27/01/2016
O câncer é a causa em cerca de 23% de mortes a cada ano nos Estados Unidos e está estimado para ser a principal causa de mortalidade em adultos norte-americanos com menos de 85 anos de idade. O risco atual para os americanos é estimado como um em cada três para as mulheres e um em cada dois entre os homens. A probabilidade de desenvolver câncer é maior para os homens que para as mulheres. As taxas de pessoas com câncer variam entre os países, mas estudos têm demonstrado um aumento mundial projetado para mais que o dobro até 2030.
O câncer é uma enfermidade que surge de um crescimento celular desordenado. O surgimento do câncer é um processo evidenciado por várias etapas: iniciação, promoção e progressão. Uma série de fatores exógenos são conhecidos por causar câncer, incluindo os seguintes: o uso do cigarro, os agentes infecciosos (por exemplo, bactérias, parasitas, vírus), medicamentos, radiação, exposição a substâncias químicas (por exemplo, compostos orgânicos utilizado em plásticos, tintas, adesivos), componentes cancerígenos encontrados em alimentos e bebidas (por exemplo, as aflatoxinas, aminas heterocíclicas, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, compostos de N-nitroso).
Historicamente, as populações evoluíram a partir de uma sociedade essencialmente agrícola para uma cultura urbanizada e a qualidade dos alimentos e bebidas consumidos mudou rapidamente, ocasionando um impacto sobre o risco para a doença. Desde a segunda metade do século XX, as evidências mostram que a dieta desempenha um papel significativo no desenvolvimento de muitos, das principais causas de morte no mundo, incluindo doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, diabetes, acidente vascular cerebral e doença renal. Paralelamente a mudança de hábitos alimentares, que tende a acompanhar o desenvolvimento econômico e a urbanização, mudanças profundas nos padrões de atividade física também ocorreram: populações tornaram-se extremamente sedentária com os avanços tecnológicos que foram integrados à sociedade. Essas mudanças de estilo de vida resultaram em um outro problema que está se tornando uma epidemia global, a obesidade. Desde a década de 1980, o número de pessoas no mundo que se tornaram obesos ou com sobrepeso disparou. Nos Estados Unidos, mais de 66% da população é considerada com sobrepeso ou obesos. No Reino Unido, 65% de homens e 56% das mulheres estão com sobrepeso, 22% dos homens e 23% das mulheres são obesos. Na China, mais de 20% da população é considerada acima do peso em algumas cidades, enquanto que o número de pessoas consideradas obesas aumentou em 7% da população. Embora esta última taxa seja considerada baixa em comparação com a as taxas de obesidade observada em outros países, ela representa uma triplicação da obesidade entre os anos 1992-2006. E a tendência é que a obesidade deverá continuar aumentando dentro da população mundial.
O comportamento de sobrevivência do câncer inclui o tratamento e a recuperação, bem como a convivência com um câncer avançado. Cada fase está associada a necessidades diferentes e são desafios para o paciente, cuidadores e médicos. Tanto o câncer quanto as terapias oncológicas utilizadas para o seu tratamento podem ter efeitos profundos sobre o estado nutricional do indivíduo, tornando assim a nutrição um importante componente de cuidados médicos. A má nutrição, especialmente no câncer, está caracterizada por uma variedade de sintomas clínicos, incluindo perda de peso, má cicatrização, desequilíbrios de fluidos e eletrólitos, baixa da função imunológica e aumento da morbidade e mortalidade. Embora todos os pacientes com câncer estejam em risco nutricional, nem todos os pacientes com câncer tornam-se desnutridos. Portanto, a avaliação e triagem nutricional, incluindo o monitoramento contínuo e o acompanhamento, são crucias para prevenir ou minimizar o desenvolvimento da desnutrição em todas as fases do tratamento.
Câncer e desnutrição.
Uma das questões nutricionais mais significativas que podem surgir durante o tratamento é a desnutrição. A má nutrição pode resultar do processo da doença ou a partir da utilização de terapia anti-neoplásica, ou de ambos. Os efeitos secundários relacionados com as terapias oncológicas comuns, incluindo quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, e cirurgia, são os principais contribuintes na promoção de uma deterioração no estado nutricional. A desnutrição também tem um efeito negativo sobre a qualidade de vida. Pacientes com câncer relataram que alterações na imagem corporal afeta negativamente sua autoestima, os relacionamentos, a espiritualidade, a atividade física, e a convivência em sociedade. Modalidades de tratamento oncológico (por exemplo, quimioterapia, radioterapia, cirurgia) podem ter um impacto profundo sobre a ingestão oral, levando à má qualidade do estado nutricional e subnutrição.
Intervenção nutricional em pacientes com câncer.
Manutenção ou melhoria do estado nutricional é o objetivo fundamental da terapia nutricional para indivíduos em tratamento para o câncer. Embora muitos pacientes tolerem bem a terapia e experimente poucos ou nenhuns efeitos secundários, a desnutrição ainda é uma entidade comum que afeta a qualidade de vida e sobrevida para muitas pessoas com câncer. Como descrito anteriormente, muitos fatores contribuem para a promoção da deterioração do estado nutricional. E para manter ou melhorar o estado nutricional, todas as barreiras associadas à ingestão oral devem ser abordadas de forma agressiva, a menos que esta intervenção não se justifique. Modificações na dieta e hábitos alimentares podem ser necessários durante o tratamento, para reduzir ou eliminar os efeitos colaterais da terapia. A manutenção de peso é fortemente recomendada durante a terapia, com o ganho ou perda de peso sendo recomendado com base no estado nutricional do indivíduo. Necessidades de calorias e proteínas podem aumentar durante o tratamento.
Embora não exista um consenso sobre as necessidades de calorias e proteínas ideais para pacientes com câncer, diretrizes atuais recomendam uma faixa calórica de 25-35 kcal / kg / dia e 1,0-1,5 g de proteína / kg / dia para preservar ou melhorar o estado nutricional. Tendo em conta que muitos pacientes com câncer sofrem alterações severas na ingestão nutricional, o apoio nutricional especializado deve ser considerado não só para a melhoria e/ou manutenção do estado nutricional, mas também para promoção da qualidade de vida. Para pacientes passando por transfusão de sangue ou transplante de medula, o suporte de nutrição tanto enteral quanto parenteral, é vital.
Bibliografia:
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FRANGELLA, V. S.; TCHAKMAKIAN, L. A.; PEREIRA, M. A. G. Aspectos nutricionais e técnicos na área clínica.
MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição & Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007
Consenso INCA
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Estudante de Nutrição do Centro Universitário do Ceará, ex-bolsista CAPES/CNPq no Programa Ciência sem Fronteiras. Estudei na Facoltà di Medicina e Chirurgia de Pisa - 1 ano. Monitora da cadeira de Anatomia Sistêmica. Cursos no Exterior: Nutrition and Physical Active for Heatlh, University of Pittsburgh. http://lattes.cnpq.br/6681136812904234
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