18/03/2013
A sociedade brasileira se indignou com a classe política por questões ligadas aos homossexuais e ao racismo. Foi eleito para presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara um deputado que, segundo a mídia escrita e falada, possui um histórico de alegações quedenota sua posição homofóbica e racista.
Pessoas com este perfil existem em várias instituições organizadas da sociedade. Não raro, encontramos dentro de nossas escolas, profissionais com colocações homofóbicas, mas que costumam negar quando são confrontados com esta alegação. Não é difícil escutar dos profissionais de educação, quando estão reunidos com seus pares, pérolas do tipo: “sabe aquele aluno do segundo ano, parece uma gazela"; ou então recorrer à diretoria da escola para dizer que eles devem fazer algo para consertar determinado aluno em sua turma que se comporta como uma menina e vice-versa.
Certa feita, fui procurado por uma professora que solicitava minha intervenção para “corrigir” um de seus alunos, de seis anos, que gostava de brincar de boneca com as meninas. A discente alegava que não era correto aquela brincadeira, pois menino brincava com outros meninos de carrinho e boneca era brincadeira de mulher. Quando disse à mestra que aquela brincadeira, como qualquer outra, não direcionava para um comportamento homo afetivo e que a escola não deveria se preocupar com orientação sexual de seus alunos e que uma intervenção só seria necessária se aquele aluno estivesse sofrendo algum tipo de perseguição que atentasse contra sua estrutura física ou moral, a professora chamou os pais do aluno e solicitou que o conduzisse para um tratamento psicológico, pois ele poderia se tornar homossexual.
Com certeza, situação como esta ocorre em muitas escolas no Brasil. Os professores alegam que não estudaram para lidar com esta situação, outros invocam as questões religiosas e alegam que a homossexualidade é condenada pela bíblia; existem outros que alegam questões familiares ou culturais e outros justificam sua posição contrária alegando que a homossexualidade é uma doença e quanto mais cedo começar seu tratamento, maior sucesso se encontrará na cura. Condenam a criança por julgarem seus comportamentos contrários às suas convicções.
Várias outras situações ocorrem no contexto escolar demonstrando claramente o medo que esta instituição possui em lidar com esta temática. Piadas, comentários e informações a respeito de gosto e comportamento de determinado aluno (a) que não se encaixa no estereotipo de masculino ou feminino são fartamente apresentados pelos professores no momento do intervalo, e quando questionados sobre sua posição a respeito das questões dos homossexuais, alegam que não tem nada contra, que entendem e aceitam este comportamento.
A escola deveria ser parceira para disseminar o respeito às diferenças e não mais uma instituição a fortalecer as desigualdades.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Ailton Gonçalves de Carvalho Pedagogo - Orientador Educacional da Secretaria de Educação do DF - Especialista em Educação Sexual. Realiza palestra/oficina para professores e pais na área da educação sexual. Contatos: (61) 33012743 resid. (61) 81735952-tim - 84052247- oi.
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