A Atuação do Fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva
O paciente é observado por toda a equipe multidisciplinar
Fisioterapia
21/11/2015
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a Fisioterapia faz parte da equipe multidisciplinar no atendimento aos pacientes graves. Sua atuação é ampla e se faz presente em diversos momentos do tratamento intensivo: atendendo a pacientes graves que não necessitam de suporte ventilatório; prestando assistência durante o período pós-operatório, visando reduzir o risco de complicações respiratórias e motoras; e oferecendo assistência a pacientes críticos que necessitam de suporte ventilatório. (JERRE et al.,2007).
Durante sua internação, o paciente é observado por toda a equipe multidisciplinar, que deverão considerar as todos os fatores que possam interferir na sua recuperação e que podem gerar complicações no quadro clínico. Sendo assim, a Fisioterapia possui um papel fundamental no tratamento e recuperação do paciente grave em UTI, pois sua principal atribuição é realizar uma avaliação global do paciente e identificar os potenciais problemas do sistema respiratório e cardiovascular, aplicando o tratamento fisioterapêutico adequado para trata-los. (MONTENEGRO, 2012a).
Para que a assistência fisioterapêutica seja eficaz, torna-se fundamental que as vias aéreas bem como os músculos respiratórios do paciente estejam em pleno funcionamento, ou seja, o fisioterapeuta deve se atentar para melhorar tanto a capacidade respiratória quanto a capacidade motora, trazendo benefícios ao paciente acamado. (MONTENEGRO, 2012a; ARRUDA, 2010).
A imobilidade presente no paciente crítico devido ao prolongado tempo de internação, torna-o predispõe a modificações morfológicas dos músculos e tecidos conjuntivos, em alguns casos alterações no alinhamento biomecânico, comprometimento de resistência cardiovascular, hipotrofia e hipotonia muscular. Em vista disso, a cinesioterapia tem grande importância no tratamento do paciente grave, pois favorece a recuperação do paciente e previne contra futuras lesões. (ARRUDA, 2010; SILVA & SANTOS, 2014).
Na UTI, o fisioterapeuta utiliza-se de técnicas que promovem a melhoria do paciente e garantem o exercício físico adequado para os diversos momentos do tratamento, visando sua recuperação. O tratamento e sua eficácia dependem da necessidade do paciente, entretanto, sua postura no leito, técnicas de treinamento muscular e aprimoramento das funções respiratórias devem ser levadas em consideração durante a avaliação do paciente grave. (MONTENEGRO, 2012a).
A fisioterapia motora na UTI traz grandes benefícios ao paciente crítico, tais como: evita a atrofia muscular e mantém e/ou restaura a amplitude articular; previne trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonias e hipotensão postural; alivia a dor; diminui ou previne edemas; melhora o condicionamento cardiovascular; reduz o tempo de internação; restaura a funcionalidade para atividades de vida diária; prepara para a deambulação, quando o paciente tiver tais condições. (ARRUDA, 2010; MONTENEGRO, 2012a). O tratamento pode ser realizado através de exercícios passivos, ativo-assistido, ativo-livre, ativo-resistido, isométricos; promoção da reeducação postural, conscientização corporal, relaxamento muscular, mobilização precoce no leito e independência nas atividades. (ARRUDA, 2010).
A fisioterapia respiratória na UTI visa prevenção e/ou tratamento de complicações respiratórias em pacientes críticos, necessitando realizar a fisioterapia respiratória e motora associadamente, de forma a garantir um bom prognóstico no quadro clínico do paciente através de técnicas que contemplem os sistemas respiratório e cardiovascular. (MONTENEGRO, 2012b). Assim, o fisioterapeuta tem um papel importante neste setor, auxiliando na condução da ventilação mecânica, desde o preparo e ajuste do ventilador artificial até o momento da intubação, bem como evolução do paciente durante a ventilação mecânica, interrupção e desmame do suporte ventilatório e extubação. (JERRE et al., 2007).
A Fisioterapia Respiratória durante a ventilação mecânica, invasiva ou não invasiva, é constituída por alguns procedimentos, tais como: aspiração traqueal para a retirada passiva das secreções; percussão e vibração sobre o tórax visando a mobilização de secreções; drenagem postural para drenar secreções através da ação da gravidade; compressão brusca do tórax, para aumentar o fluxo expiratório; posicionamento corporal, visando otimizar a relação ventilação/perfusão, aumentar o volume pulmonar, reduzir o trabalho respiratório e cardíaco e aumentar o clearance mucociliar; expansão/reexpansão pulmonar, para aumentar a pressão e/ou volume alveolar em áreas colabadas; hiperinsuflação manual, realizando insuflação pulmonar com um ressuscitador manual para aumentar o fluxo expiratório; terapia com PEEP, utilizando a técnica de pressão positiva ao final da expiração ou pressão positiva contínua nas vias aéreas para promover a expansão de unidades alveolares colabadas. (JERRE et al., 2007).
Quanto aos aspectos éticos e humanizados da fisioterapia na UTI, em qualquer forma de contato entre o profissional da fisioterapia e o paciente, os valores éticos e morais devem ser preservados. Porém, na atuação do fisioterapeuta na UTI, é frequente o contato direto com limitações e sequelas dos pacientes, exigindo um alto nível de conhecimento técnico-científico desse profissional, por vezes, dissociado das questões humanísticas. (SANTUZZI et al., 2013).
De acordo com a Resolução COFFITO nº 10/1978, sobre o código de ética do fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, define as responsabilidades e o exercício profissional dos profissionais da Fisioterapia e de Terapia Ocupacional, baseado na dignidade da pessoa humana, propondo exercer a atividade com respeito à vida desde a concepção até a morte, além de promover o respeito aos direitos do paciente independente de qualquer fator externo a este (como etnia, nacionalidade, afiliação política, religião, sexo, condições socioeconômicas e culturais), de modo que a prioridade no atendimento obedeça exclusivamente à razão de urgência. (COFFITO, 1978).
Quanto ao suporte ventilatório utilizado em UTI, temos a Ventilação Mecânica (VM) que consiste em um método de suporte oferecido ao paciente por meio de um aparelho (respirador artificial) para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, auxiliando-o na sua ventilação e em suas trocas gasosas. Pode ser classificada como Ventilação Mecânica Invasiva e Não Invasiva, sendo que em ambas modalidades a ventilação artificial ocorre com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. Este suporte tem como objetivos manter a troca gasosa do paciente, aliviar o trabalho da musculatura respiratória, reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória, diminuir o consumo de oxigênio, permitindo aplicação de terapêuticas específicas. (PINHEIRO, 2008; CARVALHO, 2007).
Portanto, pôde-se concluir que o fisioterapeuta intensivista possui um papel de extrema importância no cuidado a pacientes internados em unidades de terapia intensiva, uma vez que, auxilia na manutenção das funções vitais dos diversos sistemas corporais ao atuar na prevenção e/ou tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo o risco de complicações clínicas e mortalidade, melhorando o prognóstico do paciente grave.
Referências:
JERRE, George et al. Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de Pneumologia [internet]. 2007, v. 33, suppl. 2, p. 142-150. ISSN 1806-3756. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s2/a10v33s2.pdf. Acesso em: 15 nov. 2015.
MONTENEGRO, José Helder Lima Verde (Coord.). Fisioterapia na UTI. 2012a. In: Fisioterapia Manual. Disponível em: http://fisioterapiamanual.com.br/blog/areas-da-fisioterapia/fisioterapia-na-uti. Acesso em: 15 nov. 2015.
______. Ampliação na jornada de fisioterapia reduz tempo na UTI. 2013. In: Fisioterapia Manual. Disponível em: http://fisioterapiamanual.com.br/blog/areas-da-fisioterapia/fisioterapia-reduz-uti. Acesso em: 15 nov. 2015.
ARRUDA, Cristiane Silva. A importância da Fisioterapia Motora na UTI. 2010. Disponível em: https://cristianearruda.wordpress.com/2010/06/04/a-importancia-da-fisioterapia-motora-na-uti. Acesso em: 15 nov. 2015.
SILVA, Gilmara Gertrudes; SANTOS, Patrícia Pereira. Mobilização Precoce em UTI: uma revisão de literatura. 2014. In: InterFISIO. Disponível em: http://interfisio.com.br/?artigo&ID=498&url=Mobilizacao-Precoce-em-UTI--Uma-Revisao-de-Literatura. Acesso em: 15 nov. 2015.
SANTUZZI, Cíntia Helena et al. Aspectos éticos e humanizados da fisioterapia na UTI: uma revisão sistemática. Revista Fisioterapia em Movimento [internet]. 2013, v. 26, n. 2, p. 415-422. ISSN 1980-5918.
COFFITO - CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. Resolução nº 10, de 3 de Julho de 1978. DOU nº 182 – de 22/09/1978, Seção I, Parte II, p. 5265/5268 – Aprova o Código de ética profissional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Profissional. Disponível em: http://www.coffito.org.br/site/index.php/home/resolucoes-coffito/81-resolucao-n-10-aprova-o-codigo-de-etica-profissional-de-fisioterapia-e-terapia-ocupacional.html. Acesso em: 20 nov. 2015.
CARVALHO, Carlos Roberto Ribeiro; TOUFEN JUNIOR, Carlos; FRANCA, Suelene Aires. Ventilação Mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. Jornal Brasileiro de Pneumologia [internet]. 2007, v. 33, suppl. 2, p. 54-70. ISSN 1806-3756. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s2/a02v33s2.pdf. Acesso em: 20 nov. 2015.
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