As alterações vocais em professores estão relacionadas ao funcionamento vocal
Fonoaudiologia
24/02/2012
O professor utiliza a sua voz para ensinar, controlar os alunos, mostrar atenção e carinho. Seu principal instrumento de trabalho é a voz. Suas posturas e atitudes, sua qualidade vocal e expressão não verbal podem interferir de maneira positiva ou negativa no interesse e participação dos alunos durante as aulas.
Devido à grande demanda vocal, à carga horária intensa, às turmas numerosas e condições de trabalho desfavoráveis, aliados à falta de conhecimento técnico sobre o uso da voz, os problemas vocais em professores são muito frequentes e exigem um auxílio especializado. Na maioria das vezes, o desgaste vocal acontece lentamente e de maneira gradual e muitos sintomas iniciais podem não produzir modificações perceptíveis.
As queixas vocais mais comuns entre estes profissionais são rouquidão, dor e ardor na garganta, cansaço, sensação de sequidão e corpo estranho na região do trato vocal, além de falhas na voz. Alguns fatores como estresse, quadros alérgicos, condições de trabalho inadequadas, gripes e resfriados, fumo, álcool, hábito de falar muito alto e por tempo prolongado, tem um impacto extremamente negativo sobre a voz.
As alterações vocais em professores estão, na maioria das vezes, relacionadas ao funcionamento vocal, sendo assim necessário que estes profissionais recebam informações e orientações quanto ao uso da voz e alguns conhecimentos básicos sobre como se dá o seu funcionamento e cuidados necessários para manter uma voz saudável prevenindo possíveis alterações.
Devido à falta de informações a respeito da voz, muitos professores só tomam consciência da importância desta como instrumento de trabalho e na sua vida pessoal quando começam os primeiros sintomas como sinais de fadiga, falhas na emissão, ou até mesmo depois de já ter uma patologia vocal instalada, como é o caso dos nódulos vocais, popularmente conhecidos como calos vocais, que podem ser prevenidos desde que tomados os devidos cuidados.
Alguns hábitos diários podem favorecer a saúde vocal como ter uma alimentação saudável e equilibrada, evitando alimentos muito gordurosos ou condimentados e alimentos e bebidas muito quentes ou muito geladas, manter sempre uma garrafinha de água ao alcance das mãos, praticar atividades físicas regulares, alongar a musculatura do pescoço, tronco e ombros, agasalhar-se adequadamente em dias frios, protegendo-se de correntes de ar contínuas, evitar falar por longos períodos e em alta intensidade, principalmente em ambientes muito secos, expostos ao ar condicionado, evitar o uso de cigarro e bebidas alcóolicas, não utilizar medicamentos sem orientação médica, evitar soluções caseiras como mascar gengibre, evitar chocolates, leite e seus derivados antes das aulas, pois estes alimentos aumentam as secreções no trato vocal, provoncando pigarros e comprometendo a qualidade vocal.
Deve-se também evitar tossir, pigarrear ou raspar a garganta, que geram um atrito muito grande entre as pregas vocais podendo machucá-las. A maçã é uma importante aliada na limpeza do trato vocal, assim comer uma maçã durante ou após as refeições contribui também para uma voz mais saudável; incluir atividades que envolvam a participação dos alunos, seja na leitura oral de um texto, atividades em grupo e ainda recursos visuais durante as aulas também podem ser boas estratégias para poupar a voz do professor.
É fundamental que o professor procure manter uma postura ereta, falar sempre de frente para a classe e não direcionado para o quadro, seus gestos devem agir como complemento à sua fala e não devem ser exagerados demais. Articular bem as palavras, ter uma boa entonação e projeção vocal, locomover-se pela sala de aula e/ou posicionar-se mais ao centro da sala permite que os alunos ouçam melhor o que é dito pelo professor evitando assim que ele necessite falar em alta intensidade, além de auxiliar o professor a prender a atenção do aluno e consequentemente cansar menos a sua voz.
Ao adotar estas estratégias o professor torna sua aula mais dinâmica, favorece a atenção e interesse dos alunos e consequentemente torna-a menos cansativa para o aluno e para o professor. É importante o professor observar quais mudanças podem ser aplicadas ao seu dia a dia e se necessário, procurar um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo que são os profissionais capacitados para esclarecer suas dúvidas e ajudá-lo a encontrar soluções para as situações problema relacionadas à sua voz, lembrando que a prevenção é sempre a melhor opção.
Artigo publicado no jornal Folha de Contagem por Dirlene Moreira http://www.folhadecontagem.com.br/portal/index.php/edicoes-da-semana-2011/270-edicao-668-14-a-20102011/4727-artigo-edicao-668-14-a-20102011-a-voz-que-ensina.html
Disponível também em: www.fonoemfoco.blospot.com
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Dirlene da Silva Moreira
Fonoaudióloga pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, atua na área clínica e ocupacional, realiza palestras e treinamentos em audiologia ocupacional, voz profissional e fonoaudiologia educacional.
Idealizadora do blog Fonoaudiologia em Foco.
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