Síndrome de Moebius consiste em uma desordem neurológica
Fisioterapia
13/07/2015
A Síndrome de Moebius consiste em uma desordem neurológica complexa, caracterizada pelo comprometimento do VII nervo craniano (facial), que leva a uma paralisia facial periférica, com ausência da mímica facial, boca entreaberta e dificuldade em baixar a pálpebra; e também com acometimento do VI nervo craniano (abducente) ocasionando um estrabismo convergente.
Clinicamente a Síndrome de Moebius é caracterizada pela ausência de expressão facial e por alterações da língua, acarretando distúrbios da fala, hipoplasia dos dedos, adactilia e pé torto equinovaro.
De etiologia ainda não elucidada, estudos sugerem que exista um mecanismo de insuficiência vascular em idade gestacional precoce, associado a anomalias cromossômicas pela exposição a agentes ambientais, como talidomida, cocaína, benzodiazepínicos, álcool, e pelo uso do misoprostol (usado no tratamento e prevenção de úlcera do estômago e também utilizada ilegalmente como abortivo).
Considerando as malformações relacionadas a presença da síndrome, as intervenções estão associadas a redução dos efeitos e da intensidade dos agravos, através de tratamento cirúrgico ou de terapias que promovam melhorias nas condições musculares e consequentemente nas condições e na qualidade de vida dos portadores.
A atuação da fisioterapia na Síndrome de Moebius é bastante ampla e deve se adequar às características clínicas de cada paciente. O Fisioterapeuta é responsável por eleger as melhores intervenções para cada caso específico. Entre os principais objetivos da Fisioterapia estão a estimulação da movimentação e expressão facial, melhorar a deglutição e fala, restabelecer o desenvolvimento correto do reflexo facial, prevenir contraturas e deformidades dos membros, fortalecer a musculatura dos MMII e pelve, indicar o uso de órteses, treinar a marcha, melhorar o equilíbrio e a coordenação.
O tratamento da paralisia parcial periférica pode ser realizado através de mas-sote¬rapia de relaxamento na hemiface não comprometida, mas¬sote¬rapia de estimulação na hemiface paralisada, da crioestimulação, estimulação sensorial através de objetos com diferentes texturas e cinesioterapia, utilizando o Método FNP – KABAT entre outros.
Em relação aos defeitos ortopédicos existentes, sendo o mais comum o Pé-torto Congênito, cujo tratamento precoce é fundamental, recomenda-se iniciar o tratamento nos primeiros dias de vida, de forma conservadora com técnicas baseadas nos princípios de manipulação das deformidades (através do alongamento da musculatura encurtada) e manutenção, através da indicação de órteses. Entre outras opções de tratamento (tendo em consideração a clínica de cada paciente, pois está é soberana para a identificação das melhores técnicas e recursos a serem utilizados durante a fisioterapia) estão a utilização de prancha ortostática, uso do andador, barra paralela, escada e rampa entre outros, adaptados necessidade de cada paciente.
Em virtude dos acometimentos relacionados a Síndrome de Moebius, o tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado precocemente na tentativa de minimizar aspectos emocionais negativos ao portador da patologia e trabalhar com o indivíduo de forma global, contribuindo assim para um tratamento afetivo e efetivo.
Referências
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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por David Santos Pontes
Graduando do 9 semestre do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Christus - UNICHRISTUS. Atualmente é monitor da disciplina Fisioterapia Intensiva. Já foi monitor da disciplina de Fisiologia do Exercício e teve experiencia como estagiário do Laboratório de Eletrofisiologia (LEF) do Instituto Superior de Ciências Biomédicas - UECE
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