A construção do saber no terceiro grau e a formação do professor
O docente deve priorizar o pensamento crítico-reflexivo do aluno e sua autonomia nos estudos
Educação e Pedagogia
21/04/2014
Nos dias da contemporaneidade, o docente no ensino superior exige capacidade de articular seus saberes específicos da disciplina em conjunto com estratégias de ensino-aprendizagem que venham de acordo com os objetivos estabelecidos para serem alcançados.
Uma vez que não apenas o mercado de trabalho busca maior preparo nos estudantes, seja em nível teórico quanto em desempenho e habilidade técnico–profissional, mas também o próprio aluno visa obter maior capacitação e manejo em determinada área do saber, uma vez que o próprio contexto da sociedade volta-se para a “era da informação”, em que visa-se cada vez mais sujeitos que possuam formação de excelência e um repertório de conhecimentos, habilidades e atitudes (pessoais e profissionais) de alto patamar (ZULAUF, 2006).
Embasado nos métodos tradicionais de ensino, o professor mantém o aluno num papel passivo em relação ao processo da aprendizagem, pois como afirmam Gurgel e Leite (2007), esta metodologia visa, predominantemente, à fidelidade reprodutiva do conteúdo comunicado em sala de aula, considerando mais importante a quantidade de informações que o aluno consegue memorizar. Um exemplo de tal alternativa pode ser visualizado nas aulas expositivas que ocorrem em sala de aula, fazendo com que o professor permaneça no papel de “detentor de todo o saber” e nas avaliações e exames escritos que exigem do aluno a retomada de todas as informações transmitidas em sala de aula.
Em contrapartida como destacam Xiaoyan (2003), Kipper e Rüütmann (2010) os meios de ensino contemporâneos buscam verificar a construção do conhecimento e promover uma maior capacidade de pensamento crítico e reflexivo, além de também buscar promover maior senso de autonomia e aprendizagem ativa junto ao estudante. Algumas estratégias de ensino neste âmbito podem ser ferramentas que tornem o alunado o mais ativo possível, seja por meio da elaboração de projetos de pesquisa, realização de trabalhos em grupos ou pares para cumprir determinada atividade ou refletir sobre um estudo de caso, na realização de seminários informativos, debates, momentos de brainstorming (tempestade de ideias) para a busca de soluções problematizadoras, elaboração de mapas conceituais sobre determinada temática previamente especificada, realização de role-play (dramatização) para encenação de situações profissionais reais e execução de dinâmicas grupais em sala de aula. Estas táticas evidenciam o amplo conjunto de possibilidades a serem trabalhadas com a classe no com texto universitário.
Esta modalidade de aplicação do ensino acaba por estar envolvida com o processo de ensinagem destacado por Anastasiou (2011), como sendo uma prática social complexa efetivada entre os sujeitos, professor e aluno, e que engloba a ação de ensinar e o ato de apreender, envolvendo uma parceria deliberada e consciente para o enfrentamento na construção do conhecimento, sendo este resultante de ações promovidas dentro, e fora, da sala de aula, o que pode levar facilmente a uma aprendizagem significativa para o aluno, uma vez que permite a este estabelecer conexões com suas experiências prévias.
Em relação a tal aspecto o professor se torna um agente facilitador do processo de aprendizagem, conduzindo o aluno para um maior entendimento do conteúdo de forma significativa de modo a apreender o conhecimento (PILETTI; ROSSATO, 2010).
Baseado no que retrata o estudioso Gilberto Teixeira, para adquirir maior capacidade de manejo em sala de aula de modo que leve o estudante para um maior processo significativo do conhecimento, o professor universitário deve estar aberto para uma formação contínua, tendo possibilidade de atualizar-se constantemente no seu saber específico, no aspecto pedagógico e em novas propostas de tecnologias aplicadas ao processo de ensino, enquanto simultaneamente pode aplicar procedimentos que ele mesmo vivenciou, na situação de aluno, e captou os resultados da técnica aplicada. De outra forma, este apenas continuará a repetir as mesmas propostas tradicionais, o que é capaz de dificultar uma aquisição e construção do conhecimento mais propícia ao alunado.
Diante de tais considerações, é preciso que o docente no contexto do ensino superior reflita sobre o procedimento que realiza em sala de aula e que esteja atento, não apenas para a realização de especializações em nível stricto sensu (mestrado/doutorado), mas para sua própria formação pessoal e didática, de modo a propiciar um espaço de discussão e construção conjunta do saber junto aos estudantes, adaptando-se às mudanças ocorridas no mercado de trabalho e nas transformações sociais, históricas e políticas da sociedade. Referências
ANASTASIOU, Léa da Graça Camargos. Ensinar, aprender, apreender e processo de ensinagem. IV Seminário de desenvolvimento profissional docente: planejamento e avaliação da aprendizagem na educação superior. Anais. Unipampa, 2011. Disponível em: <http://eventos.unipampa.edu.br/seminariodocente/files/2011/03/Oficina-10-Estrat%C3%A9gias-metodol%C3%B3gicas.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2013.
GURGEL, Carmesina Ribeiro; LEITE, Raimundo Hélio. Avaliar aprendizagem: uma questão de formação docente. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 54, mar. 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v15n54/a09v1554.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2012.
KIPPER, Hants; RÜÜTMANN, Tiia. Contemporary teaching strategies and models capacitating critical thinking and deep understanding in teaching engineering. Joint International IGIP-SEFI Annual Conference, Trnava, 2010. Disponível em: <http://www.sefi.be/wp-content/papers2010/papers/1173.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013.
PILETTI, Nelson; ROSSATO, Solange Marques. Psicologia da aprendizagem: da teoria de condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2011.
TEIXEIRA, G. A capacitação de professores universitários como meio de melhoria da qualidade do ensino. Ser professor universitário. Site. Disponível em:<http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/m%C3%B3dulos/capacita%C3%A7%C3%A3o-de-professores/capacita%C3%A7ao-de-professores-universit%C3%A1rios-como-meio-de-melhoria-d#.UbB7s_msim5>. Acesso em 11 jul. 2013.
XIAOYAN, Weng. Integration of modern and traditional teaching strategies in plant physiology, The China Papers, jul., 2003. Disponível em: <http://science.uniserve.edu.au/pubs/china/vol2/wengxiaoyan.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2013.
ZULAUF, M. Ensino superior e desenvolvimento de habilidades para a empregabilidade: explorando a visão dos estudantes. Sociologias, Porto Alegre, ano 8, n.16, jul./dez. 2006.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Thiago Ribeiro Borges
Especialista em Docência no Ensino Superior e em Psicologia Analítica. Graduado e licenciado em Psicologia pelo UNISAL. Pesquisador dos Grupos de Pesquisa Desempenho Acadêmico e Metodologias Aplicadas e Desenvolvimento Humano e Saúde Mental. É professor de psicologia em cursos técnicos, psicólogo clínico e orientador educacional (Tutor EAD) no Centro Universitário Internacional.
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