O revolucionário, a violência e a guerra como mitos modernos

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28/05/2014

Ao longo da história, algumas revoluções, descontentamentos elitistas e populares se destacaram, como a Revolução Francesa, a Inconfidência Mineira e a revolta de Canudos. E criaram-se os mitos do revolucionário, da violência e da guerra. Nesse sentido, o guerrilheiro tinha de ter atitudes violentas nos momentos adequados e um comprometimento exagerado com uma determinada causa e com a guerra, podendo até morrer por uma ideologia que é questionável. Isso conduz a uma época em que, no discurso literário, predominou o pensamento de que o amor e certos ideais somente poderiam ser concretizados após ou com a morte. E remete também ao mal do século, em que se morria por e de amor.

O fato é que a guerra assola a humanidade há bastante tempo. E, na mitologia greco-romana, tem-se Atena (Minerva), que é deusa da guerra, da prudência e da sabedoria. Ela possuía o poder de interferir nas ações bélicas e também de estabelecer a justiça, tendo exercido influência em favor dos gregos na Guerra de Troia.

Contemporaneamente, o revolucionário ainda é visto como alguém que se arrisca e aceita a possibilidade de morrer por causa de uma ideologia ou da pátria. Ele não se importa de sofrer privações. Acredita, como diz Fernando Pessoa (em um poema sobre os infortúnios que os conquistadores de territórios estrangeiros enfrentam), que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Esse tipo de comportamento aconteceu recentemente com o ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos por terroristas, que, ao destruí-las com aviões, sabiam que iam morrer, mas mesmo assim não desistiram. Vale ressaltar que a guerra e o terrorismo estão ligados ao sofrimento e à morte súbita.

Em Che – O Argentino, o mito do revolucionário consiste na tese de que o guerrilheiro deve dar tudo de si pela Revolução e que, embora não seja indestrutível, tem de ser capaz de fazer o melhor pelo bem da pátria e se submeter a privações e até a morte por amor à ideologia pela qual luta.

Os mitos da violência e da guerra dizem respeito à ideia de que é essencial combater belicamente o inimigo para que as ambições ou ideais de um grupo ou país prevaleçam ou para triunfar contra o opressor.

A violência é, na verdade, um instinto natural. Quando um indivíduo ou animal se sente ameaçado ou necessita matar para sobreviver, ele utiliza-se de sua força física para conseguir seus objetivos.

No filme Che – O Argentino, a maneira que se encontra para enfrentar a opressão, a ditadura, a pobreza, a insatisfação com o governo e com o sistema econômico é a guerra, ou seja, estabelecer o que se considera justo por meio da força.

Che, por outro lado, preocupa-se também com a educação dos guerrilheiros, pois percebe que, quando não se é alfabetizado, pode-se ser enganado com facilidade. Ele une a educação à violência e à guerra porque não acredita que somente a primeira seja capaz de resolver os problemas sociais, isto é, para ele, a força ainda é um mecanismo eficaz e rápido para conquistar aquilo que se quer.

Embora os mitos do revolucionário, da violência e da guerra sejam antigos, eles continuam habitando o imaginário das pessoas e se refletem nas ações políticas, econômicas e sociais.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Tânia Damasceno

por Tânia Damasceno

Tânia Damasceno é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e licenciada em letras (português/inglês) pela Universidade Nove de Julho de São Paulo. Sua experiência profissional concentra-se nas áreas de comunicação e idiomas.

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