O Ambiente do Infante

Outra ação superprotecionista é o hábito de transportar a criança no colo
Outra ação superprotecionista é o hábito de transportar a criança no colo

Educação e Pedagogia

19/02/2013

A criação nasce em um ambiente pronto, um ambiente civilizado, por ser da civilização, um ambiente que reflete cargas culturais, sociais, históricas prontas. Cada nascimento é marco no ambiente espacial, mas não muda a civilização histórica.

Segundo médicos e biólogos, nascer é um acontecimento doloroso. Mais que a morte. A criança sai do ventre materno para um ambiente obscuro que, ao longo do seu desenvolvimento, colocar-lhe-á véus de repressão.

Um dos questionamentos de Montessori é:

Como o meio recebe essa criança desprotegida?

Paralelamente: Professor, como você recebe a sua criança no início do ano letivo. Essa criança nasceu para você, você não a conhece, ela também não te conhece a fundo. Pensa sempre em cada nome de sua chamada antes de vê-los?

O meio recebe esse recém-nascido com SUPERPROTECIONISMO. Os pais são os primeiros a elevar essa atitude. O superprotecionismo é um supervéu que é imposto socialmente pelos superpais desde o nascimento da supercriança.

A superproteção, segundo Montessori, é o primeiro erro do inconsciente materno e paterno.

As crianças recém-nascidas precisam somente das roupas. Sem panos que as engessem ou as apertem. O recém-nascido deve ter a percepção natural do ambiente, da temperatura. Quando está totalmente enrolada, sustém o primeiro véu do superprotecionismo.

Como nos fala Montessori (1980, p. 34):

“A partir do instante do nascimento da criança, o espírito do adulto se exprime sempre nesse sentido: cuidar para que a criança não estrague a roupa, não suje, não incomode.”

Há infinitos exemplos dessas falas pelos sujeitos da escola em que trabalhamos. A mãe, geralmente liga para a escola reclamando que a professora deixou Pedrinho sujar o uniforme de guache e que amanhã não terá outro. Mas a mãe do Pedrinho não pergunta como está o filho na escola, como tem sido a sua participação, como ele está evoluindo.

Do mesmo modo, professores acham um absurdo a mãe enviar a criança para a escola com uma relevante febre. Quantas vezes esse futuro adulto ficará doente e não poderá faltar seus compromissos profissionais ou sociais?

Pais e professores: vamos derrubar o superprotecionismo como erro do inconsciente?

Em tempos remotos, os cuidados com o nascimento se estendiam tanto para o berço de ouro, para as roupas e mantas rendadas tanto quanto para os chicotes e açoites guardados para a primeira sessão de palmatória a fim de corrigir os erros de comportamento. O mesmo ocorria na escola. A palmatória situava-se imponente sobre a mesa do professor para a correção física. Não é isso uma contradição nos termos?

Esses hábitos culturais são denunciados por Montessori como uma afronta à criança psíquica. Ou o pai superprotege e amacia os conflitos ou o pais violenta a tapas a fim de corrigir os desvios dos infantes.

Outra ação superprotecionista é o hábito de transportar a criança no colo. A criança recém-nascida é tolida do seu processo de familiarização com o ambiente, sendo carregada por ela no colo para onde vai, mesmo no ambiente interno da residência. Mais um véu de agressão psíquica.

Diz-nos Montessori: “desde da primeira respiração, a criança deve ser venerada como um milagre da criação e perpetuação da humanidade e não como elemento digno de compaixão.”

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

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