As consequências da surdez

O indivíduo surdo perde muito do que acontece à sua volta.
O indivíduo surdo perde muito do que acontece à sua volta.

Fonoaudiologia

27/04/2015

A maior consequência trazida pela perda parcial ou total da audição está diretamente ligada ao processo de comunicação. O indivíduo surdo perde muito do que acontece à sua volta, principalmente se sua perda for severa ou profunda.

De acordo com Ballantyne, Martin e Martin (1995), nenhuma criança, seja ela ouvinte ou surda nasce com fala, mas possuem os meios para adquiri-la através de um processo que envolve o aprendizado pela imitação dos sons que são produzidos por outros indivíduos com os quais convive e desta forma, se esses sons não podem ser ouvidos ou percebidos pela criança ela não desenvolverá a capacidade de imitá-los.

Com essa explicação pode-se entender um grande engano, desde a antiguidade dizia-se e ainda hoje se ouve por falta de informação que “aquela criança é surda-muda”, o fato de ser surda não significa necessariamente que a pessoa não desenvolverá a fala.

Pois mesmo uma criança ouvinte se for mantida em um ambiente onde os adultos não se comunicam com ela, não a estimulam, também não desenvolverá a habilidade de falar.

A maioria das crianças surdas, em torno de 90%, nasce em famílias ouvintes e neste caso a linguagem oral é a linguagem corrente em seus lares, no seu convívio com as outras pessoas.

Estas crianças sofrem então as consequências da falta de acesso a uma língua que seja por elas compreendida, atrapalhando o desenvolvimento linguístico e de aprendizagem sobre o mundo que as cerca.

Portanto se não se comunicam estão sempre em desvantagem com as crianças ouvintes que participam passiva e ativamente de conversas e momentos com familiares, o que contribui para a aquisição da língua falada e posteriormente a questão da leitura e escrita ao iniciarem os estudos.

Para a criança surda nascida em uma família ouvinte a dificuldade de comunicação esbarra em vários fatores, em um primeiro momento a não aceitação por parte dos pais da nova situação com a qual terão que lidar.

Sendo uma das primeiras reações o isolamento, pois na fase de adaptação com esta realidade vivenciada, as buscas por diagnóstico, as dúvidas, as opções por ouvir uma segunda opinião acabam retardando ainda mais o processo de desenvolvimento da comunicação com aquele indivíduo que está ali, vendo ações acontecerem à sua volta sem compreender o porquê, sem ser estimulado e vivendo em um mundo à parte.

Após algumas informações sobre a surdez, suas causas e consequências convidam você a ler um pequeno trecho do livro escrito por uma professora surda, chamada Shirley Vilhalva e depois responda para si mesmo (a) antes de prosseguir neste livro: Já tinha parado para pensar nesta situação, qual a sua reação diante de tal fala?

“Como o tempo passou estava muito rápido e eu continuava sem entender o que se passava, eu não conseguia expor meu pensamento, muitas imagens ocorrem internamente, parecendo que tudo que vejo, fotografo e depois fica guardado dentro de uma caixa na cabeça e não tem para onde ir, não tem como sair, eu não sabia como expor por não ter um canal de comunicação com o mundo durante minha idade de três, quatro anos”.

“Várias vezes me encontrei balbuciando, falando ou mesmo gritando, pensava que estava falando como uma pessoa ouvinte e logo descobri que não era verdade, o que eu imaginei ter dito não chegou a ser compreendido e muito menos ouvido por alguém e que quando as pessoas diziam algo para mim eu verificava que não estava compreendendo”.

Dica: Leia o livro “Despertar do silêncio” de Shirley Vilhalva. Este livro contém uma autobiografia com muitas informações que as pessoas ouvintes deveriam ter para melhor entenderem o mundo do Surdo.

Cabe ressaltar que a posição da família diante da surdez é diferenciada e depende de fatores com os quais não vamos nos ocupar neste aprendizado.

Existem recursos como as próteses auditivas, o acompanhamento com fonoaudiólogos e especialistas e até mesmo a opção pelo implante coclear (Técnica utilizada para estimular a audição.), que são consideradas opções para amenizar a questão da comunicação e desenvolvimento da criança surda.

O importante em todo o processo que se desenvolve desde o diagnóstico da surdez é o apoio que será necessário a esta família.

A primeira impressão sobre a situação, a insegurança por parte dos pais que a princípio sentiam-se capazes de cuidar do filho e que a partir desse momento sentem-se perdidos são alguns dos fatores que contribuem para a falta de estímulo e desenvolvimento da criança surda.

Felizmente a medicina preventiva está avançando a cada dia e o diagnóstico da surdez começa a ser feito mais cedo, o teste da orelhinha é um instrumento simples e que ajuda na detecção da surdez precocemente.

Muitos são os casos em que os pais só se dão conta da surdez da criança por volta dos dois anos de idade, momento em que percebem de fato que aquela criança não se manifesta como as crianças que ouvem normalmente, não se expressa verbalmente e aí é que resolvem procurar atendimento médico.

Em relação às consequências trazidas pela surdez, apesar de ter fixado a situação das crianças surdas, também podemos citar o caso de adultos e idosos que ao perderem parcialmente ou totalmente a audição, são incompreendidos e até mesmo isolados por seus familiares.

Visto que com esta atitude perdem o prazer das conversas e sofrem pelo fato de não responder em tempo hábil às perguntas que lhes são feitas ou por perguntarem outra vez o que não compreenderam.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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