Nascemos com os mecanismos de linguagem específicos da espécie que se desenvolvem normalmente, independente de qualquer problema existente. A comunicação do indivíduo pode apresentar dificuldade quando ele nasce em um ambiente diferente de sua língua materna. Um exemplo disso são as crianças surdas, filhos de pais ouvintes.
A língua de sinais é a língua natural para a pessoa surda e funciona como suporte do pensamento. Ela é o seu meio de comunicação e através dela ele pode pensar planejar, sentir e aprender outras línguas. As crianças surdas filhas de pais surdos têm acesso à língua de sinais desde o nascimento.
Embora seja sua língua natural, não é nessa língua que ele deverá aprender a ler e escrever. A língua de sinais é visual e espacial e a língua oficial do país é auditiva e oral, o que determina que os canais de recepção e emissão sejam diferentes.
Como consequência, o aprendizado da leitura e escrita para os surdos será diferente das pessoas ouvintes. Sua leitura de mundo é feita através de experiências visuais e concretizadas em sua língua natural. No aprendizado da leitura e escrita é necessário ir do mundo para o texto, dos conhecimentos concretizados na língua de sinais e que deverão ser traduzidos para o português.
A língua de sinais é organizada no cérebro da mesma forma que as línguas orais, desse modo como qualquer língua natural têm um período ideal para aquisição. Quando seu aprendizado ocorre tardiamente a criança enfrentará maiores dificuldades.
Existem vários trabalhos na área pedagógica com alunos surdos que tem o auxilio do interprete de Libras, atuando com professores ouvintes que dominam Libras, currículos com adaptações que contemplam aspectos relativos ao perfil dessa clientela.
Aprender a Língua Portuguesa é fundamental para ocorrer o letramento. Para os surdos, o processo de leitura e escrita é complexo e exigirá do educador estratégias específicas.
A leitura e escrita ocupam papel fundamental. É uma ponte para a sociedade ouvinte, para as informações que estão ao seu redor e que permitirão entender os contextos, a comunicação e as trocas desde a idade escolar até a vida adulta.
Letramento é mais do que decodificar os signos escritos, é a utilização eficaz da leitura e da escrita. Dependerá de uma escolarização real, de um trabalho adequado e de material de leitura. O resultado positivo gera mudanças nos indivíduos, consciência e aprimoramento pessoal.
As dificuldades enfrentadas pelos surdos vão desde a educação infantil até o ensino médio, gerando muitas vezes desânimo, culminando com a evasão do aluno.
Para que o processo formal da aquisição da leitura e escrita pode seja iniciado é necessário:
- Que o aluno perceba a importância da Língua Portuguesa na modalidade escrita;
- Que ele aprenda a conhecer a diferença entre as duas modalidades linguísticas.
- Que ele entenda que o processo de alfabetização que lhe permitirá ler e escrever, será em Língua Portuguesa, embora sua língua natural seja a língua de sinais,
- Que ele também possa compreender a importância da modalidade escrita, pois, a oral nem sempre é possível e a de sinais não poderá ser compreendida por todos.
A participação da família em curso de Libras cria um ambiente linguístico adequado a criança. Ela está em processo de construção e deverá ter uma base sólida em sua língua natural para adquirir a Língua Portuguesa como segunda língua.
A leitura deve ser uma das principais preocupações no ensino da Língua Portuguesa para os surdos, sendo também uma etapa para o aprendizado da escrita.
O professor deve estar atento a alguns critérios a serem seguidos para proporcionar a compreensão de seus alunos:
- Fazê-los observar no texto: figuras, pinturas, ilustrações (ênfase aos recursos visuais).
- Identificar com eles os lugares, referências temporais e espaciais.
- Observar no texto: o título e subtítulo.
- Explorar capa (se for um livro), personagens.
- Dar aos alunos explicações antes do início da leitura.
- Utilizar conhecimentos prévios.
- Utilizar outros materiais que possam auxiliar a compreensão.
- Decidir o momento de utilizar o dicionário.
- Dominar a língua de sinais e/ou ter sempre o intérprete de Libras presente e atuante.
O professor deverá considerar o conhecimento que seu aluno tem de mundo e que será útil na aquisição de uma segunda língua. Esses conhecimentos prévios estão relacionados a sua história de vida, o que trazem na memória e suas experiências.
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por Colunista Portal - Educação
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