10/09/2015
INTRODUÇÃO
O objetivo do estudo é fazer uma reflexão e argumentação sobre o tema conhecimento e experiência sobre gestão dos atuais diretores escolar e seus impactos, embasado nos princípios de uma pesquisa bibliográfica abordando estudos e levantamento de dados estatísticos que possam realmente ser bases de futuros estudos sobre a real preparação dos gestores das escolas, dimensionando alguns impactos no desenvolvimento da educação básica e na estimulação dos profissionais da educação, ocasionados pela falta de preparo dos gestores escolares; refletir os questionamentos como; quais as exigências atuais; para se tornar um diretor? Quantos diretores no espaço amostral têm uma formação complementar em gestão? Qual a preparação ou experiência dos diretores das escolas em gestão? Quais os índices, a satisfação dos profissionais envolvidos quanto ao ambiente escolar, e as possíveis diferenças entre uma instituição em relação à outra que tenha um diretor com formação e/ou experiência em gestão?
Observando o dia a dia das escolas de meu município e aos que tenho algum tipo de contato, percebo em sua grande maioria uma dificuldade dos diretores e equipe pedagógica em cumprir o planejamento inicial e dar o suporte necessário aos professores e alunos, dentre estes realizarem a gestão de pessoas e planejamento estratégico. Abordo isso, pelos vários questionamentos de professores em debates, fóruns e convenções argumentando acerca da viabilidade e usualidade do plano de ensino e seus planos complementares que normalmente ficam esquecidos logo após serem entregues aos seus gestores, além de reuniões cansativas e infrutíferas que quase sempre terminam sem solução e com debates sem finalizações.
Vemos no histórico da educação do país, vários formatos de diretores e direção escolar, é intenção do estudo fazer uma relação da atual gestão escolar com este histórico e concluir se estamos em evolução.
Na concepção da nova Gestão Escolar, destaca a importância e o compromisso do gestor escolar, Bordignon e Gracindo (2000, p. 171), reafirmam que para a escola atingir os objetivos propostos pela educação atual, envolvendo toda a comunidade escolar no processo ensino aprendizagem, precisasse de um gestor democrático, capaz de facilitar a relação entre instituição, família e comunidade. Saviani (2010, p. 179) também cita que o gestor deve ser um profissional em construção, porém com pré-requisitos bem avançados e conhecimentos concretos sobre gestão, ou seja, um profissional com plenos conhecimentos sobre o que fazer e como fazer, também Ibid. (p. 34, 35 e 36) coloca como prioritário em uma gestão democrática e como fundamento para realizar o compromisso político com a educação, a competência técnica do gestor.
Comparando estas colocações e estudos fundamentados por estes importantes educadores citados acima com a atual exigência do estado de Minas Gerais para investidura do cargo de direção de uma escola pública, se pede somente que seja um profissional da educação efetivo, e aprovado no exame de Certificação Ocupacional de Diretor de Escola Estadual, cria um paradoxo de ideias.
Para Teixeira (1968, p.14), “somente o educador ou o professor pode fazer Administração Escolar. Administração de ensino ou de escola não é carreira especial para que alguém se prepare desde o início, por meio de curso especializado, mas opção posterior que o professor ou o educador já formado e com razoável experiência de trabalho”, baseado nesta colocação e outros pensadores, podemos concluir que é compromisso do candidato à gestão, após tomar a decisão de assumir um cargo na administração escolar, se especializar para tal.
Contudo, a importância desta qualificação específica em gestão escolar, se faz muito importante pela complexidade e importância do papel do gestor no desenvolvimento da sociedade como destaca Lück (2000, p.7):
Cabe ressaltar que a gestão escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola, desenvolvam as competências que a sociedade demanda, dentre as quais se evidenciam: pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; expressar ideias com clareza, tanto oralmente, como por escrito; empregar a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver conflitos, dentre muitas outras competências necessárias para a prática de cidadania responsável.
As competências necessárias para a plena execução do papel do gestor vão além de uma formação pedagógica e administrativa, a capacidade de criar e manter relações interpessoais entre toda a comunidade escolar também e um fator determinante para o êxito da implantação de uma gestão verdadeiramente democrática e participativa.
Estamos em um momento no país onde muito se discute sobre a formação dos professores, à educação como direito de todos, muito se estuda sobre seu desenvolvimento, interdisciplinaridade, envolvimento da comunidade escolar com as práticas de ensino, elaboração e aplicação de projetos pedagógicos, nova política educacional, enfim; pede-se para uma mudança radical em toda estrutura curricular e organizacional para que a instituição Escola exerça melhor seu papel e atinja metas ousadas de escolarização e de concretização do aprendizado. Portanto para que uma instituição com tantas cobranças, metas e responsabilidades sociais, espera-se que tenha uma gestão capaz de absorver tamanha responsabilidade, faça planos estratégicos, e aplique uma gestão assertiva para cumprir seus objetivos por completo. É importante citar Lück (2009, p. 15) para fundamentar as competências do gestor escolar democrático, que temos como tendências das políticas públicas educacionais do país:
Não vemos, portanto um efetivo e consistente recrutamento deste perfil de gestor para assumir tamanha responsabilidade, no trecho abaixo da reportagem da revista gestão escolar da editora Abril, retrata um pouco sobre a atual experiência dos gestores das escolas públicas no país.
Os gestores de escolas públicas entrevistados pelo Ibope mostram estar bastante satisfeitos com a primeira graduação que fizeram: 93% consideram a formação inicial boa ou ótima. Contudo, apenas 45% afirmam que ela não foi adequada à prática como diretor escolar, e que a realidade oferece questões bem diferentes para serem resolvidas. Quem hoje está no cargo busca apoio para exercer melhor a função em programas oferecidos pelas redes de ensino das secretarias da Educação e pelo MEC: 82% declaram ter feito algum curso ligado às práticas de gestão escolar de 2006 para cá - sendo que 59% afirmam ter frequentado até três nesse período (daí percebe-se como é recente a atenção dada a essa área). Apesar disso, 20% ainda se sentem impotentes frente às necessidades e carências da escola que comandam. (HEIDRICH e RODRIGUES, 2009, p. 1).
Embora alguns dos entrevistados acima, afirmam participar de cursos a partir do ano de 2006, mostra-se a preocupação tardia dos Governos Federal e Estaduais na preparação dos diretores escolares. Também de acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita, 23 das 24 secretarias estaduais de Educação investem ou oferecem programas de capacitação e formação de diretores escolares e abaixo temos uma demonstração gráfica dos investimentos em aperfeiçoamento para diretores escolares.
Gráfico 1 – Média por região de quanto se gasta por ano em capacitação por diretor
Fonte: Pesquisa "Práticas de Seleção e Capacitação de Diretores Escolares Adotadas por Secretarias Estaduais e Municipais de Educação". FVC, 2011
Pazeto (2001, p.165-166), aponta as seguintes exigências e recomendações em relação à qualificação dos gestores:
a) Formação básica sólida em educação, compreendendo o domínio das ciências que lhe dão fundamentação.
b) Qualificação científica e técnica em gestão de instituições.
c) Formação continuada, visando associar conhecimentos e experiências, e aprimorar o desempenho pessoal e institucional.
Na situação apresentada no gráfico 1, demonstra um trabalho realizado pelas secretarias de educação estaduais para capacitar os diretores escolares em gestão em caráter inicial, tendo em vista que as exigências para ingresso na função não colocam tal conhecimento como pré-requisito. Os investimentos mostrados seriam mais eficazes se tratassem de uma formação continuada, assim como colocado por Pazeto na citação acima.
As ofertas são de variadas formas, seminários, palestras, cursos entre outros, apesar disso, estudos relatam que os conteúdos oferecidos na maioria destes cursos, não atendem as necessidades do dia a dia das escolas atuais, reforçando a questão que estes investimentos não cobrem a carência dos conhecimentos em gestão.
O diretor assume várias competências que não são adquiridas no período de formação inicial do magistério, além de responder pela escola nas esferas jurídica e judicial, também é responsável pela administração dos recursos humanos, materiais e financeiros, pela manutenção da infraestrutura, pela valorização do planejamento e pelo contato com a comunidade externa. Por agregar estas funções às demais ligadas à pedagogia, este profissional deve ter uma preparação diferenciada para conseguir envolver a equipe de professores, coordenadores pedagógicos, administrativo e zeladoria a cumprir os objetivos de servir a comunidade escolar.
Com essa perspectiva, analisa-se, portanto a mudança de paradigma que estabelece uma mudança do enfoque de administração para o de gestão, que vem ocorrendo no contexto das organizações e dos sistemas de ensino, como parte de um esforço fundamental para a mobilização, organização e articulação do desempenho humano e promoção da sinergia coletiva, em seu contexto, voltados para o esforço competente de promoção da melhoria do ensino brasileiro e sua evolução. (LÜCK, 2006, p. 35)
Neste cenário, o papel do diretor escolar passar a exigir um perfil mais atuante e interativo, precisando para tal, de pré-requisitos para tomar atitudes assertivas e agindo rapidamente na resolução de problemas, ou seja, a escola passa a ter mais autonomia para se adequar as necessidades da comunidade em que esta inserida, e para tanto o gestor precisa ter qualificações que vão além dos conhecimentos pedagógicos.
Como toda profissão, a capacitação é fundamental para os bons resultados, a atualização constante e o perfil empreendedor no âmbito atual, são características que não podem faltar a um gestor. Com o gestor escolar não é diferente, os resultados da instituição estão diretamente ligados à capacidade do gestor em envolver toda a equipe pedagógica e comunidade escolar a construir e aplicar o projeto político pedagógico de acordo com o contexto onde a escola está inserida.
Na publicação Lück (2000, p.7) fala sobre a importância do diretor escolar em conseguir trabalhar todas as frentes de forma conjunta, pois todas estão interligadas, tendo em vista que o aprendizado não acontece somente em sala de aula. A organização da escola, o formato de seu funcionamento e as relações interpessoais, agrega ao aluno sua formação e a forma de perceber o funcionamento de uma organização e a importância do cumprimento do papel de cada um dentro de uma organização.
Recentemente o olhar da gestão escolar passou de uma gestão estática, para uma gestão dinâmica, entretanto grande parte dos profissionais que estão nesta função, não se adequou a este novo modelo de gestão. Com as novas atribuições da escola, a ressaltar a autonomia em construir seu projeto político pedagógico, o gestor como parte fundamental nesta construção; dando direcionamento as metas e metodologias que serão implantadas, as capacitações necessárias para cumprir este papel com êxito, vão muito além do conhecer didático-pedagógico.
No ranking geral de 2009 do Pisa - sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos -, a Finlândia, a França e o Reino Unido aparecem na primeira metade da lista. Respectivamente, na terceira, na 22ª e na 25ª posição. O Brasil ficou em 53º lugar, entre os 65 países que participaram do exame. Isso faz pensar no que fazer para aprimorar o ensino nas escolas públicas brasileiras (que concentram 85,4% das matrículas na Educação Básica no país) para mudar esse quadro. Alguns especialistas defendem que pôr à frente delas bons gestores é um bom começo. O despreparo de um diretor, afeta diretamente a docência e a aprendizagem de crianças e jovens. É difícil melhorar a qualidade do ensino sem a atuação de um líder pedagógico. (SERPA, 2011, p. 1)
As secretárias estaduais de Educação, visualizando a necessidade de uma capacitação específica para o gestor a fim de atingir as metas da educação no país, lutam para capacitar os atuais gestores promovendo diversos cursos e palestras, entretanto precisaria muito mais do que esta ação para cobrir a carência do sistema educacional. Os três países citados na reportagem acima exigem que o candidato à direção passe por um curso preparatório com duração de um ano, posteriormente por provas oral e escrita, entrevista e análise curricular, os testes podem variar de acordo com o perfil de gestor que procura para cada instituição, tendo em vista que cada comunidade escolar tem uma necessidade específica.
A priorização por um perfil empreendedor, automotivacional e de liderança democrática, dinamiza o trabalho e dá velocidade na obtenção de resultados, pois consegue envolver toda a comunidade escolar em prol dos objetivos desenhados estrategicamente no projeto político pedagógico da escola, elaborado de acordo com a realidade da comunidade onde a escola esta inserida, assim como, o gestor com perfil democrático esta disposto a observar os momentos, oportunidades e pedidos por uma mudança tanto em sua postura, como em atitudes que possam aprimorar o desempenho da escola.
O que deve ficar claro para o gestor escolar é que o administrativo deve estar a serviço do pedagógico, isto é, deve servir de suporte para a consecução dos objetivos educacionais da unidade escolar. Entretanto, na gestão de uma escola, a preponderância dos aspectos pedagógicos sobre os aspectos administrativos ainda é, para muitos gestores, um grande desafio a ser vencido. Isso se dá devido à forma como a gestão das escolas públicas está estruturada. O papel que o diretor deve ocupar, nesse momento, difere, em muito, daquele burocrata, centralizador do poder, que está a serviço da burocracia e do Estado ou do Município. Ao diretor, cabe romper com essa postura autoritária e de passividade diante das orientações vindas de cima para baixo, como se fosse um funcionário burocrático do sistema. Esse diretor, aqui entendido como sinônimo de gestor deve enxergar em si mesmo um representante de um projeto político-social de educação que passa pela ruptura com um sistema seletivo, excludente, e forjar uma gestão escolar mais aberta, arejada para os anseios populares. (FERNANDES e MULLER, 2006, p. 131-132).
A escola atual tem como um de seus objetivos o desenvolvimento da comunidade onde esta localizada, agindo de forma empreendedora e inovando as formas de se chegar ao conhecimento. O caráter empreendedor em um gestor escolar é a peça fundamental para quebrar mitos, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento da comunidade escolar, envolvendo a mesma no processo ensino-aprendizagem, interagindo neste ponto com a nova pedagogia, agindo como facilitador da interação escola-comunidade.
Conforme o disposto abaixo e em outras literaturas sobre as políticas educacionais que tratam deste assunto, vê-se que o interesse primórdio é de eleger uma gestão de forma democrática pela comunidade escolar, porém já cobra-se que mudanças no perfil do candidato à direção escolar sejam alteradas. Em quanto estas mudanças não acontecem, o trabalho de capacitação e adequação do profissional eleito para fazer a gestão de determinada escola, é realizada durante sua gestão.
O Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) comissionou o Instituto Paulo Freire para realizar, em 1996, estudos sobre as práticas de seleção de diretores no Brasil, como parte de um estudo maior sobre práticas e perspectivas de gestão democrática no país. Esse estudo indica à época a existência de quatro modalidades de seleção de diretores:
i) Nomeação, realizada pela vontade do agente que indica;
ii) Concurso, constituído por exame de títulos e provas mediante critérios técnicos;
iii) Eleição, baseada na manifestação de vontade da comunidade escolar mediante voto direto, seja por escolha uni nominal ou lista tríplice e;
iv) Combinação de diferentes processos de escolha, mediante a adoção de duas ou mais modalidades de critérios, geralmente incluindo a eleição (consulta à comunidade) como base, à qual é acrescentada a realização de provas para avaliar a competência técnica, análise de currículo (GISESKI et al., 1996, p.65).
Em outros países como Inglaterra, Canadá, Portugal e Chile; exige-se que o candidato a gestor tenha experiência em gestão ou no mínimo graduação em gestão ou administração escolar, e todos devem assumir os cargos com planos de ação definidos e aprovados pelo Órgão público para execução nas instituições. Com certeza esta exigência diminui os impactos causados por uma troca de gestão, ou até mesmo uma gestão despreparada, que pelos relatos das literaturas esta concepção retarda a evolução da qualidade da educação em nosso país, que se dispõe a aprender com os erros.
Não se pode esperar mais que os dirigentes escolares aprendam em serviço, pelo ensaio e erro, sobre como resolver conflitos e atuar convenientemente em situações de tensão, como desenvolver trabalho em equipe, como monitorar resultados, como planejar e implementar o projeto político pedagógico da escola, como promover a integração escola-comunidade, como criar novas alternativas de gestão, como realizar negociações, como mobilizar e manter mobilizados atores na realização das ações educacionais, como manter um processo de comunicação e diálogo abertos, como estabelecer unidade na diversidade, como planejar e coordenar reuniões eficazes, como articular interesses diferentes, etc. Os resultados da ineficácia dessa ação são tão sérios em termos individuais, organizacionais e sociais, que não se pode continuar com essa prática. A responsabilidade educacional exige profissionalismo. (LÜCK, 2000, p. 29).
Apesar dos métodos utilizados para seleção dos gestores escolares no Brasil não levar em consideração as habilidades e competências do professor candidato a diretor em gestão escolar, existe a cobrança baseada em estudos qualitativos e quantitativos para que sejam alterados estes métodos e/ou critérios visando à escolha de uma direção enquadrada na real tendência da educação, ou seja, uma gestão democrática, participativa contribuindo com o desenvolvimento da comunidade escolar.
As principais e primordiais mudanças a serem feitas para que inicie uma conversão nos resultados educacionais, seria na experiência inicial de ingresso na função, para que realmente os investimentos das secretarias estaduais sejam voltados para a formação continuada, em caráter de atualização e especialização.
Pesquisando o processo de escolha de dirigentes escolares, identificaram três tendências fundamentais: escolha por eleição (critério majoritário), seguida de livre indicação e, por último, combinação de critérios de seleção e competência. Identificaram também que 48% das secretarias de Educação admitem, como critério para acesso à função de diretor, a titulação mínima de magistério (nível médio), enquanto a aceitação de experiência docente varia entre dois e cinco anos. A mesma pesquisa admite a existência de indicações que levam a crer que a identidade dessa função encontra-se, ainda, circunscrita à esfera técnico-administrativa. (DOURADO e COSTA, 1998, p. 22)
Os estudos em algumas bibliografias ressaltam um quadro preocupante no que diz respeito à preparação dos gestores para exercer o cargo de diretor escolar, porém já possui evolução nas estatísticas e principalmente no compromisso dos atuais diretores escolares e candidatos a exercer o cargo em buscar o conhecimento para contribuir com o desenvolvimento da educação no país.
Pesquisas realizadas em alguns estados brasileiros ressaltam a falta de capacitação acadêmica dos diretores escolares em gestão, assim como a distância entre os conteúdos ministrados nos cursos de capacitação e as exigências no atual cenário da educação. Abaixo se destaca uma pesquisa feita na rede pública Estadual do Paraná.
Gráfico 2- Formação Acadêmica dos Pesquisados-2014
Fonte: Questionário Gestores Escolares da RME/BH
Vemos no gráfico 2, que 80% dos pesquisados possuem especialização, porém 20% possuem apenas a graduação. Percebemos aqui, que embora o percentual de diretores escolares que possuem uma especialização além de sua formação superior em alguma área do magistério, poucos tem uma preparação acadêmica em gestão escolar, e pelos processos de seleção destes gestores, onde o enfoco são as experiências do candidato no magistério instituem a dúvida quanto à experiência dos diretores escolares em gestão, tendo em vista as análises que serão relatadas nos gráficos seguintes, que irão especificar melhor a pesquisa realizada.
Gráfico 3 – Pré-Requisitos para Função de Diretor escolar por Estado
Fonte: Pesquisa "Práticas de Seleção e Capacitação de Diretores Escolares Adotadas por Secretarias Estaduais e Municipais de Educação". FVC, 2011
Dos dados demonstrados no gráfico 3, menos da metade das secretarias estaduais exigem uma capacitação acadêmica em gestão escolar. Um número significativo requer apenas o curso de graduação e/ou experiência em docente, abrindo portas para um grande número de escolas estaduais e municipais com gestores que não conhecem o funcionamento administrativo de uma escola.
Gráfico 4 – Experiência em gestão anterior ao mandato
Fonte: Questionário Gestores Escolares da RME/BH
Buscando dados dos diretores que têm formação específica em gestão escolar, através de cursos de capacitação, saber a duração dessas capacitações. A pesquisa revelou que dos 148 profissionais que têm formação específica, obtida nos cursos de capacitação em gestão escolar, 64 diretores (44%) têm menos de 50 horas de capacitação; 22 diretores (15%) têm de 50 a 100 horas de capacitação; 34 diretores (23%) têm de 100 a 200 horas de capacitação e 14 diretores (9%), têm mais de 200 horas de capacitação, e 14 diretores, 9% não informaram. O Gráfico 5 clarifica essas informações.
Gráfico 5 – Distribuição da carga horária/ano na capacitação dos diretores ofertada por estados e capitais
Fonte: Pesquisa "Práticas de Seleção e Capacitação de Diretores Escolares Adotadas por Secretarias Estaduais e Municipais de Educação". FVC, 2011
Observam-se dois extremos entre os diretores pesquisados que tiveram formação específica em gestão escolar: ou a oferta de cursos tópicos e rápidos, provavelmente cursados já na função de direção, que não possibilitam o desenvolvimento de competências profissionais e de uma visão ampliada da realidade em que atuam esses profissionais; ou as ofertas de cursos longos e aprofundados, em geral ofertados por universidades e instituições de ensino superior, comumente distanciados das necessidades do cotidiano escolar.
A preparação dos diretores escolares é verticalmente adquirida no decorrer da gestão, analisando todas as informações dos gráficos sem levar em conta as considerações feitas pelos pesquisadores, os números relatam a realidade atual sobre a capacitação destes profissionais que deveriam ser consideradas como pré-requisito para investidura no cargo, além do que, o que se vê pela carga horária dos cursos e os conteúdos programáticos dos mesmos; é mais uma preocupação governamental em demonstrar números do que realmente preparar o profissional gestor escolar para melhor exercer sua função na instituição escolar.
Conforme vamos aprofundando nos dados, o perfil da atual gestão das escolas públicas vai ficando longe dos ideais colocados pelos pesquisadores das tendências da educação, e longe também dos critérios colocados para países emergentes e desenvolvidos na seleção de gestores escolares.
O maior desafio a ser empreendido em relação à gestão diz respeito à qualificação do gestor, por duas razões. Primeiramente, porque o modelo e o processo de qualificação dos atuais gestores estão ancorados em parâmetros que não comportam as novas demandas institucionais e sociais; segundo, porque a gestão da educação, atualmente, tornou-se um dos principais fatores do desenvolvimento institucional, social e humano. (PAZETO, 2000, p.165)
Podemos observar que se aprofundarmos os estudos nas grades curriculares dos cursos oferecidos, esta distância ficará ainda maior. Precisam-se muito mais do que oferta de cursos e especializações, a mudança deve acontecer na qualidade dos mesmos e na forma do investimento feito por parte das secretarias, as exigências devem ser iniciadas na seleção dos candidatos às gestores escolares, com critérios mais exigentes quanto aos conhecimentos em gestão escolar, inclusive conhecimento das metas da educação no país e as políticas públicas da educação no país.
Já é realidade que a gestão escolar deve implantar as mudanças apresentadas, e estas mudanças iniciam-se pela postura e competência do gestor, além do enquadramento dos cursos oferecidos para a preparação destes de acordo com as tendências e acompanhando as alterações das mesmas.
A gestão democrática da educação é, hoje, um valor já consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua importância como um recurso de participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para a construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. É indubitável sua importância como fonte de humanização. (DOURADO, 1998, p. 79).
A demanda da sociedade é cada vez maior pela contextualização dos conteúdos ministrados nas escolas e a utilização dos mesmos no cotidiano, com isso a gestão escolar também deve se caracterizar de forma mais dinâmica e participativa, ou seja, ensinando o educando a exercer a democracia. Não se trata, portanto de um sentido normativo e imperativo de direitos e deveres e sim de um sentido de inclusão e transformação continua que vão desenvolvendo a consciência das funções sociais que cada cidadão deve fazer conhecedor e praticante.
No Brasil, a instituição Escola, principalmente a escola pública, precisa urgentemente aplicar os conhecimentos expostos em várias bibliografias de domínio público e outros, sobre a viabilidade e necessidade de valorização do gestor escolar, reconhecimento inicial de suas verdadeiras atribuições, que exigem conhecimentos plenos que abrangem uma vasta área de conhecimento em gestão e pedagogia, que deveria exigir do candidato a esta vaga tão complexa e importante na sociedade, uma especialização e experiência no assunto para fazer apto a concorrência da vaga, ou seja, ter conhecimento como pré-requisito.
Os gráficos expostos maximizam o descaso com a educação no país, onde mostra a preocupação tão somente com números, e não verdadeiramente em sanar a defasagem de toda a cadeia do processo ensino-aprendizagem, levando em consideração as referências neste dadas na suma importância do papel do gestor nos resultados da instituição, muitas lacunas no ensino podem ser sanadas a partir de gestores melhor capacitados.
Através deste artigo, meu ponto de vista se reafirma, que o processo de seleção de gestores em todo território brasileiro deve ser revisto, de preferência seguindo os modelos de sucesso nos países participantes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, onde observam que os melhores colocados deste ranking são países que priorizam gestores com perfil adequado para o cargo e selecionados também através de entrevista avaliativa, e estes têm perfil diferenciado de acordo com a instituição, haja vista que cada uma tem seu projeto político pedagógico e esta inserida em comunidades com necessidades diferentes.
Através das pesquisas divulgadas, vemos uma disponibilidade grande dos atuais gestores em estar em continuo processo de aprendizagem e atualização, isto reforça que os educadores continuam buscando formas para melhor contribuírem com a educação no país, além de ser um grande passo para uma possível mudança no processo de gestão escolar no país, pois haverá apoio por parte destes em aprimorar seus conhecimentos para melhor execução de suas atribuições.
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Professor do Ensino Superior em Matemática na Academia da Força Aérea Professor do Ensino Profissionalizante em Matemática Licenciatura Plena em Matemática - Universidade Vale do Rio Verde- Três Corações Especialização Gestão de Varejo - Universidade Martins do Varejo - Uberlândia Pós Graduação em Educação Empreendedora- UFSJ Pós Graduando em Gestão Escolar- UCDB
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