Acompanhamento Fonoaudiológico Pré e Pós-Operatório

A família deve dar apoio no pré e pós-operatório ao paciente
A família deve dar apoio no pré e pós-operatório ao paciente

Fonoaudiologia

18/01/2013

PINHO (1998) relata que considerando o impacto que o paciente sofre em função das limitações decorrentes do câncer e suas modalidades de tratamento, a reabilitação fonoaudiológica deverá, preferencialmente, ter seu início no período pré-operatório, visando estabelecer uma relação de confiança entre terapeuta e paciente, sendo a base para uma reabilitação de sucesso. O momento pré-operatório é importante para o fornecimento de várias orientações ao paciente e sua família, no que se refere aos mecanismos que poderão alterar as possibilidades de reabilitação e informações práticas.


No pós-operatório imediato, a presença do fonoaudiólogo recria o vínculo já estabelecido anteriormente, permitindo o conhecimento do impacto real da cirurgia adotando algumas práticas que facilitarão a recuperação do paciente, principalmente na sua alimentação e comunicação.


Nas laringectomias parciais, a orientação deve dar destaque a importância de oclusão do traqueostoma para tentativas de comunicação e deglutição, além da acentuação dos movimentos da articulação na comunicação oral.


O acompanhamento fonoaudiológico no pós-operatório poderá ser retomado no momento em que as principais reações pós-operatório, diminuam e existam condições de iniciar a facilitação para o desenvolvimento dos mecanismos compensatórios, sendo necessário respeitar as indicações do cirurgião responsável.


STEFFEN e FEIJÓ (1997) salientam que para o fonoaudiólogo atuar junto ao paciente laringectomizado parcial, são necessários conhecimentos de anatomia, fisiologia, procedimentos cirúrgicos e modificações pós-cirúrgicas por parte deste profissional. A qualidade vocal do paciente submetido à cirurgia parcial vertical da laringe vai depender do método cirúrgico empregado e da realização ou não de reconstrução.


Poderá apresentar: intensidade vocal fraca, rouquidão causada pela irregularidade vibratória decorrente da neoglote, diminuição de hormônios, soprosidade, principalmente quando grande parte da cartilagem aritenóide é retirada onde o escape de ar é significativo e há dificuldade em sonorizar pelas condições insuficientes da fonte sonora. Na avaliação dos tempos de emissão vocal percebe-se que estes estão reduzidos pela falta de força mioelástica, causada pela modificação anatômica da cirurgia.


Os autores também referem que pode ocorrer aspiração de alimentos e líquidos, por incompetência da neoglote nas laringectomias parciais verticais, porém é mais comum acontecer em laringectomias parciais horizontais.


CAMARGO (1998) relata que os pacientes submetidos a laringectomias parciais horizontais, em especial as supraglóticas, na sua grande maioria, passam a apresentar disfagias às vezes temporária, causada pela ressecção dos esfíncteres laríngeos superiores, protetores da via aérea.


A autora cita que BRANDÃO (1998) realizou um estudo retrospectivo através da avaliação videofluoroscópica da deglutição em onze pacientes do sexo masculino, na faixa etária de 43 a 73 anos, seis submetidos a laringectomia supraglótica (LHSG) e cinco laringectomia horizontal supraglótica ampliada para base língua (LHSGBL). Os resultados obtidos mostraram oito pacientes apresentando deglutições funcionais, e quatro com aspirações moderadas ou severas, pós-deglutição.


Todos os pacientes (maior grau submetido a LHSGBL) , apresentaram estases de alimentos em topologia de valécula/base de língua e esfínter esofágico superior, ocasionando as referidas aspirações pós-deglutição. Continuando com PINHO (1998), tendo conhecimento das principais alterações decorrentes dos vários procedimentos cirúrgicos, é possível prever sequelas e planejar ou desenvolver a reabilitação do paciente.


De um modo geral, os procedimentos de ressecções horizontais trazem maiores prejuízos à deglutição (disfagia), e os verticais, à fonação (disfonia), sendo comum também à associação de ambos, com graus variados de manifestação para cada um dos comprometimentos laríngeos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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