O TDAH é diagnosticado apenas através de relatos e observações
Educação e Pedagogia
05/02/2013
Recentemente, contei sobre uma menina diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH. A escola tomou a iniciativa de chamar o médico. Desconfiada, a mãe levou a criança para uma segunda opinião. Por fim, resolveu não dar a medicação e trocou a escola. Sábia decisão: a menina está mais tranquila, atenta e feliz!
Então, quer dizer que o Déficit de Atenção não existe? É discutível!
O TDAH é diagnosticado apenas através de relatos e observações. Portanto, é subjetivo, dependendo muito da interpretação de quem o faz.
Quem afirma que o TDAH é real se apoia na Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial de Saúde. Entretanto, a homossexualidade também esteve na lista até 1990. Ou seja, a CID não é tão objetiva, sujeitando-se à forma como entendemos o mundo em um dado momento. Exemplo?
Nela, há o Transtorno Desafiador Opositivo! Para diagnosticá-lo, a Associação Psiquiátrica Americana diz que é preciso ter, ao menos, 4 de 8 critérios, durante 6 meses. Quais? Frequentemente perder a paciência, discutir com adultos, desafiar ou recusar-se a obedecer, perturbar de forma deliberada, responsabilizar os outros por seus erros ou mau comportamento, facilmente aborrecer-se com os demais, sentir-se enraivecido e ressentido, ou ainda, rancoroso e vingativo.
Ora, esse não é o comportamento de muitas crianças? E o que se entende por “frequentemente”? A resposta é: “maior frequência do que se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis”. Vê-se que a definição é imprecisa!
É por se basear em critérios imprecisos que há forte questionamento quanto a existência desses transtornos. Entre os que questionam a existência do TDAH, e o excesso de medicalização decorrente, estão alguns pediatras, Faculdades de Medicina e o Conselho Federal de Psicologia.
Entre os que admitem sua existência, os critérios para avaliar a desatenção são: ser descuidado, tendo dificuldade com detalhes; problema em manter a atenção em atividades ou brincadeiras; não prestar atenção quando lhe dirigem a palavra; dificuldade em terminar tarefas ou seguir instruções; problemas para organizar as rotinas; tentar evitar tarefas que demandem esforço mental prolongado; perder material necessário para as tarefas (ex: lápis, borracha); distrair-se facilmente com estímulos alheios; esquecer-se com facilidade das atividades diárias.
Com relação à hiperatividade, os critérios são: remexer-se na cadeira ou agitar mãos ou pés com frequência; levantar-se abruptamente quando se espera que permaneça sentado; correr ou escalar em situações inapropriadas; dificuldade em brincar de forma tranquila; estar sempre “ligado na tomada”; falar excessivamente.
Tanto para a desatenção, quanto para a hiperatividade, é necessário que 6 desses critérios persistam por, pelo menos, 6 meses. Ainda é necessário que alguns sintomas apareçam antes dos 7 anos e que aconteçam em, pelo menos, dois contextos diferentes como a casa e a escola.
O diagnóstico só pode ser feito por profissionais, mas os responsáveis pela criança têm o direito de questioná-lo. Entretanto, é improvável que pais e educadores o façam. Em boa parte, pela confiança nos profissionais, mas em boa parte, porque a individualização do problema - limitando-o à criança - faz com que o ambiente familiar e escolar deixem de ser investigados como contexto que facilita e até mesmo origina as dificuldades de comportamento da criança.
É nisso que reside a coragem da mãe citada aqui: ela teve a ousadia de procurar uma segunda opinião, refletiu sobre as práticas da escola, as rotinas de casa e, por fim, foi em busca de uma solução mais saudável para a criança, evitando medicalizar o comportamento da filha!
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Adriano Gosuen
Psicólogo atuando em educação e direitos da criança e adolescente. Livro: "Os Fazeres na Educ. Infantil". Esp.: Saúde Mental e Dir. Humanos (OMS/Índia) e Mediação de Conflitos (Familiae). Trabalhou na Secr. Mun. Educ. SP, Min. Público SP, University of New Hampshire (EUA) e African Network Campaign on Education for All. Projetos: Fund Telefônica/Inst Pró-menino, Petrobrás Fome Zero, Min. Justiça
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