O Sujeito surdo: aceitação e desenvolvimento

O surdo pode e deve ter acesso a todos os bens culturais.
O surdo pode e deve ter acesso a todos os bens culturais.

Fonoaudiologia

27/04/2015

O sujeito surdo que de acordo com Felipe (2001) são aqueles que participam de comunidades, associações, na sua própria cidade ou entre outras localidades, sendo fatores predominantes dessas comunidades surdas o uso da Língua de Sinais, os esportes e interações sociais.

As pessoas que se aceitam enquanto surdas e que buscam adaptar-se ao mundo ouvinte à sua maneira, sem abrir mão de construir o conhecimento, de expressar suas opiniões, que querem estar ativas diante de questões simples ou mais complexas como a participação política, fazem questão de assumir a sua identidade surda.

Agora que você já compreendeu melhor as diferenças entre as identidades surdas vamos dar continuidade ao nosso estudo falando um pouco mais da cultura surda.

Ao falarmos de cultura logo nos remetemos a costumes, valores, ações coletivas de um determinado grupo que se organiza, expondo suas opiniões, reivindicando seus direitos, demonstrando suas habilidades, repassando seu conhecimento e sua história para as gerações futuras.

A Profª Nídia de Sá destaca em um texto extraído de seu livro Cultura, Poder e Educação de Surdos do ano (2002), que a cultura surda está ligada aos códigos utilizados pelos surdos, a maneira como eles se organizam, como expressam sua solidariedade, a sua linguagem, seus valores e sua arte.

Então, a necessidade de uma cultura própria não significa em si uma segregação, não significa que os surdos querem se isolar. É preciso ficar claro que como em qualquer outro grupo unido por uma cultura, existem também diferenças e questões que surgem no convívio e acabam remetendo à exclusão dos próprios membros, seja por não identificação ou por divergência de opiniões.

O importante na existência dessa cultura surda é a capacidade de autoaceitação, do posicionamento frente à outra cultura, a cultura ouvinte, a cultura da maioria que é imposta ao surdo em seu meio social sem a preocupação com as diferenças linguísticas, exigindo do surdo um esforço único no sentido de se adaptar diante de todas as barreiras, sejam elas linguísticas ou não.

Perlin, autora surda, resume a questão da cultura surda nas seguintes palavras: “Precisamos realizar a experiência de sermos surdos, sermos o que somos: povo surdo, onde ser povo determina a esperança e a certeza de que não somos exterminados, que não nos fechamos na deficiência, que partimos para as ações interculturais com outros povos”.

Fazer parte da comunidade surda, seja enquanto surdo ou ouvinte frequentador, é conforme afirma Sá (2002) bem mais do que utilizar a língua de sinais, é de certa maneira optar por conhecer e compreender a problemática da surdez por meio de sua própria experiência ou do convívio com uma pessoa surda.

A autora reforça ainda que o surdo pode e deve ter acesso a todos os bens culturais, não somente de forma regional, mas universal, e que esta apropriação da cultura deve se dar por meio da compreensão de si mesmo em conjunto com seus pares, de acordo com a sua leitura cultural do mundo.

Cabe ressaltar neste momento a importância do convívio da criança surda com adultos surdos integrantes das comunidades surdas, seja em associações ou outros locais onde a criança surda possa aprender e adquirir fluência na Língua de Sinais, língua natural do surdo que posteriormente a ajudará a ter mais facilidade em adquirir o conhecimento sobre a língua oral e escrita.

Cabe destacar que a aceitação é o primeiro e principal passo para o desenvolvimento do sujeito surdo, o apoio dos familiares, o incentivo e a motivação para que estas pessoas busquem ultrapassar qualquer que sejam suas limitações, principalmente em relação à comunicação, é o equilíbrio necessário para que o surdo se sinta em condições de ser parte da sociedade.

Como cidadão de direito, o surdo pode demonstrar sua força diante dos obstáculos ainda resistentes na falta de informação e no preconceito de algumas pessoas.

A convivência com o surdo seja em nossos lares, na vizinhança, na escola ou em outros locais que frequentamos como o trabalho ou os pontos de lazer pode nos ensinar muito.

Diante do que estudamos neste artigo, devemos nos preocupar em entendê-los e permitir que se expressem à sua maneira, seja por meio da escrita, dos gestos ou mímicas e por intermédio da Língua de Sinais, pois o mais importante é diminuir as barreiras de comunicação existentes entre ouvintes e surdos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

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