Santos Pontes

por David Santos Pontes

Graduando do 9 semestre do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Christus - UNICHRISTUS. Atualmente é monitor da disciplina Fisioterapia Intensiva. Já foi monitor da disciplina de Fisiologia do Exercício e teve experiencia como estagiário do Laboratório de Eletrofisiologia (LEF) do Instituto Superior de Ciências Biomédicas - UECE

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