Próteses parciais removíveis na terceira idade

Os conectores são partes das próteses parciais removíveis
Os conectores são partes das próteses parciais removíveis

Odontologia

14/02/2013

Para o planejamento das próteses parciais removíveis em idosos diversos fatores anatômicos devem ser considerados, principalmente os relacionados aos rebordos alveolares.

As perdas de tecido mole e ósseo de cristas edêntulas podem ser classificadas de acordo com a classificação de SEIBERT, que tem importante emprego na determinação estética dos trabalhos que também envolvem próteses fixas:

Uma importante classificação para a prótese parcial removível é a de ELBRECHT (1937), que classificou os rebordos residuais de extremidades livres em: horizontal, descendente distal e ascendente distal.

O melhor tipo de rebordo para receber a ação das cargas mastigatórias é o ascendente distal, desde que essa ascendência seja constituída por osso de suporte e não apenas por fibromucosa mais espessa, situação esta em que a deformação será muito grande, e mais prejudicial ao osso de suporte. Nesse tipo de rebordo a força resultante converge para o interior do rebordo residual no sentido mesial, não ocasionando, assim, a tração deste elemento em direção ao espaço protético.

O rebordo descendente distal é o tipo de rebordo mais desfavorável, pois como se trata de um plano inclinado, quando houver incidência da carga, a resultante convergirá para a distal, apresentando, assim, uma tendência a tracionar para distal o dente-suporte contínuo ao espaço protético.

O rebordo horizontal também representa um rebordo favorável à colocação de prótese. Isto porque quando a carga mastigatória incide sobre esse rebordo, que teoricamente é um plano, ele não apresenta força resultante nem para mesial e nem para distal. Como a força resultante é praticamente zero, haverá uma movimentação menor da sela protética sobre o rebordo.  

Segundo HENDERSON & STEFFEL, 1979, o rebordo residual ideal para suportar uma base protética deve ter uma cortical óssea que recobre um reticulado ósseo, relativamente denso, de uma crista plana e ampla e de vertentes altas e verticais, coberto por um tecido conjuntivo denso e fibroso. No entanto, esse tipo de rebordo raramente é encontrado.

Sobre o suporte dentário de uma prótese parcial removível, é importante ressaltar que as car¬gas mastigatórias deverão incidir o mais próximo possível, paralelo ao longo eixo dos dentes. A forma da coroa deve ser analisada e o ideal é que a coroa do dente-suporte apresente zona retentiva e zona expulsiva, para um perfeito funcionamento do grampo que sobre ela irá atuar, satisfazendo os princípios biomecânicos de retenção e reciprocidade exigidos pela prótese.

Quanto ao número de raízes, os dentes multirradiculares apresentam o eixo de rotação das raízes no terço apical, porém no centro dessas, portanto são considerados ótimos elementos para atuarem como suporte, uma vez que resistem melhor às forças mastigatórias.

Se o dente apresentar raízes múltiplas e divergentes, resistirá melhor às cargas do que aqueles dentes cujas raízes estão fusionadas, já que as forças resultantes se distribuem através de um grande número de fibras periodontais a uma quantidade maior de osso suporte. No caso em que os dentes são unirradiculares, quando forças horizontais são aplicadas nestes dentes, eles sofrem um movimento rotacional em torno de um eixo, localizado próximo ao terço apical da raiz, não representando, portanto, bons suportes para uma prótese parcial removível.

Quanto maior o número de dentes presentes no arco parcialmente dentado, melhor o prognóstco da prótese parcial removível. É importante que os dentes de suporte apresentem uma situação periodontal saudável. A retenção da prótese aos dentes é conseguida através de dispositivos denominados retentores.

Esses elementos podem atuar através de retenção direta ou retenção indireta, dependendo do local e da posição na qual se situem. Quando atuam como retentores diretos, são responsáveis pela retenção propriamente dita da prótese na boca do paciente, impedindo que a mesma se desloque no sentido contrário ao seu eixo de inserção. Quando atuam como retentores indiretos, têm como função evitar eixos de rotação formados ao nível dos dispositivos de retenção direta.

É importante que seja avaliada, em um planejamento de uma prótese parcial removível, a distribuição dos elementos dentais remanescentes ao longo do arco. Quanto à distribuição poderá ser: puntiforme, linear e em superfície.

A distribuição puntiforme ocorre quando a retenção se faz em um único dente, caso em que, em termos biomecânicos, a prótese apresentaria uma situação de prognóstico altamente desfavorável, pois a tendência é ocorrer um movimento de rotação em torno do único dente.

A distribuição linear ocorre quando os dispositivos de retenção direta situam-se em dois ou mais dentes suportes, e a união destes se faz através de uma linha reta. Nestas condições a prótese não será estável e comprometerá a biostática do arco.

A prótese, quando for pressionada por carga mastigatória, funcionará como uma alavanca, tendendo a girar em torno de seu fulcro, representado pelos apoios dos dispositivos de retenção direta, necessitando do uso de retenção indireta, visando criar um braço de resistência que manterá a prótese estável em seu sítio.

Uma distribuição será em superfície, a partir do momento em que se estabelece uma terceira quarta ou quinta conexão, não havendo uma distribuição linear.

Em 1925, KENNEDY elaborou uma classificação para os diferentes tipos de próteses parciais removíveis e de desdentados parciais. A Classe I de KENNEDY compreende os casos de desdentados posteriores bilaterais, e pode ser dividida em modificação 1 e modificação 2. A modificação 1 da Classe I ocorre quando o paciente é desdentado posterior bilateralmente e apresenta uma falha intercalada no segmento anterior. A modificação 2 da Classe I ocorre quando o paciente é desdentado posterior bilateral e apresenta duas falhas intercaladas no segmento anterior.

A Classe II de KENNEDY compreende os casos de desdentados posteriores unilaterais, e também pode ser dividida em modificação 1 e modificação 2. A modificação 1 da Classe II ocorre quando o paciente é desdentado posterior unilateral, com uma falha intercalada nos outros segmentos. A modificação 2 da Classe II ocorre quando o paciente é desdentado posterior unilateral, com duas falhas intercaladas nos outros segmentos.

Segundo a classificação de KENNEDY para próteses parciais removíveis, a Classe III compreende os casos de desdentados posteriores unilaterais, que apresentam dentes pilares posteriores. A Classe III pode ser dividida em modificação 1 e modificação 2. A modificação 1 é quando o paciente é desdentado unilateral posterior com pilares posteriores e que apresenta uma falha intercalada nos outros segmentos. A modificação 2 é quando o paciente é desdentado unilateral posterior, com pilares posteriores e que apresenta duas falhas intercaladas nos outros segmentos.

A classe IV de KENNEDY refere-se ao desdentado anterior. Este tipo de classificação não aceita modificações, pois se existisse mais de um espaço protético, o caso se enquadraria nas outras classificações.

Os grampos e apoios oclusais são elementos constituintes dos retentores e são elementos mecânicos responsáveis pela retenção, suporte e estabilidade da prótese parcial removível, em relação aos dentes pilares. Os retentores retêm e suportam a prótese, impedindo que esta se desloque no sentido gengivo oclusal e oclusogengival. Estabilizam a prótese impedindo que se desloque lateralmente, durante os movimentos mandibulares funcionais e habituais do paciente.

A sela é o elemento da prótese parcial removível que se ajustará ao rebordo residual na região desdentada, podendo contribuir para a estabilização da prótese e do dente pilar. Na sela, os dentes artificiais são fixados e ocorre uma remodelação dos tecidos gengivais ausentes.

Os conectores são elementos constituintes das próteses parciais removíveis que têm a função de unir bilateralmente os retentores e selas entre si, e podem ser divididos em: conectores maiores e conectores menores. Os conectores maiores são constituídos de uma barra metálica rígida que une, através dos conectores menores, os retentores e selas entre si. No caso de próteses inferiores, são chamadas de barras linguais e estabilizam bilateralmente a prótese. Os conectores menores são constituídos por uma barra metálica rígida que une o retentor à sela ou ao conector maior, e também apresentam a função de estabilizar a prótese.

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