Psicomotricidade: Pré-requisito para Alfabetização!
Psicomotricidade: Pré-requisito para a Alfabetização
Educação e Pedagogia
05/05/2015
Psicomotricidade: Pré-requisito para Alfabetização!
Carmen Simmer
Greicy de Togni
Dificuldade no desenho gráfico da letra e na discriminação de caracteres, escrita com sentido direcional contrario ao convencional, traços imprecisos e incontrolados, falta de pressão ou traços demasiadamente fortes, grafismo diferenciado na forma e tamanho. Essas dificuldades são comuns de serem vistas no início do processo de aprendizagem da linguagem escrita, ainda que as crianças apresentem um perfil normal de desenvolvimento. E foi, a partir da preocupação, inquietação e desacomodação que nos incentivamos a pesquisar “soluções” e respostas para tais situações.
Considerando a psicomotricidade como uma prática pedagógica que objetiva colaborar para o desenvolvimento global da criança no processo de ensino e aprendizagem. Assim como, compreendendo que as dificuldades na alfabetização não se relacionam somente com o desconhecimento da serventia da linguagem escrita e de seu funcionamento ou a falta de compreensão do sistema de escrita, mas também, ao fato das crianças não possuírem habilidades psicomotoras bem desenvolvidas. Abordaremos no decorrer deste trabalho a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento das crianças; apresentaremos uma proposta possível de ser realizada na educação infantil que objetiva o desenvolvimento de componentes fundamentais para que não ocorram futuros déficits de aprendizagens.
A psicomotricidade está diretamente ligada ao desenvolvimento integral do ser, pois estuda o movimento humano associado ao ambiente, à cognição, à emoção e às significações. Neste trabalho, consideramos que o corpo fala, e que este é o primeiro meio que a criança utiliza-se para se comunicar com o mundo que a rodeia. Sendo assim, é muito importante oferecermos condições necessárias para que a criança explore tudo o que a cerca, dando um suporte para um melhor conhecimento de seu corpo e de suas habilidades.
Segundo Le Boulch (1987), a educação psicomotora deve ser considerava como base na educação primária, visto que é a partir dela que a criança toma consciência de seu corpo, da lateralidade, situa-se no espaço, domina seu tempo, adquiri habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. No entanto, acreditamos que a psicomotricidade é uma prática eficaz e necessária desde a educação infantil, visto que o desenvolvimento de componentes, tais como: esquema corporal, equilíbrio, coordenação, estruturação especial, temporal e lateralidade são “pré-requisitos” que servirão de base para o sucesso ou fracasso escolar.
A psicomotricidade ao aliar-se com a educação possibilita um caráter preventivo às inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas (LE BOULCH, 1987, P.11). Fonseca (1996) também destaca o caráter preventivo da psicomotricidade, afirmando ser a exploração do corpo, em termos de seus potenciais uma “introdução” [1]às aprendizagens escolares, especialmente, as de alfabetização. Para ele, as atividades desenvolvidas no processo de alfabetização, tais como leitura e escrita, estão ligadas à evolução das possibilidades motoras. Desta forma, as dificuldades escolares estão diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores. Afinal, uma criança que não conhece a si mesma e que não descobriu o mundo que a cerca não conseguirá também relacionar a sua educação escolar com a realidade cotidiana, e uma vez desvinculado esses fatores, desvinculada será sua concentração e capacidade de cognição em relação ao aprendizado.
Com o objetivo de colocar em prática o que estamos pesquisando, escolhemos um grupo de crianças da educação infantil (de 2 e 3 anos) para exemplificar o trabalho a partir de propostas que abordem o esquema corporal, já que este é o pré-requisito para todas as outra habilidades a serem também trabalhadas, como: orientação espacial, agilidade, equilíbrio, percepções, freio inibitório, lateralidade, ritmo, etc. O esquema corporal diz respeito à consciência do próprio corpo, incorporando suas partes posturais e de atitudes tanto em repouso como em movimento. A partir de propostas que trabalhem este componente da psicomotricidade poderemos aprofundar a linguagem corporal e enriquecer a expressividade das crianças por meio do corpo, assim como, estabelecer um melhor controle do corpo e a percepção espacial.
É preciso que a criança conheça e compreenda seu corpo para controlar melhor os seus movimentos, sendo assim, propomos um momento em que o grupo identificasse partes de seu corpo, ao pedirmos, por exemplo: “quem consegue levantar as mãos bem esticadinhas até encostar o céu? quem consegue colocar as mãos no joelho? quem consegue tocar na barriga da professora? quem consegue dar um abraço no colega que tem a mesma cor de cabelo?”.
A partir dos estudos realizados concluímos que o trabalho psicomotor propicia um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade e movimento das crianças, além de realizar um trabalho em elementos básicos ou “pré-requisitos”, condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem. Sendo assim, fica claro que devemos utilizar a psicomotricidade como trabalho pedagógico enfocando o desenvolvimento psicomotor da criança, e sua relação com a alfabetização para que assim se diminua o porcentual de crianças com dificuldade de aprendizagem. O corpo e a mente não se dissociam, andam juntos e trabalham juntos, portanto juntos devem ser “educados” . A psicomotricidade e a educação devem andar lado a lado, ainda mais quando a missão envolve o ensino da leitura e escrita.
Referências:
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. 4. ed. São Paulo: Martins Fonte, 1996.
GIANCATERINO, Roberto. A influência da psicomotricidade na alfabetização. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-influencia-psicomotricidade-na-alfabetizacao.htm> Acessado em: 25/09/2012.
LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora a Psicogenética na Idade Escolar. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1987.
________________________________________ [1] A exploração do corpo prepara para o ensino mais completo.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Greicy de Togni
Pedagoga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Pós-Graduada em Psicomotricidade pela Pontifíicia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Cursando a segunda especialização pelo Portal Educação/ Faculdade Dom Bosco na área da Psicopedagogia.
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