14/04/2017
A diabetes mellitus é uma síndrome caracterizada pela deficiência parcial ou total na produção de insulina ou por resistência à sua ação nos tecidos (ALVES et al, 2006). Pode ser encontrada tradicionalmente em duas formas: o diabetes tipo I e o tipo II. No tipo I, observa-se a ausência da secreção de insulina pela destruição das células beta do pâncreas, tornando o portador dependente da administração de insulina. Já no tipo II, ocorre uma diminuição da sensibilidade dos tecidos à ação da insulina (resistência insulínica) (YAMASHITA et al, 2013). A doença periodontal possui etiologia multifatorial caracterizada pela perda de suporte dentário, que inclui ligamento periodontal, cemento radicular e osso alveolar (SEKO, 2015). Existem evidências que comprovam que a diabetes mellitus contribui como fator de risco para a doença periodontal e vice-versa (KUMAR, et al, 2012) . Não é só a prevalência da doença periodontal que é aumentada em indivíduos diabéticos, mas também a sua progressão e severidade é mais rápida e agressiva (ALMEIDA, et al 2006).
A doença periodontal é considerada a sexta complicação da diabetes, essas doenças apresentam uma associação bidirecional, sendo que a diabetes favorece o desenvolvimento da doença periodontal; e a doença periodontal age, piorando o controle metabólico da diabetes.
Diversos fatores associados à diabetes mellitus podem influenciar a progressão e agressividade da doença periodontal: tipo de diabetes (mais extensa em diabetes tipo 1), idade do paciente, maior duração da doença (maior severidade) e controle metabólico inadequado (Wehba et al, 2004). Os AGEs (produtos finais da glicosilação de proteínas e lipídeos) parecem ser um dos principais responsáveis pelas alterações que levam à doença periodontal, pois estão relacionados produção exagerada de mediadores inflamatórios, que serão liberados, devido a interação dessas AGES com os receptores na membrana de células (RAGEs). Então, essa ligação AGE-RAGE juntamente com a ligação dos monócitos/macrófagos, aumenta o estresse oxidativo da célula, favorecendo a liberação desses mediadores. Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, para alguns autores, a hiperglicemia eleva a expressão de RAGEs, aumentando assim a formação de complexos AGE-RAGE.
O osso alveolar está em constante remodelação, isso caracteriza-se por reabsorção óssea seguida de neoformação. Na doença periodontal, a reparação do tecido ósseo é incompleta, verificando-se uma perda de osso alveolar. Isso ocorre devido ao número elevado desses mediadores inflamatórios, tais como interleucina (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF-alfa), responsáveis pela morte dos osteoblastos e fibroblastos (Novaes et al, 2008).
Pinheiro, em 2006, realizou pesquisas para avaliar as condições de saúde bucal de pacientes diabéticos acompanhados pelo programa Saúde da Família em Belém - PA. Nesse estudo, ao fazer uma comparação de pacientes diabéticos com não diabéticos, em relação a doença periodontal, observou-se que, segundo o CPI (Índice Periodontal Comunitário) desses pacientes, o grupo de diabéticos foi mais comprometido que o grupo de controle (não-diabéticos), pois possuíam, além de maior perda dentária, um nível de bolsas periodontais de 4 à 5 e > 6mm que os não-diabéticos.
Evidências sugerem que a doença periodontal pode induzir e perpetuar um elevado estado inflamatório sistêmico crônico, refletindo um aumento sérico de proteína C reativa, fibrinogênio e interleucinas nas pessoas com periodontite. Assim, similarmente às outras infecções sistêmicas, a infecção periodontal pode induzir à resistência à insulina (QUIRINO et al, 2009), piorando o controle metabólico da diabetes e favorecendo a ocorrência da hiperglicemia.
Mediante os fatos expostos, pode-se afirmar que pacientes com diabetes são mais propícios à progressão da doença periodontal. Por isso, o conhecimento do cirurgião dentista sobre o tema é de extrema importância, já que caberá à ele, juntamente com os médicos, ter uma conduta com cuidados específicos de acordo com a condição do paciente, promovendo, assim, uma otimização na saúde do mesmo.
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EM FORMAÇÃO ACADÊMICA, Aluna do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), Do Curso de Odontologia, Cursando 6º semestre.
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