Comentaristas esportivos: imparciais

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14/12/2014

Muito se discute sobre a questão da imparcialidade jornalística, inclusive no Jornalismo Esportivo. Mas os comentaristas de futebol são mesmo imparciais no momento em que emitem suas opiniões para os torcedores que o estão assistindo? Vamos falar desse assunto. Para começar, a imparcialidade não existe em nenhum segmento jornalístico.


A imparcialidade é confundida com ouvir todos os lados ou com o famoso “ficar em cima do muro”. Mas na hora de escolher o assunto e a linha editorial, as fontes, os ângulos na produção de textos, o jornalista é influenciado pelo seu mundo, pela sua visão, pelos seus valores (VIANA, 2013).


Assumir essa neutralidade já é uma escolha que se faz; a decisão de como escrever a matéria é do jornalista, não é do fato (VIANA, 2013). Além de não existir imparcialidade jornalística, também não existe imparcialidade científica (NEGRÃO, 2011).


Para comprovar basta ver como a imprensa se comporta em época de eleições. Nicolelis, citado por Negrão (2011), cita como exemplo as eleições de 2010 em que o partidarismo a favor de um dos candidatos dividiu a opinião dos veículos de comunicação.


Mas o ponto de vista em que se fala da imparcialidade se diverge em alguns pontos com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (Art. 10, alínea e.) , em que a imparcialidade é não produzir uma matéria para o veículo no qual trabalha sobre a empresa na qual trabalha em outro período.


Visto que a imparcialidade é apenas uma utopia a ser perseguida pelos jornalistas, não é de se admirar que algum comentarista esportivo seja tendencioso provocando a ira de torcedores. A editoria de esportes noticia fatos que mexem com a paixão do brasileiro, especialmente os relacionados ao futebol.


Inclusive, alguns deles assumem seus times de coração durante os comentários nos programas esportivos (O Chico Lang é corintiano, a Renata Fan é torcedora do Internacional, o Flávio Prado torce pela Ponte Preta e o Denílson, embora eu não acredite, disse que torce para Palmeiras e São Paulo, dois times rivais do mesmo estado).


Em relação ao estilo de comentário que se vê, alguns deles tentam se controlar e buscar a imparcialidade, mas outros extrapolam, fazendo comentários acalorados a respeito de seus times.


Além do mais, só por curiosidade dos leitores, vou colocar nas referências o link por onde vocês podem acessar os times de coração dos comentaristas esportivos. Portanto, os comentaristas esportivos não são plenamente imparciais.



Referências

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS. Código de Ética dos jornalistas Brasileiros. Vitória, 2007. Disponível em: < http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brbrasileir..pdf>. Acesso em 14 de dezembro de 2014.


NEGRÃO, R. “Não existe imparcialidade jornalística, nem científica”. Carta Capital. Natal, 2011. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/politica/nicolelis-nao-existe-imparcialidade>. Acesso em 14 de dezembro de 2014.


O POLÊMICO. Saiba para quais times torcem os Narradores e Comentaristas. Disponível em: < http://www.opolemico.com.br/Polemicas/esportes/92-saiba-para-quais-times-torcem-os-narradores-e-comentaristas>. Acesso em 14 de dezembro de 2014.


VIANA, V. A utopia da imparcialidade jornalística. Ano 17, nº 741, 2013. Disponível em: < http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed741_a_utopia_da_imimparcialida_jornalistica>. Acesso em 14 de dezembro de 2014.