A Constituição Federal de 1988 afirma, em seu artigo 14 que o voto é secreto e com igualdade em valores. Mas, se o voto é secreto, como são feitas as pesquisas de intenção de voto, porque fazem e porque são divulgadas? Não se configura um desrespeito à constituição?
Isso leitores, é uma contradição. Lembro-me de ter estudado como eram as eleições na velha república, com votos abertos. Existiam até o que o livro chamava de eleições do cacete. O nome era porque se usavam as surras para ganhar eleitores. Talvez seja esse o motivo do segredo.
Mas o voto secreto deveria ser de resguardo total das informações. A urna eletrônica é fabricada e testada para manter o sigilo de quem votou em determinado candidato. Mas insisto: por que são feitas as pesquisas de intenção de voto? O desrespeito à constituição, leitores, se dá pelo fato de que na pesquisa revela-se em que candidato a pessoa deve votar.
Onde está o secreto nisso?
As pesquisas são feitas com amostragem próxima do perfil geral do eleitorado, por meio de tendências relacionadas a esses perfis. Os cálculos são feitos e existem margens de erro e de confiança. Sendo assim, porque interessa tanto encomendar e divulgar as pesquisas. Interessa à mídia as pesquisas ou aos partidos políticos somente? A mídia deveria ser imparcial.
Questiono a validade das pesquisas e a imparcialidade da mídia. A validade pelo sigilo do voto e pela influência que as pesquisas exercem. A imparcialidade porque em sua forma absoluta não existe. Mas as linhas de alguns veículos são tendenciosas e há ligações da alta cúpula com partidos políticos, o que compromete a imparcialidade.
A ligação pode ser de fato ou apenas ideológica, mas a verdade é que a imparcialidade em sua forma absoluta é um mito. Isso confirma o interesse pelas pesquisas de intenção nas eleições. Tenho a impressão de que eles estão torcendo por um candidato.
Mas não se pode negar que as pesquisas influenciam os eleitores e diminuem o nível de civilidade do horário eleitoral. O marketing político é influenciado, pois muda a estratégia à medida que este ou aquele candidato cresce ou cai nas pesquisas. As estratégias determinadas vão desde a estratégia voltada apenas para o conhecimento das propostas até a agressividade.
E os debates seguem a mesma linha do horário eleitoral. Basta ver os debates entre candidatos quando estão no topo. São sempre agressivos quando um deles se sente ameaçado pelos demais.
Em relação aos eleitores, existem aqueles que não se deixam influenciar pelas pesquisas, que votam baseados nas propostas e até mesmo no perfil do candidato. Mas certamente o leitor conhece ou já ouviu falar de eleitor que vota em quem está na frente.
Torce por mudança de estratégia de seu candidato para que ele fique na frente ou impeça outro de se aproximar, sem conhecer os perfis dos candidatos ou por acharem que o adversário dará fim a seus privilégios se ele ganhar. Mas não vota com base na ideologia ou no perfil.
São “Maria vai com as outras”, se deixando influenciar pelas pesquisas, que no ponto de vista desta que vos fala, são um desrespeito à constituição por fazer o eleitor revelar seu voto.
Já vi um programa na TV Brasil, não me lembro de que dia, um convidado que era a favor da pesquisa não ser divulgada, servindo apenas para controle dos partidos.
Não seria uma má ideia, mas se esbarra na liberdade de imprensa (que é tão prevista na Carta-magna quanto o voto secreto). Penso que as pesquisas não deveriam existir, para que dessa forma a Constituição seja de fato respeitada. E vocês, o que acham?
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Gislaine Chagas da Silva
Trabalhou como repórter voluntária do programa de TV A Boa Notícia, da Diocese de Santo André veiculado no canal Eco TV. Atualmente faz consultoria para trabalhos acadêmicos como autônoma.
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