O capital cultural e a dimensão humana na educação

Educação e Pedagogia

30/11/2013

O sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) cunhou o termo capital cultural para designar os conhecimentos que as crianças já trazem de casa quando chegam à escola. Essa herança estaria na raiz dos mecanismos de perpetuação das desigualdades e do fracasso escolar.

De fato, ao observarmos os resultados da educação pública em avaliações, evidencia-se o abismo que separa os alunos oriundos de estratos sociais menos favorecidos, do universo habitado por aqueles cujos códigos culturais são os mais valorizados pela escola.

Essa abordagem sugere que a escola necessita cada vez mais explicitar seus valores e associá-los a ações em seu interior que propiciem a superação dessas desigualdades.

Como isso pode acontecer? A igualdade de oportunidades, os projetos voltados para desenvolver o senso de pertencimento à escola, a disponibilizacão de atividades culturais, a oferta de livros e materiais interativos e a participação de toda a comunidade escolar no projeto pedagógico da escola são fatores que podem ter impacto positivo na sua qualidade de ensino e aprendizagem.

Mas para que todas essas ações deem resultado, é necessário, antes de mais nada, que a dimensão humana esteja profundamente interiorizada na atuação docente e na gestão da escola. Isso implica numa postura ética, crítica e reflexiva de cada um dos envolvidos no processo educacional, que permita o alcance da compreensão de que para formar o outro é necessário antes formar a si mesmo, como sujeito responsável e protagonista de suas ações.  Esses são os reais fundamentos de uma escola mais humana e igualitária.