A banalização de remédios controlados no uso escolar

As escolas ainda tem muito o que aprender sobre TDAH
As escolas ainda tem muito o que aprender sobre TDAH

Educação e Pedagogia

18/05/2013

Em uma publicação no Jornal O Estadão (edição Online/2011) foi denunciado o aumento da venda de remédios controlados para "possíveis" portadores de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). "Possíveis" porque, segundo o referido jornal, o diagnóstico deste paciente está sendo feito por profissionais não qualificados e, também, o diagnóstico é muito difícil de ser feito, na sua maioria, é baseado em relatos de pessoas próximas ao paciente. E a venda desses remédios passou da normalidade, grande parte de jovens e adolescentes em idade escolar no Brasil, são usuários desses remédios controlados.
Diante dos dados acima, percebemos a banalização da medicação controlada. Hoje, nas escolas, criança que não consegue se manter sentada por muito tempo, que não lê um livro inteiro, o deixando quando se aproxima de sua metade - já é diagnosticada como TDAH pelo professores e afins. Isso porque, se o aluno foge do perfil desejado, o mesmo já é tido como anormal.

Todo processo de subjetivação (para entender o conceito ver artigo "Viciados em identidade") ocorre de maneira singular (única) no outro, não há como haver apenas um perfil, um padrão a ser seguido, devido ao caráter singular da subjetividade. E na escola, se o aluno apresenta uma pequena falta de concentração e/ou agitação, a própria instituição de ensino se encarrega de fornecer o "kit padrão" para alunos que apresentam "sintomas" parecidos. Na ocasião do "diagnóstico", este aluno pode ter sido atravessado por problematizações diversas no seu dia, tendo possivelmente dificuldades de constituir um novo campo de coerência (ou seja, está tendo dificuldade de lidar com o problema), reverberando então, na sua desconcentração e/ou agitação, e não em um problema psiquiátrico. 

O professor que não cartografa (observa) a produção de existência de seus alunos em sala de aula, não poderá fazer "cortes de auxílio" (intervir) ao seu aluno, servindo-lhe de apoio em momento de escolhas, por exemplo, em que o aluno é atravessado pela imprevisibilidade. E vê nos remédios controlados uma alternativa de "solucionar" de maneira rápida e fácil o problema que o aluno desenvolve em sala.

A escola produz grande afetação na produção de subjetividade (nas práticas) de seus alunos, mas esta não percebe a sua importante função e se deixa levar pela globalização, que produz universos cambiantes (ambientes em plena movimentação), que exige "obediência" ao modelo vigente.   

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Apollo Neves Marinho Braga

por Apollo Neves Marinho Braga

Sou nascido no dia 07 de fevereiro de 1991, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Sou Casado, blogueiro, estudante universitário, funcionário da SulAmérica Seguros e Previdência e professor voluntário de filosofia (nas horas vagas). Sou graduando em PEDAGOGIA pela FFP/UERJ (São Gonçalo). Adoro estudar Filosofia, Psicologia e Pedagogia. E são essas áreas que vão marcar meus artigos!

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