Avaliação nutricional do paciente hospitalizado.

Avaliação nutricional.
Avaliação nutricional.

Nutrição

27/01/2016

A manutenção da saúde ideal exige níveis adequados de nutrientes essenciais. Distúrbios nutricionais resultam em um desequilíbrio entre as necessidades do corpo e o fornecimento destes substratos para o metabolismo celular. Esse desequilíbrio pode tomar a forma de qualquer deficiência ou excesso de um determinado nutriente e pode ser atribuído quer a um consumo inadequado ou uma utilização ineficiente. O esgotamento das reservas de nutrientes do corpo e, por último, a perda de funções celulares específicas são comuns a muitas doenças agudas e crônicas. Com a terapia nutricional, a perda de nutrientes pode ser prevenida ou revertida e o risco de complicações clínicas pode ser minimizado ou eliminado.

 

A avaliação nutricional é a avaliação do estado nutricional de um paciente (isto é, a condição  de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo de alimentos, assimilação e utilização de nutrientes). A desnutrição, que aumenta a morbidade, a mortalidade e o tempo de internação em hospitais, pode responder rapidamente a uma terapêutica adequada. Portanto, é essencial a avaliação do estado nutricional do paciente, sendo tão importante quanto os testes de diagnóstico disponíveis. A avaliação do estado nutricional é o primeiro passo no desenvolvimento de um plano satisfatório para a terapia nutricional de um indivíduo. Pode fornecer assistência clínica valiosa no tratamento de doenças agudas e pode proporcionar a base para a prevenção de doenças crônicas mais tarde na vida.

 

A avaliação do estado nutricional seria mais fácil se pudéssemos sempre associar um sintoma ou característica específica, com uma determinada deficiência de nutrientes ou excesso. Infelizmente, com algumas exceções (por exemplo, o aumento da tireóide na deficiência de iodo), a falta de especificidade dos sinais clínicos e da improbabilidade de que um indivíduo é deficiente em apenas um nutriente torna a associação direta impraticável; no entanto, qualquer sinal ou sintoma pode ajudar ainda mais a investigação direta para a avaliação do estado nutricional.

 

A nutrição clínica utiliza o exame físico, laboratorial e histórico alimentar, para fornecer os dados para um diagnóstico. Avaliação nutricional completa inclui: medidas antropométricas, avaliação clínica, exames laboratoriais e a avaliação dietética. Cada um destes componentes tem pontos fortes e limitações importantes e nenhuma técnica única irá fornecer uma avaliação completa da saúde nutricional.

 

As medidas antropométricas:


A antropometria é uma técnica desenvolvida no final do século 19. São usadas medições da espessura do corpo para estimar a massa de tecido gordo e magro. É a mais simples e mais quantitativa medida do estado nutricional. Isso é útil na monitorização do crescimento normal e da saúde nutricional em indivíduos bem nutridos, bem como na detecção de deficiências nutricionais ou excessos. As principais vantagens de antropometria são: é simples, segura e pouco dispendiosa, e que pode ser aplicada mesmo em pacientes acamados. A limitação da técnica é que ele pode detectar apenas os nutrientes em anormalidades que resultam em alterações no tamanho do corpo mensuráveis ou na proporção. As medidas mais comumente utilizadas são: comprimento (também em lactentes e crianças jovens) ou altura, peso, circunferência da cabeça (muito usada em lactentes e crianças jovens), prega cutânea do tríceps (PCT), e circunferência do braço.

 

Histórico Clínico do paciente:


Fatores que contribuem para a desnutrição podem ser descobertos a partir do histórico de doenças crônicas, perda de peso e ganho de peso. A anamnese está orientada para identificar mecanismos subjacentes que colocam os pacientes em risco de depleção nutricional. Do relato do paciente, o nutricionista pode detectar razões para um problema nutricional existente ou avaliar a probabilidade de um problema nutricional se desenvolver no futuro. Por exemplo, um forte indício familiar de doença cardíaca irá alertar o nutricionista para pesquisar os níveis de lipídios séricos, como também estimular o paciente a diminuir o excesso de peso corporal.

 

Alternativamente, se o paciente relata alterações recentes apetite, alterações de peso, problemas digestivos, e assim por diante, estes são sintomas de problemas de saúde, que podem definir o estado nutricional do paciente em doença. A utilização de nutrientes pode ser afetada se um indivíduo está em uso de drogas prescritas com contenham um antinutriente e este venha a interferir na relação de absorção dos alimentos. Um histórico médico de saúde é uma medida muito útil de auxilio ao nutricionista clínico (por exemplo, o peso de nascimento para lactentes e crianças, a ocorrência de doença grave, presença de doenças crônicas ou outras doenças que possam interferir com a ingestão e / ou utilização de nutrientes).

 

Durante o exame físico, é dada atenção especial às áreas onde os sinais de deficiência nutricional aparecem. Cabelo, olhos, boca, mucosas, língua, dentes, tireóide, pele, esqueleto, reflexos, e excitabilidade neuromuscular fornecem pistas para a presença ou ausência de defeitos nutricionais. O cabelo, pele e boca são suscetíveis por causa da rápida rotatividade dos tecidos epiteliais.

 

Avaliação Laboratorial:


A avaliação laboratorial pode identificar anomalias relacionadas com nutrientes específicos, tais como anemia, deficiência de ferro, ou deficiência de proteína. Testes bioquímicos fornecem o primeiro indicativo de anormalidade nutricional antes de alterações clínicas ou antropométricas ocorrerem. Estes ensaios são específicos para o nutriente a ser investigado e, por conseguinte, deve-se ter uma suspeita por razões clínicas de uma deficiência em particular.

Para muitos micronutrientes, técnicas têm sido desenvolvidas e empregadas na avaliação do estado nutricional. Os testes bioquímicos inclue a medição dos níveis sanguíneos de um nutriente, medição da taxa de excreção urinária, medição da atividade de enzima diminuída no sangue, as mudanças no nível de certos metabólitos, etc. Medições de laboratório, para deficiências de vitaminas e minerais são de uso limitado na avaliação nutricional de pacientes, exceto quando o quadro clínico é altamente sugestivo de uma deficiência de nutrientes específicos (por exemplo, zinco em um paciente com hipogeusia). Para os pacientes mais doentes, uma avaliação do estado de proteínas e calorias é, de longe, a questão mais importante.

 

Avaliação Dietética:


A avaliação dietética é um complemento importante para as outras três avaliações, pois
fornece a descrição do quadro de ingestão alimentar, o que pode ajudar a explicar qualquer
anormalidades clínicas ou bioquímicas observadas e ajuda no planejamento da dieta, bem como proposição de medidas corretivas adequadas.


O Rec24h é um dos métodos mais usados na avaliação dietética. Como o nome indica, o indivíduo é convidado a recordar todos os alimentos e bebidas consumidos durante as últimas 24 horas e, por vezes, o nível de atividade física durante este período. A vantagem do recordatório de 24 horas é que ele requer pouco esforço por parte do entrevistado, mas o consumo em um único período de 24 horas pode não ser representativo do consumo semanal ou mensal atual e, além disso, os dados estão sujeitos a imprecisões devido à falha de memória e erros quantitativos em avaliar o quanto foi consumido.

O aumento da sensibilidade do teste pode ser por meio de perguntas específicas sobre o consumo e as compras da família de itens alimentares individuais, tais como pão, leite, legumes, ovos, bebidas, e assim por diante do paciente.


Uma avaliação mais precisa pode ser realizada, tendo o paciente que manter um diário de dieta por 1 semana, por exemplo. Todos os alimentos e bebidas ingeridas com quantidades aproximadas são registrados no momento do consumo real. Os dados obtidos a partir destes registos são então avaliados. Compreender as práticas alimentares de um indivíduo e padrões de consumo permite que o nutricionista identifique deficiências nutricionais, desequilíbrios e excessos.

 

 

Bibliografia

 

MUSSOI, T. Avaliaçao Nutricional na Prática Clínica - da Gestação ao Envelhecimento. 1ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014

MORTIZ B., MANOSSO L.M. Nutrição clínica funcional. VP editora. 1ª edição - São Paulo: 2013

MAHAM, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 12ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010

 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Zeura Cenira de Oliveira Saraiva

por Zeura Cenira de Oliveira Saraiva

Estudante de Nutrição do Centro Universitário do Ceará, ex-bolsista CAPES/CNPq no Programa Ciência sem Fronteiras. Estudei na Facoltà di Medicina e Chirurgia de Pisa - 1 ano. Monitora da cadeira de Anatomia Sistêmica. Cursos no Exterior: Nutrition and Physical Active for Heatlh, University of Pittsburgh. http://lattes.cnpq.br/6681136812904234

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