Aleitamento materno como forma de prevenir má oclusão

Odontologia

19/01/2017

O leite materno é um alimento completo para o bebê até o sexto mês de vida, devendo ser exclusivo até esse período, não sendo necessária complementação. As vantagens da amamentação natural são muitas e não se deve unicamente pela questão nutricional da criança, mas também pelo fortalecimento do carinho, aconchego e afeto, estreitamento da relação mãe/filho, respiração, proteção imunológica que combate infecções, alergias e doenças crônicas. Além disso, é também muito importante os exercícios funcionais realizados pela língua, lábios e bochechas no desenvolvimento de músculos e ossos faciais.

As más oclusões correspondem à desvios ósseos e/ou dentários, que podem ser causados por fatores genéticos, fatores ambientais e/ou interferência em algum órgão do sistema estomatognático. Tal sistema corresponde ao conjunto de órgãos composto por dentes, ossos da face e musculatura facial. Ele desempenha as funções de respiração, deglutição e fala e, as estruturas que o compõem, agem de forma conjunta para determinada função.

As desarmonias estruturais que podem ser ósseas, dentárias e/ou de tecidos moles influenciam nas condições funcionais, bem como na estética facial e nos aspectos psicossociais. A presença de desarmonias que originam as más oclusões pode ser inicialmente observadas durante o crescimento facial, alterando a sua dinâmica.

Desde a vida intrauterina, o ser humano tem o instinto de realizar sucção dos dedos, lábios e língua. Após completar a formação dos dentes de leite, a criança não deve mais apresentar hábitos de sucção, uma vez que, nessa idade, o instinto de sucção deve ser substituído pelo de pegar e morder. A não satisfação das necessidades psicoemocionais devido ao tempo inadequado de amamentação natural leva a criança a supri-las utilizando chupetas, mamadeiras ou o próprio polegar. A permanência do hábito de sucção por períodos prolongados contribui potencialmente como fator etiológico no desenvolvimento da má oclusão.

Através da amamentação natural, o bebê posiciona corretamente a língua dentro da boca e faz movimentos de ordenha no bico do peito. Com esse movimento são promovidos estímulos neurais adequados ao crescimento ósseo e muscular e toda a musculatura craniofacial é estimulada, desenvolvendo-se de forma equilibrada e prevenindo as más oclusões por hipodesenvolvimento. Quando a criança alimenta-se por meio de mamadeira, o fluxo de leite é bem maior que o aleitamento natural, dessa forma a criança atende nutricionalmente suas necessidades em menor tempo e com menor esforço. Em relação ao impulso da sucção, o "fascínio" emocional da criança não é atingido, então ela procura substitutos como o dedo, a chupeta e objetos para se satisfazer.

Entende-se, portanto, que o aleitamento materno oferece ao bebê um adequado desenvolvimento ósseo e muscular, garantindo o perfeito funcionamento e possibilitando saúde geral, física e psíquica à criança em virtude das inter-relações sociais existentes (mãe/filho) e, também, entre o sistema estomatognático e os demais órgãos e funções. Isso confirma a importância da amamentação da sua forma natural no desenvolvimento dos ossos e musculatura craniofacial. 

Autoras

Juliana Andrade Cardoso1, Juliana Cassol Spanemberg2

Cirurgiã-Dentista, Especialista em Estomatologia pela UNIME, Mestre em Odontologia - Estomatologia Clínica pela PUCRS.

Cirurgiã-Dentista, Mestre e Doutora em Odontologia - Estomatologia Clínica pela PUCRS.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Juliana Andrade Cardoso

por Juliana Andrade Cardoso

Especialista em Estomatologia - União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME); Mestre em Estomatologia Clínica - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Professora do Núcleo de Propedêuticas Clínicas e Cirúrgicas da Unime

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