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Educação e Pedagogia
03/06/2015
Pode-se dizer que o entulho da construção civil, que nada mais é do que um conjunto de argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, entre outros, transformou-se em uma situação complexa nas grandes metrópoles brasileiras.
A resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinou que, a partir de julho de 2004, as prefeituras estavam proibidas de receber os resíduos de construção e demolição em seus aterros sanitários. Assim, cada município deveria buscar uma forma de administrar os resíduos provenientes da construção civil.
A partir dessa discussão, o professor Vanderley John (Coordenador de um projeto de pesquisa desenvolvido em parceria com a Escola Politécnica da USP e o Sinduscon/SP) criou um projeto que tem como objetivo desenvolver normas técnicas para viabilizar a reciclagem, controlar o nível de qualidade dos produtos fabricados, além de pesquisar outros meios de uso dos resíduos da construção civil.
Ao levar em conta os resultados de pesquisas anteriores, Vanderley John chegou à conclusão de que o aspecto dos resíduos de construção é incerto, devido à tecnologia não conseguir medi-lo com precisão. Assim, o material que havia sido reciclado e se encontrava em boas condições de uso, era utilizado em funções que não exigiam tanto de sua capacidade. Dessa forma, o produto acabava por ser desvalorizado.
Por essas e outras razões, uma das metas do projeto de pesquisa é criar um conjunto de tecnologias que seja adequado a cada lote, a fim de expandir o mercado para outros tipos de produtos reciclados e que visem à valorização do percentual de boa qualidade. Um ponto importante dessa pesquisa é apresentar às pessoas como o reaproveitamento de um resíduo pode transformá-lo em um produto comercial podendo ser utilizado pela sociedade.
Estes produtos oferecem grandes possibilidades para que se aumente a sustentabilidade social e ambiental, mas pode oferecer riscos um tanto quanto significativos ao meio ambiente e à saúde de trabalhadores que não tenham sido conscientizados a respeito de um processo profissional de reaproveitamento.
Afirma-se que as atividades relacionadas ao setor de construção civil são causadoras de entulho, e a razão de todo esses são as consideradas perdas.
De todo este entulho gerado no mundo, em construção civil, 50% corresponde a materiais de construção que foram desperdiçados. No Brasil, chega-se a produzir 850.000 toneladas por mês de entulho, enquanto que no Reino Unido essa geração chega a 53.000 toneladas por mês e no Japão a 6.000 toneladas por mês. Para saber mais a respeito deste assunto, sobre a reciclagem de entulhos, recomenda-se visitar o site: www.ecofuturo.org.br.
A partir desses dados, destaca-se que no Japão, nos EUA e em alguns países europeus, o reaproveitamento de entulho já pode ser considerado como uma forma de reciclagem de qualidade técnica e econômica.
Enquanto alguns governos possuem leis que obrigam a utilização de materiais reciclados em construções e serviços públicos, o Brasil restringe o uso desse material a locais como aterros e a conservação de estradas de terra.
Em 1991, a Prefeitura de São Paulo criou uma usina de reciclagem com capacidade para 100 toneladas por hora. Esta empresa era responsável por produzir materiais como sub-base para asfalto de vias secundárias, caracterizando-se por ser a primeira empresa do Hemisfério Sul a investir em uma experiência desse tipo.
Se a Prefeitura de São Paulo investe na reciclagem de materiais de construção, a Prefeitura de Belo Horizonte (MG), investiu em um projeto para recuperar áreas que foram degradadas por servirem de depósito clandestino de entulho.
Esse projeto trata-se de uma criação de áreas para a captação de entulho e se completa com a instalação de usinas de reciclagem que serão responsáveis por produzir materiais para serem reutilizados em obras e serviços públicos.
Os benefícios ambientais são um dos principais resultados a serem alcançados com a reciclagem de entulho, eles são mais importantes do que a equação econômica. Esses benefícios não se caracterizam somente pela conscientização de não depositar entulhos em locais inapropriados, como áreas públicas, mas também por diminuir a extração de matéria-prima em jazidas.
A respeito de depósitos desse tipo de resíduos em lugares impróprios, há estudos que apontam que, a reciclagem é mais interessante economicamente falando, do que o depósito de entulho em lugares irregulares.
Esse conceito parte do custo de US$ 10 por metro cúbico clandestino que leva em conta a correção dos depósitos e o controle de doenças, além disso, avalia-se que o custo da reciclagem representa, apenas, 25% de todos esses gastos.
Já a economia dos produtos agregados com base no entulho pode chegar a mais de 80% dos agregados convencionais e, ainda, nos permite produzir componentes com economia de até 70%, se tomarmos como base, componentes que não foram feitos com matéria-prima reciclável.
Podemos concluir que, a utilização de material reciclado em programas de habitação popular traz bons resultados, como o menor custo de produção da infraestrutura das unidades. Porém, não se pode afirmar que a adoção do mecanismo de reciclagem gerará mais empregos, já que todo o trabalho é feito por máquinas e não por mão de obra intensiva.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Colunista Portal - Educação
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