05/11/2015
INTRODUÇÃO
Nossa formação é em Pedagogia, atuamos como orientadora na rede estadual de ensino, especialista em psicopedagogia institucional e clinica, também somos bacharel em Direito. Nosso interesse pela questão da inclusão social é que abre um significado especial no bojo da educação brasileira, com os pressupostos inclusivistas que nos últimos anos estão sendo discutidos por suas características que permeiam a busca de uma sociedade igualitária, nos moldes das reais necessidades de um grupo determinado de pessoas, cada vez mais exigente, quanto aos seus direitos e seus potenciais de realizações, que tem por finalidade a busca não apenas de auto gerir, como também colocar o sujeito dentro do contexto escolar regular, e sobre tudo buscar soluções, com a participação de todos em busca de uma educação com qualidade.
Esta pesquisa é de natureza explicativa realizada através de estudos bibliográficos, tem o intuito de evidenciar qual a importância da inclusão do aluno surdo no ensino regular comum. Para que aconteça uma boa inclusão escolar do educando, é necessário que haja uma cumplicidade entre o professor e o aluno. É também preciso que o professor esteja em constante atualização, reconhecendo as necessidades de desenvolver métodos de conversação com o aluno, de acordo com o seu grau de entendimento.
1.CONCEITUANDO A DEFICIENCIA AUDITIVA/SURDEZ
A deficiência auditiva/ surdez, é o nome usado para indicar a perda de audição ou a diminuição na capacidade de escutar os sons.
Este trabalho visa demonstrar o desafio encontrado para que houvesse a prática educacional no ensino regular a alunos com deficiência auditiva/surdez. O decreto n. 5.626/2005, por sua vez regulamenta a Lei n. 10.436 de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a língua brasileira de Sinais, e o artigo 18 da lei n. 10.098 de 19 de dezembro de 2000. De acordo com seu artigo 2º, o Decreto, define pessoa surda e deficiente auditivo:
(...) considera-se pessoa surda àquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando a sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras.
Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000 HZ e 3.000Hz.
Entendemos então que a surdez é uma experiência visual que traz ao surdo à possibilidade de constituir sua subjetividade, por meio de experiência cognitiva-linguística diverso, mediado por formas alternativas de comunicação simbólica, que encontram na língua de sinais, seu principal meio de concretização.
A deficiência auditiva é um impedimento sensorial que causa no indivíduo danos linguísticos, cognitivos, emocionais, sociais e escolares, o que pode produzir graves limitações na vida do surdo, visto que a linguagem é a principal função mental do ser humano, sendo a capacidade de utilizá-la o fator que o difere de outros animais. Ela pode gerar no indivíduo um sério bloqueio comunicativo levando-o a não compartilhar e participar da sociedade do ouvinte, o que leva a criança surda a sofrer sérias dificuldades escolares e o adulto surdo à incapacidade de inserção no mercado de trabalho.
2. EDUCAÇÃO DE SURDOS: UM POUCO DA HISTÓRIA
A história da educação de surdos é repleta de descontinuidades. Na antiguidade, as pessoas surdas eram tidas como castigadas pelos deuses e por isso eram abandonadas ou sacrificadas. Até o Século XV, os surdos eram mantidos totalmente fora da sociedade, pois eram consideradas pessoas primitivas. Anteriormente ao Século XIX, quem realizava a educação dos surdos eram, em sua maioria, professores surdos, e a educação se realizava por meio de linguagem de sinais. Após divergências na metodologia mais indicada para o ensino de surdos, e da discussão entre professores, estudiosos e surdos, em 1880, no Congresso Mundial de Professores Surdos, realizado em Milão, ficou decidido que os surdos somente aprenderiam pelo método oral e a linguagem de sinais ficava proibida. A partir desta data, têm-se mais de um século de opressão que os surdos passaram, com consequências sociais e educacionais negativas. Provocou, a partir daí, o surgimento de uma geração de pessoas, que não apenas fracassou no domínio da linguagem oral, mas também no desenvolvimento acadêmico, social e emocional. E esse paradigma reflete a situação dos surdos no mundo todo (BRASIL, 2005, p.13).
A educação especial no Brasil, no inicio institui-se por meio de instruções provadas de caráter filantrópico, através da iniciativa de familiares em que há membros deficientes. Os pais e educadores devem estar sempre atentos, observando atitudes suspeitas de problemas auditivos como: Criança com dificuldade de aprender; Vocabulário pobre; Inclina a cabeça em direção ao som; Não se interage é retraída e desconfiada; Fala muito alto; Olha fixamente aos lábios das pessoas que lhe falam; Encaminhar ao otorrino; Orientar os pais (professores); Sentar a criança em lugar adequado; Expressar-se de modo claro, natural; (Brasil, 2005, p.20).
O surdo e a comunidade surda possuem cultura e língua própria. O surdo deve ser respeitado nas suas particularidades, na sua língua, na sua cultura e na sua forma própria de pensar, e agir. Por outro lado, a abordagem educacional por meio do bilinguismo visa a capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social, quais sejam a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. É preciso construir um campo de comunicação e de interação amplos, possibilitando que a língua de sinais e a língua portuguesa, preferencialmente a escrita, tenham lugares de destaque na escolarização dos alunos com surdez, mas que não seja o centro de todo o processo educacional.
A linguagem permite ao ser humano estruturar pensamento, traduzir o que sente registrar o que conhece e comunicar-se com outras pessoas, marcando o ingresso do individuo na cultura, construindo-o sujeito capaz de produzir transformações nunca antes imaginadas.
2.1.A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E SUAS ESPECIFICIDADES
A educação dos surdos é um assunto polémico, com limitações e problemas do sistema educativo. As discussões sobre a inclusão de alunos portadores de deficiência auditiva revelam ambiguidade e indefinições. O uso da língua de sinais é um direito do deficiente auditivo e uma forma de garantir melhores condições em sua escolarização.
Assim como outras línguas de sinais utilizadas em diversos países, a LIBRAS, que é utilizado no Brasil, apresenta estrutura gramatical e formal própria. Essa linguagem é formada por inúmeros elementos de representação, como a disposição das mãos, articulação dos dedos, pulsos e das mãos, movimentação das mãos no espaço limitado entra cabeça e cotovelo.
Há também o regionalismo, por exemplo, dentro do Brasil, onde cada região pode apresentar sinais específicos e diferentes para o mesmo objeto.
Segundo LACERDA, (2002, p.16) diz que:
Nas escolas onde são feitos os trabalhos com intérprete, a princípio, tem encarado sua presença como “uma cura” ou “um remédio” para determinada doença, que seria a inclusão dos alunos deficientes auditivos. Somente com o passar do tempo e que as escolas irão perceber que alguns problemas são inerentes à comunicação e permanecem no ambiente escolar. A presença do intérprete pode ser encarada, também, de duas maneiras: uma positiva, como uma solução e facilitação da comunicação entre professor e aluno; e outra negativa, como um incômodo, o lugar que realmente ocupa em sala de aula, em que a confiança no trabalho conjunto com o professor é essencial para o bom andamento da prática educativa, levando em consideração o papel do professor e sua autonomia dentro de sala de aula.
Dessa forma, é desejável que o intérprete participe do processo de planejamento de aula, bem como, suas estratégias, junto ao professor .já com o bilinguismo ou seja a língua portuguesa que usamos e a Libras, língua usada pelos surdos. Isso potencializa o papel do intérprete em sala de aula, uma vez que ele detém conhecimentos específicos sobre a surdez, possibilitando maiores condições para que o aluno com deficiência auditiva se desenvolva.
Diante da concepção clínica da surdez e do surdo, as escolas são transformadas em salas de tratamento. As estratégias pedagógicas passam a ser estratégias terapêuticas. Nesta época, muitos professores surdos que trabalhavam com a língua de sinais foram demitidos e substituídos por profissionais ouvintes. Schelp (2008, p. 26), explica que no Oralismo a primeira medida educacional implantada foi proibir o uso da língua de sinais e obrigar os alunos surdos a sentarem sobre as mãos para que, assim, pudessem ser oralizados. Segundo o autor, os professores surdos que, até então, atuavam nas escolas e nas salas de aula, foram dispensados de todas as escolas e institutos.
Capovilla (2000, p.102) ao explicitar o método Oralista na comunicação com pessoas surdas ressalta que o método oralista objetivava levar o surdo a falar e a desenvolver a competência linguística oral, o que lhe permitiria desenvolver-se emocional, social e cognitivamente do modo mais normal possível, integrando-se como um membro produtivo do mundo dos ouvintes.
Já no bilinguismo neste modelo metodológico consiste em trabalhar com duas línguas no contexto escolar e, neste caso, as línguas em questão são a Língua Portuguesa (escrita) e a Língua Brasileira de Sinais - Libras. A metodologia bilíngue é utilizada atualmente com surdos em algumas instituições educacionais brasileiras.
Nesta perspectiva, o bilinguismo diz que:
[...] contrapõe-se ao modelo oralista porque considera o canal viso gestual de fundamental importância para a aquisição de linguagem da pessoa surda. E contrapõe-se à comunicação total porque defende um espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional; por isso advoga que cada uma das línguas apresentadas ao surdo mantenha suas características próprias e que não se ‘misture’ uma com a outra (LACERDA 1998 p.10).
Lacerda (1998, p.15), ao defender a metodologia bilíngue destaca que os surdos adquirem conhecimentos por meio do canal visual e a mistura entre línguas, utilizadas na comunicação total, dificultava a aquisição de conhecimentos pelos surdos, pois cada língua tem características próprias e independentes, tornando-se assim impossível falar ambas as línguas (sinalizada e oral) ao mesmo tempo no âmbito escolar.
Quando se constatou que os surdos educados por meio da metodologia oralista nunca conseguiriam se comunicar ou falar como os ouvintes de maneira satisfatória e que, mesmo com a imposição das práticas oralistas, as pessoas surdas insistiam em se comunicar por meio da língua de sinais, decidiu-se então que os surdos poderiam utilizar toda e qualquer forma de comunicação. Surge, então, o método que ficou conhecido como Comunicação Total. A principal meta era o uso de qualquer estratégia que pudesse permitir o resgate na comunicação das pessoas surdas. Este modelo combinava a língua de sinais, gestos, mímicas, leitura labial, entre outros recursos que colaborasse com o desenvolvimento da língua oral (SCHELP, 2008, p.26).
Segundo Ciccone (1996, p.06-08) diz que:
A Comunicação Total é uma filosofia de trabalho voltada para o atendimento e a educação de pessoas surdas. Não é, tão somente, mais um método na área e seria realmente, um equívoco considerá-la, inicialmente, como tal (...). A Comunicação Total, entretanto, não é uma filosofia educacional que se preocupa com ideais paternalistas. O que ela postula, isto sim, é uma valorização de abordagens alternativas, que possam permitir ao surdo ser alguém, com quem se possa trocar idéias, sentimentos, informações, desde sua mais tenra idade. Condições estas que permitam aos seus familiares (ouvintes, na grande maioria das vezes) e às escolas especializadas, as possibilidades de, verdadeiramente, liberarem as ofertas de chances reais para um seu desenvolvimento harmônico. Condições, portanto, para que lhe sejam franqueadas mais justas oportunidades, de modo que possa ele, por si mesmo lutar em busca de espaços sociais a que, inquestionavelmente, tem direito.
Assim, o método da Comunicação Total não surge para fazer negação ao Oralismo, que até então vigorava na educação de surdos: “[...] a Comunicação Total não está em oposição à utilização da língua oral, mas apresenta-se como um sistema de comunicação complementar” (MARCHESI,1995, p. 59). A Comunicação Total também não surtiu resultados satisfatórios, visto que a sua abordagem defendia o uso simultâneo das duas línguas: a fala e os sinais (bimodalismo) e por serem duas línguas distintas e com estruturas diferentes dificultava a aprendizagem dos alunos.
3.EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL
A educação inclusiva aponta para a transformação de uma sociedade inclusiva e é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular.
Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade dos alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
A inclusão perpassa pelas várias dimensões humanas, sociais e políticas, e vem gradualmente se expandindo na sociedade contemporânea, de forma a auxiliar no desenvolvimento das pessoas em geral de maneira e contribuir para a reestruturação de práticas e ações cada vez mais inclusivas e sem preconceitos.
A família é o primeiro e talvez o principal grupo social em que vivemos. É nela que aprendemos a construir a nossa individualidade e independência. A família é definida como unidade básica de desenvolvimento e experiência, realização e fracasso, saúde e enfermidade. É na família que o indivíduo constrói seus primeiros laços afetivos, suas primeiras relações sociais, sendo de grande importância para o desenvolvimento de sua personalidade.
De acordo com Giddens (2000, p. 36), diz que:
A família é o grupo de indivíduos ligados por laços de sangue de casamento ou adoções que formam uma unidade económica, em que os membros são responsáveis pela educação das crianças. Para ele, todas as sociedades conhecidas tem de alguma forma um sistema familiar, embora a natureza das relações familiares seja muito razoável.
Existe certa expectativa por parte dos surdos de poderem estudar em escolas regulares, sendo esse desejo compartilhado pela família. Entretanto, o ensino regular, em determinado momento, constituiu uma espécie de sonho com relação às chances, principalmente de inclusão que poderiam ter os surdos na efetiva participação social.
Segundo BOTELHO (2002, p. 23) diz que:
Pais, e por vezes o próprio aluno surdo, insistem na permanência na escola regular, mesmo havendo resultados negativos pelo fato de a língua praticada em sala de aula não ser a praticada pelos surdos. O que ficou constatado é a necessidade da melhor formação do professor em conjunto com a melhora do sistema educacional, necessitando de uma adequação para os alunos surdos, o que facilitaria seu ingresso em classes com alunos ouvintes, oferecendo meios e possibilidades para esses alunos desenvolverem uma convivência saudável.
Todavia, mesmo com a melhor preparação dos professores, incluindo o conhecimento da cultura surda e linguagem de sinais, não será suficiente, pois a língua praticada em sala de aula e no ambiente escolar não é a mesma compartilhada pelo aluno surdo, o que é indispensável para que o aluno surdo torne-se letrado.
Na perspectiva de Tilstone (2003, p. 8), a inclusão significa a oportunidade dos indivíduos com deficiência participarem cabalmente em todas as atividades educativas, laborais, de consumo, de diversão, comunitárias e domésticas que caracterizam a sociedade quotidiana.
De acordo com Loureiro (2002, p. 13), a educação especial não deve ser vista fora da educação regular, pois, é um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, conduta típica ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino.
A educação especial íntegra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, formar cidadãos conscientes e participativos. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino sob o enfoque sistémico, a educação especial íntegra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a de formar cidadãos conscientes e participativos.
Assim, na educação especial, o importante é conhecer como o aluno se desenvolve, ou seja, enfatiza não a deficiência em si mesma, porém como se apresenta o processo de desenvolvimento; como ele interage com o mundo; como organiza seus sistemas de compreensão; as trocas; as mediações que auxiliam na sua aprendizagem; a participação ou exclusão da vida social; a sua história de vida.
A escola, por sua vez, é um espaço interativo por excelência, possuindo grande papel no desenvolvimento, dando oportunidade a integração social, impulsionando a aprendizagem, criando zonas de desenvolvimento proximal, propiciando as compensações às necessidades especiais, tornando-se necessário entender como são desenvolvidas as propostas educacionais voltadas aos portadores de necessidades especiais.
A inclusão deve ser feita não só pelo fato de ser um dos direitos do homem, que elas possuem, mas também pelo princípio da igualdade e oportunidade para todos, a estas crianças, jovens e adultos com deficiências que merecem e precisam de uma atenção especial. Está educação inclusiva está voltada para o contexto educativo com o objetivo de melhorar as condições de ensino e aprendizagem, para que todos os alunos participem e se beneficiem de uma educação de qualidade, pois mais do que integrar é preciso criar condições para a materialização das aprendizagens.
É neste contexto que o conceito de inclusão consubstancia objeto de estudo do trabalho ora realizado. Pois, a inclusão é mais ampla que integração, pois, enfatiza o papel da escola regular na sua tarefa de atender à totalidade dos alunos, com deficiência auditiva.
Segundo Mantoan (1997, p.17) diz que:
Refere à educação inclusiva como respostas educativas para as necessidades de seus alunos. E nesta busca de respostas para atender à diversidade, o processo pedagógico fica, com certeza mais rico, propiciando uma melhor qualidade de educação para todos. A educação inclusiva implica eliminar as barreiras que se contrapõem à aprendizagem e à participação de muitas crianças, jovens, adultos, com a finalidade de que as diferenças culturais, socioeconómicas, individuais e de género não se transformem em desigualdades educativas e, assim, em desigualdades socais.
A inclusão escolar é um processo pelo qual a escola se adapta para poder incluir, em seus sistemas, pessoas com necessidades especiais, e apresenta as seguintes características básicas como: A educação inclusiva implica processos para aumentar a participação dos estudantes e a redução de sua exclusão cultural, e comunitária nas escolas locais. Visa à melhoria das escolas, tanto em relação ao corpo docente como aos alunos. A preocupação em superar as barreiras antepostas ao acesso e, em especial á participação do aluno, pode servir para revelar as limitações de carácter mais geral de instituição do ensino, quando do atendimento à diversidade dos alunos.
Segundo a Declaração de Salamanca (1994, p.18), o princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem.
Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos através de currículo adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola.
4.COMPETÊNCIA DOS ALUNOS SURDOS
As competências escolares apresentadas pelos alunos surdos se baseiam por meio da interação existente entre o aluno surdo e deficiente auditivo (com perda parcial da audição) com o ambiente escolar, sendo da escola especial para surdos, com alunos surdos e com professores especializados que se utilizam de LIBRAS para se comunicarem em sala de aula, contra a escola regular para ouvintes, com inclusão, ao redor de alunos ouvintes, em que os professores ministram as aulas de maneira não sinalizadora e em português.
De acordo com CAPOVILLA & CAPOVILLA (2007, p. 26) diz que: ... as escolas regulares são mais apropriadas para a obtenção de melhores resultados no desenvolvimento de competências em português com alunos deficientes auditivos com perda parcial; em contrapartida, os melhores resultados por meio da aplicação de LIBRAS e da leitura do português ocorrem com alunos surdos em escolas especiais.
Isso acontece de forma coerente, pois se deve levar em conta a língua materna do aluno, uma vez que os alunos com deficiência auditiva, geralmente, têm como sua língua materna o Português e o aluno surdo tem como sua língua materna, geralmente, a LIBRAS (pensam e se comunicam em LIBRAS), o que pode ser notado ao ler um texto elaborado por um aluno surdo. Na maioria das vezes, esse texto apresenta idéias desconexas, erros de pontuação, de utilização de elementos gramaticais, de conjugações verbais e de própria significação das palavras. Isso ocorre porque, ao pensar em LIBRAS, pode haver sinais semelhantes para identificar elementos diversos, e na hora de escrever em português o aluno pode escrever errado, cometendo uma paragrafia, por exemplo, ao tentar escrever a palavra hipopótamo, o sinal correspondente a hipopótamo é muito semelhante ao sinal de Pernambuco, e ele escreve Pernambuco para se referir ao animal hipopótamo.
Em geral, esse aluno é considerado como desatento, solicitando, frequentemente, a repetição daquilo que lhe falam. Essa perda auditiva não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita.
Para Marques (2001, p.26), o primeiro passo para a interação positiva entre a escola e a comunidade é, sem dúvida o conhecimento da comunidade por parte da escola e vice-versa, pois a família e a escola são dois elementos muito importantes na socialização do indivíduo na medida em que os dois influenciam diretamente na educação do mesmo, contribuindo para a sua realização pessoal e concretização dos seus projetos ao longo da sua vida.
Estudar a problemática do envolvimento das famílias na inclusão de alunos com deficiência auditiva implica uma análise complexa da diversidade dos fatores sociais, familiares, culturais e escolares relacionadas com este processo.
Devido às várias implicações que envolvem o tema estudado, como o movimento de integração e inclusão, as abordagens educacionais para surdos e as peculiaridades linguísticas e culturais da aprendizagem do surdo, as opções escolhidas para coleta de dados foram a observação de aulas com deficientes auditivos e pesquisas bibliográficas.
4.1.Experiência vivenciada na Escola Municipal de Assis chateaubriand -Paraná
Essa escolha pelas opções de coleta de dados atendeu ao fato de que contemplam as questões existentes sobre o tema do trabalho, e que outros tipos de coleta de dados demandariam muito mais tempo para coleta, quanto para análise dos dados, tendo que se considerar que o tempo para a realização deste trabalho é curto.
Na Escola Municipal de Assis Chateaubriand – Paraná onde fizemos nossa pesquisa de campo observamos que a inclusão destes alunos está acontecendo, e o trabalho realizado pelos professores tem todo o aparato necessário, os professores estão sempre em capacitação procurando novas informações, os pais são presentes no acompanhamento escolar de seus filhos tendo uma interação família escola muito boa, e com este trabalho em conjunto a escola está conseguindo atingir o objetivo de aumentar a inclusão de alunos com deficiência, atendendo os objetivos da língua portuguesa por meio da língua brasileira de sinais – LIBRAS, tendo com os alunos um interprete de libras na sala de aula e em contra turno são acompanhados por outros profissionais especializados.
Ao final deste estudo, um novo olhar construiu-se sobre a surdez e os surdos, e esse entendimento implica o reconhecimento da surdez como diferença e não como deficiência, ou seja, o reconhecimento do direito que tem uma comunidade linguística minoritária, a comunidade dos surdos, de utilizar e de ser educada na sua língua natural, a língua de sinais.
Apesar de muitas vezes o professor ter feito varias tentativas com pouco êxito, na maioria das vezes é necessário que o aluno surdo tenha atendimento em sala de recurso no contra turno, onde são trabalhados as suas habilidades com o auxilio de profissionais de saúde e professores especializados, pois em muitos casos um só professor não dá conta das necessidades de seus alunos.
Na maioria das vezes o professor ao receber o aluno com está deficiência se sente inseguro e com muita duvida. O reconhecimento para o desaparecimento dessa insegurança é que o professor procure o máximo de informações sobre seu aluno, em âmbito familiar, em vários setores da escola e com os professores que estiveram trabalhando com esses alunos em anos anteriores, e até mesmo observando está criança, pois os colegas também vão sentir a diferença ao conviver com está criança. Por isso é importante que haja a previa preparação desses alunos.
Realmente o que eu observei, pesquisei junto a escola condiz com o que o aparato legal diz que deve ter o acompanhamento e a presença da família no processo de inclusão de dos seus filhos com deficiência auditiva tendo assim a identificação das dificuldades vivenciadas pelas famílias no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva. Junto com os professores foi compreendido o desempenho, a atitude de convencimento em relação ao papel da família no processo de inclusão de alunos com deficiência auditiva, e os pais perceberam a importância de seu papel no processo da inclusão escolar de seus filhos.
A metodologia estudada foi à problemática do envolvimento das famílias na inclusão de alunos com deficiência auditiva implicou em uma análise complexa da diversidade dos fatores sociais, familiares, culturais e escolares relacionadas com este processo.
Devido às várias implicações que envolveram o tema de estudo, como o movimento de integração e inclusão, as abordagens educacionais para surdos e as peculiaridades linguísticas e culturais da aprendizagem do surdo, as opções escolhidas para coleta de dados foram a observação de aulas com deficientes auditivos, que tinham uma boa interação na sala de aula com os colegas e com a professora tendo sempre a ajuda de sua interprete, a professora nesta aula explicou exatamente o porquê da diferença do colega surdo que ele havia nascido assim diferente, mas que também a outras formas de surdez onde as pessoas conseguem escutar um pouco tendo esta diferença ainda ouvem algum som, os alunos estiveram sempre atentos a explicação e a história contada pela professora que em seguida fez uma atividade de interação com os alunos para que estes fizessem uma historia em quadrinho para apresentarem em grupo e pesquisas bibliográficas.
Essa escolha pelas opções de coleta de dados atendeu ao fato de que contemplam as questões existentes sobre o tema do trabalho, e que outros tipos de coleta de dados demandariam muito mais tempo para coleta, quanto para análise dos dados, tendo que se considerar que o tempo para a realização deste trabalho é curto.
O fato de o professor não estar preparado para receber o aluno surdo é, todavia, realidade, e acontece com a maioria dos professores de escola regular. Assim, quando recebe esse aluno, muitas vezes tem idéias preconcebidas ou concepções equivocadas a respeito do mesmo, o que resulta na atribuição de algumas imagens a ele, na maioria dos casos, depreciativas. Atribui, ainda, a dificuldade de aprendizado com a deficiência do aluno, se isentando do papel de ensinar, pois o aluno que não aprende.
A verdadeira deficiência não é a do surdo, mas sim, em grande parte, do sistema de ensino atual. Os órgãos governamentais comprometem-se a fazer a inclusão social, todavia não disponibilizam de recursos, físicos e humanos, para o atendimento educacional a esses alunos especiais.
A inclusão somente será verdadeira quando forem assegurados investimentos que assegurem o respeito à cultura dos surdos, sua importância e disseminação entre todos brasileiros.
Podemos afirmar, que existe uma forte participação/envolvimento das famílias no processo de inclusão dos filhos, deste modo, o deficiente envolvimento dos pais no processo de inclusão advém da falta de informação e formação acerca da inclusão, não se confirma, pois, mesmo tendo um número significativo de mães que desconhecem o conceito de inclusão, há um forte envolvimento das mães nas atividades desenvolvidas pela escola.
A inclusão é o processo através do qual a escola tenta responder a todos os alunos enquanto indivíduos, reconhecendo e reestruturando a sua organização curricular e a provisão e utilização de recursos para melhorar a igualdade de oportunidade.
Finalmente, foi confirmado, ou seja, os pais consideram que o seu principal papel prende-se com o suporte afetivo, ou superproteção dos filhos, assim, concluo que o papel dos pais e encarregados da educação na inclusão é acompanhar os filhos na sua aprendizagem, trabalhar junto com os professores para melhorar a educação dos filhos, participar na vida escolar do filho, lutar pelo direito da educação dos filhos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visando responder os objetivos propostos, nos processos educacionais de crianças surdas e ouvintes que compartilhavam de um mesmo meio escolar, foi revelado idéias que refutam a teoria de que crianças com alguma deficiência ou cujo desenvolvimento foi impedido por um "defeito" não possam ter oportunidades semelhantes às de outros indivíduos.
Na verdade, esta criança não é uma criança menos desenvolvida do que se as outras ditas normais, mas uma criança que se desenvolve de modo diferente.
O professor deveria ter um olhar mais atento ao aluno surdo, observar se a criança apresenta dificuldade na pronúncia de palavras, preguiça ou desânimo, bem como a escola, também deve ter seu papel executado, como por exemplo, ter o atendimento educacional especializado.
O fato de o professor não estar preparado para receber o aluno surdo é, todavia, realidade, e acontece com a maioria dos professores de escola regular. Assim, quando recebe esse aluno, muitas vezes tem idéias preconcebidas ou concepções equivocadas a respeito do mesmo, o que resulta na atribuição de algumas imagens a ele, na maioria dos casos, depreciativas. Atribui, ainda, a dificuldade de aprendizado com a deficiência do aluno, se isentando do papel de ensinar, pois o aluno que não aprende.
Por isso se faz necessário que sempre haja o aperfeiçoamento dos professores e profissionais que estão envolvidos com estes alunos, pois a verdadeira deficiência não é a do surdo, mas sim, em grande parte, do sistema de ensino atual, dos órgãos governamentais que se comprometem a fazer a inclusão social, todavia não disponibilizam de recursos, físicos e humanos, para o atendimento educacional a esses alunos especiais.
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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
ZENI JOANA PORTELA SAWASAKI. Pedagoga, psicopedagoga, Bacharel em Direito.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93