Estimativa da Idade por meio do Estudo do Crânio e dos Dentes

Metodologia para estimativa de idade: fechamento de suturas cranianas
Metodologia para estimativa de idade: fechamento de suturas cranianas

Odontologia

14/05/2012

A estimativa da idade normalmente é realizada observando-se a estatura, o peso, a presença de rugas, caracteres sexuais secundários e pela análise do desenvolvimento ósseo e dental.

Uma das metodologias a ser utilizada para a estimativa da idade pelo crânio é o fechamento de suturas cranianas. Dorandeu et al (2008). Recentemente publicou um artigo para a estimativa de idade pelas suturas cranianas (Figura 28) com desvio-padrão de 1 a 18,4 anos, como demonstra a tabela 2.

FIGURA 28 - AVALIAÇÃO ANATÔMICA E VISUAL DO ESTÁGIO DA SUTURA CRANIANA


Tabela 2: Avaliação do estágio da sutura craniana demonstrada na figura__ com a estimativa da idade e a idade real do indivíduo, com o valor do desvio-padrão.



Estudos demonstram que os dentes são as estruturas orgânicas que fornecem os melhores subsídios para a estimativa da idade, sofrem menos interferências de fatores sistêmicos e de desnutrição, principalmente da vida fetal até os 21 anos aproximadamente, que termina o desenvolvimento dentário.

Dessa maneira, quanto mais jovem, mais próximo da idade cronológica será a estimativa da idade.
Para isso, o maior número de informações é necessário, tais como a mineralização e sequência de erupção dentária, presença de patologias odontológicas (cáries, exodontias e periodontopatias) e sinais de envelhecimento (desgastes fisiológicos) (Silva, 1997).

Inúmeros autores descreveram métodos para diferentes populações ao redor do mundo (Kvaal et al, 1995; Schmeling, 2007; Cardoso, 2007).

Um exame direto por meio de exame clínico é realizado analisando-se o número de dentes irrompidos, sua sequência eruptiva e o estado geral dos elementos dentários.
É realizado também um exame indireto por meio de radiografias, que permite a análise mais completa para a estimativa da idade pelos dentes.

Alguns aspectos podem influenciar no exame de estimativa de idade pelos dentes (Silva, 1997):

Analisar se os dentes estão presentes, principalmente em esqueletos;

Sexo:

A erupção dos dentes é mais precoce nas meninas;
Variação média de seis meses para o um molar inferior e três meses para o dois molares superior.

Arco:

Na mandíbula, erupciona primeiro do que o homólogo na maxila.

Biótipo

Crianças magras a erupção é antecipada em relação aos obesos.

Influências hereditárias:

Fator de peso

Investigar o padrão de erupção familiar (difícil).

Desenvolvimento dos maxilares:

Perda precoce dos dentes decíduos;

Irá retardar ou acelerar a erupção dos mesmos, dependendo da época da esfoliação.

Tipo de oclusão.

Tipo de alimentação:

A desnutrição grave pode afetar no desenvolvimento dentário.

Diferenças populacionais.

Clima:

Regiões de clima quente: precocidade de erupção, quando comparada a climas frios. Situação econômico-social:

Médio e alto: é mais precoce se comparado ao nível baixo.

Ingestão de flúor:

Retarda a erupção dentária;
Relacionado com a incorporação do flúor pelos ossos, dificultando a sua reabsorção.

Perturbações sistêmicas:

Hipertireoidismo acelera, e hipotireoidismo retarda.

Verificar:

Perdas dentárias;
Anodontias;
Parciais;
Totais;
Extranumerários.


A erupção dentária é dividida em:

Pré-eruptiva
Início do desenvolvimento do dente e a completa formação da coroa.

Pré-funcional
Formação da raiz até a oclusão total com o dente antagonista.

Funcional

Pesquisas realizadas por Arbens e Mendel (apud Silva, 1997) utilizam a idade mínima e máxima que o dente está presente, analisando a mineralização dos dentes, no entanto, verificaram que em indivíduos miscigenados podem não corresponder à idade, não sendo aconselhado utilizar a técnica isoladamente.

A técnica mais utilizada e recomendada para a estimativa da idade pelo exame dos dentes aqui no Brasil, em indivíduos até aproximadamente 21 anos, é a descrita por Nicodemo, Moraes e Médici (1974): os autores relacionam os estágios de mineralização dos elementos dentários (Quadro 2):

1.Primeiro estágio do desenvolvimento da coroa;
2.Um terço de coroa;
3.Dois terços de coroa;
4.Coroa completa;
5.Início de mineralização da raiz;
6.Um terço de raiz;
7.Dois terço de raiz;
8.Raiz completa.


Quadro 2: Cronologia da mineralização dos dentes permanentes entre brasileiros, por Nicodemo, Moraes e Médici Filho


Gonçalves e Antunes (1999) realizaram um estudo utilizando amostras da população brasileira para a tabela acima citada e obtiveram conclusões que permitem que a técnica seja recomendada para a população brasileira:

1.O presente método é viável e aplicável dentro da faixa etária considerada, independente do sexo e da cor de pele. Na amostra como um todo, 95% dos erros calculados foram inferiores a 16,8%.

2.Pode ser utilizado por cirurgiões-dentistas sem experiência anterior em sua aplicação. Não houve diferenças significativas entre as análises realizadas pelos diferentes examinadores.

3.A eliminação de valores visivelmente discrepantes do contexto geral da radiografia pode beneficiar os resultados obtidos pelo método.

4.Sugere-se a incorporação de outras características populacionais para a análise, como fatores hereditários e ambientais, nutricionais, doenças atuais, preexistentes e congênitas, nível socioeconômico e suas possíveis correlações com os resultados obtidos com a utilização do método, além de aumentar a amplitude etária, para se avaliar até que idade o método mantém o bom desempenho obtido no presente estudo.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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