Açúcar ou adoçante? A pergunta, que há duas décadas poderia causar estranheza, ficou corriqueira. O Brasil, maior produtor e exportador de açúcar do mundo, é um grande consumidor de adoçantes dietéticos.
Homens e mulheres expostos ao sedentarismo, à obesidade e aos problemas decorrentes dessa combinação, triplicaram as vendas do produto, que também passou a ser consumido por quem se preocupa com a boa forma. No entanto, a polêmica em torno da segurança das substâncias que substituem o açúcar vez ou outra vem à tona.
Será que os consumidores sabem como, quando e em que quantidade elas devem ser ingeridas? Nem sempre. As pessoas ainda se vêem confusas sobre o produto ideal a ser adotado na dieta diária e qual a quantidade perfeita para deixar a vida mais doce, sem prejudicar a saúde. Há aqueles que devem consumir adoçantes andam ingerindo açúcar e quem pode ingerir açúcar anda consumindo adoçantes.
O adoçante dietético é produzido a partir de edulcorantes, substâncias naturais ou artificiais responsáveis pelo sabor doce. Eles possuem um poder de adoçamento muito maior que o do açúcar da cana (açúcar comum) e são recomendados para dietas especiais de restrição, formuladas principalmente para diabéticos e obesos.
Embora os adoçantes sejam alvos de muitos estudos, nenhum malefício provocado pela substância foi constatado em pessoas que fazem o uso deles de forma controlada, ou seja, sem exageros. Quando ingeridos adequadamente, os adoçantes não fazem mal. O limite é estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e regulado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
ASPARTAME:
É um adoçante/ edulcorante não calórico (suas calorias são desprezíveis) utilizado para substituir o açúcar comum. Ele tem maior poder de adoçar (cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose). É o adoçante mais utilizado em bebidas. Atualmente, tem sido alvo de muitas críticas, devido ao seu suposto efeito neurológico. A preocupação é o acúmulo de metanol (substância tóxica) no organismo, quando o aspartame tem sua temperatura elevada estocado por longos períodos, entretanto, a concentração de metanol necessária para produzir este acúmulo com efeito tóxico, seria de 200 a 500mg/kg o que representaria 240 a 600 litros de bebidas adoçadas com aspartame em dose única!
A American Dietetic Association (ADA), revisando evidências científicas acerca da inocuidade do aspartame, declarou que este edulcorante não é carcinogênico e não está associado à desordens neurológicas. Os estudos vão ainda mais longe, admitindo que o uso do aspartame é seguro por diabéticos, incluindo aqueles com falência renal crônica.
Quando adicionado a um programa multidisciplinar de gestão de peso, além de favorecer a variedade e a palatabilidade da dieta, pode ser um instrumento eficaz na gestão do peso corporal, a longo prazo. Seu consumo na gravidez e aleitamento também está comprovada. A ingestão do aspartame estaria, em princípio, contra indicada apenas para pacientes fenilcetonúricos, que são são incapazes de metabolizar a fenilalanina, um dos compostos produzidos na decomposição do aspartame.
CICLAMATO DE SÓDIO:
É um adoçante sem calorias 30 vezes mais doce que a sacarose (açúcar de mesa). É solúvel em líquidos e, por ser estável no frio e no calor, tem uma vida útil longa. Ao ciclamato e a ciclohexilamina (seu principal metabólito) foram interpretados pelo FDA (Food and Drug Administration) como indutor de câncer de bexiga em ratos. O ciclamato é ilegal nos Estados Unidos (1969), Inglaterra (1970), França e Japão, porém, atualmente é um aditivo autorizado pelo Parlamento Europeu, com restrições e em mais de 100 países, incluindo o Brasil.
A Ingestão Diária Aceitável (IDA) de ciclamato foi definida como 11mg/kg* de peso corporal pela JECFA (Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) e como 7mg/kg de peso corporal pela SCF (Scientific Committee on Food). Devido ao potencial carcinogênico em animais e à escassez de informações, recomenda-se que o uso de ciclamato também seja evitado durante a gravidez e aleitamento materno. *Exemplo: para uma pessoa de 70 kilos ---> 70kg x 11mg = 770mg / dia de ciclamato.
SACARINA:
É um dos mais antigos adoçantes não calóricos. Descoberto em 1879 por Ira Remsen e Constantine Fahlberg da Universidade Johns Hopkins. É uma substância artificial derivada do petróleo e é 300 vezes mais doce que a sacarose. A sacarina não é metabolizada, é excretada sem alterações pelo organismo. Não existe comprovação da sua toxicidade em humanos, apesar de químicos não descartarem a possibilidade do consumo em excesso de sacarina estar ligado à casos de câncer.
Como as informações disponíveis sobre a segurança do consumo de sacarina são limitadas, sugere-se que o uso deste adoçante seja evitado tanto durante a gestação (tanto estudos em animais quanto em humanos demonstraram que a sacarina seria capaz de atravessar a placenta e alcançar o organismo do feto), quanto na amamentação (a sacarina é excretada no leite materno e há evidências de que suas concentrações aumentariam progressivamente após ingestões repetidas da substância).
ACESSULFAME - K:
É um adoçante dietético, descoberto em 1967 e que obteve a aprovação da FDA (Food and Drug Administration) em 1988 para uso em alimentos como: Doces, Bebidas, Gomas de mascar. Possui ainda um sabor residual que se assemelha à glicose. Não é metabolizado pelo organismo humano. Uma vez ingerido, ele é eliminado pela urina sem degradação alguma.
Resiste à altas temperaturas, mantendo-se estável. Por esta característica, pode ser utilizado em alimentos quentes. Pessoas que necessitam limitar a ingestão de potássio (K) devem ser orientadas pelo médico e nutricionista quanto ao consumo deste produto. Estudos com animais demonstraram que o acessulfame-K não possui toxicidade e não causa mutações ou câncer durante a gestação.
No entanto, não há estudos controlados em humanos. No que diz respeito ao aleitamento materno, não há dados disponíveis que corroborem para que se possa recomendar o consumo de acessulfame-k durante esta fase.
SUCRALOSE:
Sucralose é um adoçante artificial, não calórico, conhecido no mercado como Splenda. É 600 vezes mais doce que a sacarose, 2 vezes mais doce que a sacarina e 4 vezes mais doce que o aspartame. O FDA (Food and Drug Administration) permite um alimento ser considerado 0 em calorias quando o alimento ter menos de 5 calorias por porção. Apenas uma pequena quantidade deste composto é absorvida, esta sendo totalmente excretada (urina e fezes). Para investigar a segurança da Sucralose, a FDA analisou dados de mais de 110 estudos com seres humanos e animais.
Muitos dos estudos destinavam-se a identificar possíveis efeitos tóxicos, inclusive efeitos carcinogénicos, reprodutivos e neurológicos. As conclusões dos estudos foram que a sucralose não tem efeitos teratogênicos ou mutagênicos, não apresentando, portanto, toxicidade na reprodução e ao feto.
Administração a crianças não causa riscos à saúde nem interfere no crescimento normal. De acordo com a Associação Canadense de Diabetes e o JECFA (comitê especializado em aditivos alimentares do FDA), uma pessoa pode consumir 15 mg/kg/dia de Sucralose sem ter nenhum efeito para a saúde. Entretanto, não existem dados disponíveis para recomendar seu uso durante a lactação.
**NATURAIS** FRUTOSE:
É um monossacarídeo calórico, muito encontrado em frutas. É mais doce que a sacarose, que é o açucar refinado comum, encontrada em cana-de-açúcar, que é um dissacarídeo proveniente da junção da frutose com glicose (dextrose). A frutose também é encontrada em cereais, vegetais e no mel. A frutose e a glicose estão fortemente presentes nas uvas, e são a base química do vinho.
SACAROSE:
Também conhecida como açúcar de mesa (calórico), é um tipo de glícido formado por uma molécula de glicose e uma de frutose. A sacarose, o açúcar comum comercial, é amplamente distribuído entre as plantas superiores. Encontra-se na cana de açúcar e na beterraba, sendo que o suco da primeira, a garapa, contém de 15-20% e o da segunda de 14-18% de sacarose.
SORBITOL:
Também conhecido como glucitol, é um álcool de açúcar encontrado naturalmente em diversas frutas, como no bagaço do fruto da sorveira. Seu poder de dulçor é 50% menor que o da sacarose, entretanto não causa cáries. É utilizado como alimento há mais de meio século. Entra na composição de produtos farmacêuticos e cosméticos. Na indústria alimentícia é utilizado como: adoçante, na confecção de condimentos, como os chicletes "sem açúcar"; edulcorante, emulsificante, sequestrante e espessante. É calórico.
XILITOL:
É um adoçante natural encontrado nas fibras de muitos vegetais, incluindo milho, framboesa, ameixa, entre outros. Também pode ser extraído de alguns tipos de cogumelo. O Xilitol é tão doce quanto a sacarose, mas cerca de 40% menos calórico. ESTÉVIA / STÉVIA: A Estévia, uma planta originária da região noroeste do Paraguai e distribuída no Brasil, EUA, Japão e Coreia, contém substâncias, como a Esteviosina e Rebaudiosina-A, que possuem propriedades de equilibrar a insulina, além de adoçar os alimentos. O poder de adoçar chega a ser 250 vezes maior do que o açúcar convencional (sacarose). É considerado um bio-adoçante sem calorias e de alta qualidade, pois, este, permanece estável sob altas temperaturas (100º C).
Estudos em animais e humanos indicam que esse adoçante possui a capacidade de combater o aumento da pressão arterial e de diminuir os níveis de glicose no sangue de pacientes diabéticos, contudo, não foi observado os mesmo efeitos para indivíduos saudáveis. Não produz efeitos adversos sobre a gestação em animais, porém não existem estudos em humanos. Também, não existem dados disponíveis para seu uso durante a lactação.
Com esses dados, podemos concluir que uma vez que a segurança da ingestão de adoçantes ainda é uma questão em estudos, deve-se ter cautela ao optar pelo consumo destes produtos. Assim, o bom senso seria fundamental, no momento da escolha. Em outras palavras, para um indivíduo diabético ou com sobrepeso, o consumo de adoçantes pode fazer-se necessário.
No entanto, no caso de pessoas saudáveis e eutróficas (com medidas e peso dentro da normalidade) vale a pena fazer refletir se realmente há necessidade de consumir adoçantes, uma vez que muitos deles contêm lactose como veículo de suas substâncias edulcorantes, portanto, pessoas com intolerância à este carboidrato deve ficar atento principalmente aos adoçantes em pó.
É fundamental procurar um profissional nutricionista qualificado que será capaz de avaliar a situação específica de cada um e auxiliá-lo na decisão sobre este e outros aspectos relativos à sua saúde. Nutricionista Bruna Passos
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Bruna Maria Di Chiara Oliveira Passos
Nutricionista graduada pela UNIP de São José dos Campos/SP.
Com cursos de extensão em Nutrição aplicada à Medicina Estética, Dietas da Moda, Aproveitamento Integral dos Alimentos, Nutrição Materno Infantil e Nutrição na Atividade Física e no Emagrecimento . Colaboradora da Revista para Diabéticos e do site Semlactose, reportagem sobre saúde dos sites IG e UOL e colunista no Portal Educação.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93