Trata do conjunto de regras que explicam ou regulam o uso intencional da linguagem
Fonoaudiologia
28/02/2014
Acosta et all (2003, p. 33-36) cita que o estudo do funcionamento da linguagem em contexto social, situacional e comunicativo é a pragmática, ou seja, a pragmática “trata do conjunto de regras que explicam ou regulam o uso intencional da linguagem...” e na “linguagem infantil, o estudo da pragmático se encontra, pelo menos em dois aspectos: funções comunicativas e conversação.”
Bishop e Mogford (2002) complementam que pragmática poderia ser definida “...como a correta utilização da Língua em diferentes contextos.” A intencionalidade, o uso da linguagem – pragmática –“ocupa-se das intenções comunicativas do falante e da utilização que faz da linguagem para realizar essas intenções.” A pragmática, portanto, não se limita apenas
ao estudo dos usos e funções linguísticas: ocupa-se também dos aspectos formais que definem os ajustes motivados pelo contexto de comunicação e das variações que implicam o uso da linguagem em função das características do interlocutor e da situação. (Bishop e Mogford, 2002)
Avaliar a pragmática é avaliar as funções comunicativas da criança.
Acosta et all (2003, p. 36) afirma que “as funções comunicativas são unidades abstratas e amplas que refletem a intencionalidade comunicativa do falante.” Várias classificações sobre a aquisição de funções comunicativas foram realizadas, porém, a mais conhecida e utilizada é a de Halliday (1975) adotada por Acosta et all (2003) e Zorzi e Hage (2004). Distribui as funções em três fases que veremos a seguir.
Fase I (10-18 meses): segundo os autores, nesta fase podem ser distinguidas até sete funções distintas:
• Instrumental: quando a criança utiliza a linguagem como meio para que o que ela quer se realize; utiliza a linguagem para satisfazer suas necessidades materiais. Exemplo de quando a criança quer algum objeto; • Reguladora/regulatória: a linguagem é utilizada como instrumento de controle, para modificar ou regular o comportamento dos outros; a linguagem é dirigida para alguém em particular, como se a criança estivesse pedindo alguma coisa por meio de alguns sons e gestos, exemplo: “vamos passear”; • Interativa/interacional: a linguagem é usada como meio para relacionar-se, interagir com os demais. Expressões e gestos que são utilizados geralmente representam cumprimentos “oi”, “tchau”; • Pessoal: uso da linguagem para manifestar individualidade, sentimentos pessoais em relação às pessoas ou ao ambiente. Vocalizações ou gestos que representam prazer, interesse, contrariedade, retraimento, etc.; • Heurística: esta função é utilizada para investigar, explorar o ambiente, tentando descobrir as coisas, nomes, objetos. Nesta fase a criança começa a usar expressões muito próximas do padrão do adulto; • Imaginativa: uso da linguagem de forma lúdica; a criança cria um mundo próprio. Para Zorzi e Hage (2004, p. 19) essa função “é identificada quando observamos uma criança, por exemplo, emitindo sequências de sons que parece representar um ‘falar consigo mesma’...”. No início utiliza apenas sons que aos poucos vai se constituindo de pequenos relatos de estórias ou fantasias; • Ritual: para Acosta et al (2003, p. 37) é a “linguagem das boas maneiras.”
Fase II (18-24 meses): inicia o desenvolvimento da estrutura gramatical e do diálogo. É um período de transição em que se observam três funções principais:
• Pragmática: “linguagem como ação” – vem das funções instrumental e reguladora; a linguagem serve para participar, interferir nas situações, facilita o desenvolvimento da sintaxe; • Matética: “linguagem como aprendizagem – vem das funções pessoal e heurística. Para Zorzi e Hage (2004, p. 20) “serve para codificar a experiência da criança como observadora dos objetos, pessoas e ações que vê no mundo, contribuindo no aprendizado dela em relação ao seu ambiente. Facilita o desenvolvimento do vocabulário...”; • Informativa: a criança faz uso da linguagem para transmitir uma informação; se expressa por meio de frases.
Fase III (a partir dos 24 meses): a fala da criança passa a ser plurifuncional (uma frase pode ter mais de uma função), uso do sistema de fala do adulto. Nesta fase observam-se duas funções básicas, podendo se manifestar uma terceira função.
• Ideacional: vem da função matética da fase anterior, a linguagem é usada como meio para falar sobre o mundo real; • Interpessoal: a linguagem é utilizada como meio para participar da situação de fala, vem da função pragmática; • Textual: para Acosta et al (2003, p. 38), nesta fase “os significados são codificados em palavras e frases...”.
Três aspectos estão estreitamente relacionados:
• Organização formal das conversações: respeito aos turnos comunicativos, a criança deve aprender o papel de emissor e ouvinte; • Desenvolvimento da capacidade para manter o significado: manutenção do tema da conversa; • Capacidade da criança para adaptar-se aos participantes, papéis e situações: os interlocutores devem adaptar-se tanto ao ponto de vista de quem está falando como às exigências da situação.
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por Colunista Portal - Educação
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