O jornalismo televisivo

No início de, a linguagem do telejornal era mais próxima à do rádio
No início de, a linguagem do telejornal era mais próxima à do rádio

Marketing e Vendas

09/04/2013

No início de sua história, a linguagem do telejornal era mais próxima à do rádio, com o uso constante de frases longas, trazendo muitos detalhes sobre os assuntos enfocados. A partir da transmissão da notícia, os acontecimentos eram passados pelo locutor da forma como ocorriam, sendo ainda destacados todos os detalhes, por meio de diversas características. Neste contexto, o “Repórter Esso” repetiu o sucesso obtido no rádio nas transmissões televisivas dos acontecimentos no Brasil e no mundo.

O programa jornalístico foi exibido pela TV Tupi em abril de 1952, com pouco mais de meia hora de duração, sendo que a chamada de Gontijo Teodoro, “Aqui fala o seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”, ao longo de 18 anos, foi tida como padrão para que o público identificasse o início do mesmo.

No âmbito dessa mudança, tem início o “Jornal de Vanguarda” pela TV Excelsior. Os jornalistas eram os produtores do jornal e na sua apresentação havia cronistas especializados em cada editoria. Entre eles, destacavam-se Newton Carlos, Villas-Boas Correia, Millôr Fernandes, João Saldanha, Gilda Müller e Stanislaw Ponte Preta, com seus comentários satíricos sobre a realidade brasileira. Vindos do jornal impresso, esses profissionais levavam a sua experiência para a televisão.

O telejornal era complementado pela participação de Luis Jatobá e Cid Moreira, com suas vozes únicas. Dentro do telejornalismo, o “Jornal de Vanguarda” se tornou um sucesso nos idos de 1960 devido a elementos como a qualidade da seleção das imagens, o texto dinâmico e o formato diferenciado. Foi então destacado, em 1963, como um dos melhores telejornais, recebendo o prêmio espanhol “Ondas” por seu formato inovador.

Contudo, após o “Ato Institucional n.º 5”, o “Jornal de Vanguarda” foi retirado do ar, por esbarrar em questões políticas e militares referentes à Ditadura Militar, antes que fosse condenado, como outros telejornais da época, a perder a qualidade de suas realizações. Para que os textos fossem apresentados da mesma maneira com que chegavam às redações, a censura novamente incentivou o retorno dos locutores ao telejornalismo.

Neste sentido, mais uma vez os jornais ficaram prejudicados, por conta da defasagem da imagem, atrativo principal da televisão, em função do som, ainda que houvesse câmeras mais leves e videotape (equipamento que gravava imagens que seriam transmitidas posteriormente em fitas VHS).

A união de som e imagem no âmbito jornalístico foi iniciativa da Rede Globo, que apesar de não ser a pioneira na área, ditou princípios e regras que norteiam, até hoje, o modo com que se realiza o telejornalismo. O “Jornal Nacional”, telejornal que surgiu como um programa de integração nacional transmitia o seu sinal, pela primeira vez, de norte ao sul do país, no decorrer da Ditadura Militar (1964-1985), devido a grandes investimentos tecnológicos na área, a exemplo do pioneiro sistema de transmissão de satélite e micro-ondas da Embratel, com o patrocínio do governo militar.

O modelo do telejornalismo brasileiro possuía como base a produção do jornalismo clean norte-americano. Todos os outros telejornais da Rede Globo possuiriam o comprometimento com tais técnicas internacionais. Portanto, na época da Ditadura Militar, nos anos 1960, pouco tempo depois de ter nascido o telejornalismo do Brasil, havia a necessidade do cuidado no uso das palavras, uma vez que as questões políticas poderiam influenciar positiva ou negativamente para os telejornais e suas emissoras.

Mesmo com o aprimoramento de sua programação, nos anos 1970, o desenvolvimento do jornalismo na Rede Globo era comprometido com os aspectos estéticos de cenários e apresentadores. Ao mesmo tempo, tal preocupação com a qualidade das imagens de estúdio e da edição das matérias trazia compensações, fazendo com que as potencialidades da televisão fossem exploradas e o telejornalismo adquirisse características próprias.

Na mesma década, a Rede Globo desenvolveu o “padrão global” de linguagem televisiva, sendo que o programa “Fantástico – O Show da Vida” foi a atração que instituiu tal padrão de telejornalismo, em 1973. Era uma combinação homogênea de entretenimento e jornalismo, criado por José Bonifácio de Oliveira, tornando-se tradição aos domingos, nos dois aspectos que até hoje procura abordar: notícias e variedades.

Na década de 1970, a Rede Globo criou o “Globo Repórter”, programa com linguagem jornalística com abordagem voltada para matérias variadas, sem a devida apresentação nos demais telejornais de sua programação. Paralelamente, surgiram o “TV Mulher” e o “Globo Rural”, programas com público fiel ao longo de anos. Nos anos 1980, com a perda de força por parte da censura, surgiram programas jornalísticos diferenciados, como “Vox Populli”, na TV Cultura, “Encontro com a Imprensa”, na Rede Bandeirantes; e “Diário Nacional”, na Rede Record.

Com o programa semanal “Globo em Revista”, a Rede Globo registra sua tentativa dentre os programas de entrevistas e debates ao vivo, que saiu do ar após alguns meses. Novos programas jornalísticos, em 1981, foram apresentados pela Rede Bandeirantes, como o “Variety”, “ETC”, “Outras Palavras”, “Bastidores”, “Nova Mulher” e “Crítica e Autocrítica”.

Estes programas puderam dar contribuições significativas para a fase pós-ditadura, visto que a tendência anterior, ao se ultrapassar a linha imposta pela censura, era de que os programas parassem subitamente de serem transmitidos, e seus profissionais fossem demitidos e perseguidos. Neste sentido, verifica-se que a repressão fez com que muitos jornalistas abandonassem a carreira a fim de que pudessem continuar a atuar, apesar da censura e da possibilidade constante de punições. A situação de patrulha rígida da Ditadura somente mudaria, e lentamente, no início dos anos 1980.

É nesta época que o programa semanal da TV Tupi “Abertura”, por iniciativa de Fernando Barbosa Sobrinho, aposta em um formato totalmente revolucionário de entrevistas, visto que como principal atração contava com a presença de exilados políticos pela força do regime militar, como Darci Ribeiro, Luís Carlos Prestes e Leonel Brizola. Acabou devido à falência da TV Tupi, em agosto de 1980.

No mesmo ano, Fernando Barbosa Sobrinho, na busca de manter tal referência inovadora no jornalismo, criou o “Canal Livre”, na Rede Bandeirantes, cujo apresentador era Roberto D’Ávila. Marília Gabriela e Sílvia Poppovic também apresentaram o programa, feito em tempos em que a censura ainda não tinha acabado. O “Canal Livre” entrevistava, toda semana, uma personalidade do âmbito político. Ficou no ar até setembro de 1983 e teve grande reconhecimento, por meio do prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo.

Surgiram, nesta mesma época, na Rede Globo, como uma iniciativa de fortificar o jornalismo da emissora, o “Jornal Hoje”, e outra atração desta área que era apresentada no fim de noite, com vários títulos, a exemplo de “Amanhã”, “Painel”, “Segunda Edição do Jornal Nacional” e, enfim, “Jornal da Globo”. Para o início da programação jornalística, pela manhã, a emissora criou o “Bom Dia Brasil”, bem como suas respectivas versões estaduais, a exemplo do “Bom Dia São Paulo”.

Entre 1970 e 1980, o surgimento do sistema de redes contribuiu para a qualidade técnica destes programas, visto que a maioria das emissoras regionais até então produziam seus programas, passando a retransmitir os destaques das emissoras de São Paulo e Rio de Janeiro. As notícias das regiões perderam a força e dificilmente tinham espaços em rede nacional, tendo destaque apenas em situação de catástrofe ou de fatos pitorescos.

Nessa época, principalmente aos sábados, os telejornais traziam conteúdos mais leves, para que futuramente, aos poucos, retomassem o seu papel junto ao público, colocando os jornalistas como apuradores dos fatos, apresentando nos jornais nomes consagrados como Cid Moreira e Sérgio Chapelin.

Com direção de Walter Salles, o programa “Conexão Internacional”, na TV Manchete, também ganhou destaque devido à qualidade dos conteúdos abordados. Roberto D’Ávila realizava entrevistas com celebridades mundiais neste programa, sendo que este foi reconhecido em 1986, quando conquistou o prêmio “Rei da Espanha”, pelo conjunto de entrevistas.

No mesmo ano, de forma paralela, ao promover a devida interação da notícia com o telespectador na função de âncora, Joelmir Beting foi o primeiro jornalista a desempenhar esse papel no telejornalismo brasileiro, na Rede Bandeirantes.

Com a perda de força por parte da censura, de uma maneira geral, os programas ganharam apelo popular e verídico. Gil Gomes chegou ao SBT, com o “Aqui Agora”, cujo telejornalismo possuía tais características.

O formato era de um programa argentino com características de programas populares de rádio, principalmente na linguagem. Sucesso imediato, o “Aqui Agora” chegou à marca de 20 pontos no Ibope, em pouco mais de um ano de exibição.

Mesmo com o fim da censura, em meados da década de 1980, a mídia televisiva ainda possuía dificuldades em lidar com uma liberdade maior para realizar programas, principalmente os jornalísticos. Somente a partir de 1983 a TV alcançaria técnicas e estilos que a conduziriam ao alcance do grande público.

Foi adotado o estilo americano de telejornal, no qual uma dupla de jornalistas convocavam as notícias de maneira sequenciada. Os primeiros jornalistas a comandarem tais bancadas vieram do rádio, mas o videotape possibilitaria a devida adaptação de tais profissionais para com a imagem.

Logo, outras tecnologias possibilitariam ainda mais o apoio do grande público, como, por exemplo, a Internet, que na década de 1990 seria um meio complementar, ou mesmo paralelo de informações, a partir do qual o Jornalismo poderia realizar comentários mais detalhados, disponibilizar material não utilizado após as edições das matérias, ou mesmo ouvir a opinião dos telespectadores, na posição de internautas e público crítico das notícias.

A ideia atual de telejornalismo vai além do uso de tecnologias avançadas, mas também conta com a competência dos profissionais da área, atingindo a velocidade necessária para não perder as tendências do público na apreensão de informações, por meio das mídias digitais variadas. O espaço geográfico deixa de ser uma barreira, para que os fatos sejam fidedignamente transmitidos a todo o planeta, no mesmo instante.

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