Os museus possuem esta missão sagrada da salvaguarda do passado.
Educação e Pedagogia
30/06/2015
1 INTRODUÇÃO
A memória se funda frequentemente em lembranças que pela sua identidade e sua replicação, funcionam como sinais simbólicos. Mas as múltiplas alterações da reminiscência fazem aparecerem rupturas no reconhecimento da identidade do passado. A cena onde parecem representar-se as origens imutáveis se fragmenta de maneira idiossincrática, não seguindo assim um modelo exclusivo de representação que demonstraria a perenidade de um modo único de percepção.
O universo das lembranças não é igual ao universo das percepções segundo Bérgson, o passado conserva-se, atua no presente, mas de forma homogênea, num processo de autênticas ressureições do passado. A memória se funda frequentemente em lembranças que pela sua identidade e sua replicação, funcionam como sinais simbólicos. Mas a s múltiplas alterações da reminiscência fazem aparecerem rupturas no reconhecimento da identidade do passado.
Na concepção de Pierre Levy, a memória humana possui dois momentos: O curto prazo, e o longo prazo, o foco do primeiro momento é o TRABALHO (o registro necessário), mobilizando a atenção – e no segundo a CONSTRUÇÃO DE UMA REPRESENTAÇÃO, com intensa ativação do sistema cognitivo.
Pierre Levy é um filósofo judeu que se tornou especialista na teoria da inteligência coletiva e precursor da Cibercultura, sendo um dos primeiros a discutir temas como a Wikipédia. No seu Primeiro livro, “As Tecnologias da Inteligência” lançado em 1992, Lévy disserta sobre diversos conceitos, desde o surgimento de um novo formato textual, o Hipertexto, discutindo sua definição e os modos como é empregado, além do impacto social que o computador e suas tecnologias inteligentes causaram na sociedade, até assuntos mais complexos como a Ecologia Cognitiva e o Coletivo Inteligente.
E o museu? Como retrato da memória cabe no ciberespaço?
2. DESENVOLVIMENTO
Do ponto de vista dos princípios, concluiu-se que a museologia popular não está dirigida aos objetos a conservar ou a exibir a um público, mas sim aos objetos sociais; toda investigação museológica vai muito além dos edifícios, ou dos objetos, valorizando as memórias coletivas da humanidade. E assim os espaços ocupados por Museus, sejam eles físicos ou vibrando no ciberespaço, através dos bytes; ou do desligado ao on - traz à luz o compartilhamento humano, de objetos que ao serem percebidos pela comunidade o tornam memoráveis e inteligíveis.
Os museus possuem esta missão sagrada da salvaguarda do passado, que entremeia o presente para a compreensão do devir, num diálogo constante de temporalidades. Nada parece escapar a esse empreendimento de estocagem e de classificação, e acrescidos de significados culturais os objetos que integram todo o tipo de museu, hoje já flutua em bancos de dados virtuais à disposição do Homem, que num clique abre as janelas do pretérito, de um tempo não vivido por ele, após o jantar, em Copacabana (Rio de Janeiro), visitando o Museu do Louvre em Paris...
Técnica, história e memória, caminhando solenes rumo ao DESCONHECIDO (DEVIR), recriando o mamute, ou abrindo o mar vermelho, através da tecnologia que também aliena. O ser humano que esfregou uma pedra na outra, e apropriou-se do fogo tecnológico, hoje como sociedade cibernética se apropria da cibermuseologia, recriando o poder dinâmico da conservação.
Ver, comtemplar, apreciar, sentir, aprender, apreender, tudo isso é possível ao visualizador dos objetos de um museu, que pode realizar... Realmente... uma viagem no tempo, e toda a cultura exógena ou endógena.
E virtualmente, dentro do espaço da web, a visitação aos Museus se perpetua o significado cultural de qualquer objeto e o eleva a categoria de objeto social.
O site do Museu da UFRJ expõe de uma forma bem simples e categórica, a história antropológica do ser humano, com especial destaque para “Luzia”, que é o exemplar humano feminino primitivo (Homo sapiens) encontrado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, é claro que sua bagagem genética, refletida em seus traços fisionômicos nos remete ao continente Africano, e isso torna o momento histórico e antropológico além das fronteiras endógenas de nossa cultura, com o advento tecnológico no que ele possui de mais valia; preciosamente rico e integral nesse novo circuito de contextualização, que leva no além-cliques os indivíduos rumo ao seu passado no barco da internet...
E assim nesta viagem histórica devemos ir, revestidos das ferramentas mais fecundas que nos proporcione a comodidade da investigação e quando aterrissamos em sites como: http://expoafrica.coc.fiocruz.br/br_africa/ tem como foco principal a arte de povos africanos, que focam o corpo como arte, que religa o céu e a terra, entre o material e o espiritual, especialmente dos povos Subsaariana com seus quarenta e sete países; ao sul do deserto do Saara – Cada objeto dessa exposição é singular, porém abarca toda uma coletividade – E isso está ressaltado no fragmento abaixo.
“A importância do objeto reside no tipo de relação que mantém com o elemento humano e na valorização desta relação pela (s) comunidades que ocorre em processos de comunicação. É precisamente esta relação que impregna o objeto de vida e lhe confere um significado cultural, é a valorização é que lhe confere um significado social”.
‘Sim o tecnológico faz parte do conjunto de técnicas aliadas ao momentum da produção de um Museu – pois os gritos do passado se resumem, e se reúnem neste espaço-tempo “museal” que se faz senhor, seja na forma tradicional, ou virtual, o expectador de si mesmo, ou melhor, de sua historicidade, precisa respirar a cultura de seu fundamento histórico.
3. CONCLUSÃO
Texto/Comentário
As duas exposições virtuais, que foram escolhidas mostram de forma eficiente o quanto a História da África é fundamental como disciplina do Curso de História, precipuamente no que tange a vastidão desse gigantesco continente – berço da civilização da terra; e que a visão eurocêntrica embaçada transmitiu às gerações de forma incipiente, tornando cada vez menos importante, uma história belíssima e primordial.
Uma história banhada em sangue e dor, num palco de multicultural, onde reina a sapiência e a originalidade, porém pré-concebido pelo europeu como cultura inferior durante séculos – E em uma das classificações feitas no século XVIII, em um livro sobre classificação taxonômica o cientista Charles Linné (1778) chama o africano de negro indolente e negligente, e regido pelo capricho, e discordando das outras atribuições feitas pelo taxonomista, comprovar-se-á nas fotos anexas a este trabalho de uma das exposições, o quanto o Homem africano é um artista caprichoso.
Realmente site http://www.museunacional.ufrj.br/exposicoes/antropologia-biologica/exposicao do Museu Nacional da UFRJ, em seu setor de ANTROPOLOGIA BIOLÓGICA, ilumina o pensamento humano com a exposição sobre o primeiro objeto humano que refaz a trajetória da humanidade contextualizando o ser, realizando a interação entre memória histórica e percepção através de: textura, dimensões, cor, época, estilos, pormenores.
Quando se observa o retrato de “Luzia” nossa ancestral encontrada em solo mineiro, portanto brasileiro, e percebe-se que esse retrato nada mais é que uma cabeça tridimensional recriada pelo ser humano que tomou posse das ferramentas tecnológicas da contemporaneidade – Depreendem-se desse ato que o objeto aí possui os quatro momentos museológicos: O belo, o técnico, o estético, e o usual; e, portanto constitui artefato simbólico-cultural. E todos os objetos que fazem parte destas Exposições aqui citadas constituem-se em objeto-testemunho em espaço-ambiente.
REFERÊNCIAS
JEUDY, Henry-Pierre. Memorias do Social. Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de Livros, 1990.
NISHIKAWA, Reinaldo Benedito. História da África. 2. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Valéria Sá Guerra de Araujo
Professora de História e Biologia.
Escritora, poeta, atriz, com várias peças escritas e encenadas, livros publicados, Antologias poéticas e prêmios em ambas as áreas. Atualmente dirige o Grupo teatral "Os Atemporais" na cidade de Petrópolis, na Cidade de Petrópolis, onde reside. Ocupa a Cadeira 56 da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro.
Cursa cinema também.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93