A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL

Educação e Pedagogia

30/12/2015

 

 Essa pesquisa foi realizada em conjunto com minha mãe e professora Roseli Maria Del'Erba Virgilio

 

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL

 

 

 

 

 

 

 

 

ALMEIDA, Ivana Aparecida Virgilio

VIRGILIO, Roseli Maria Del’Erba

Orientador: BROCHADO JR, José Urbano

 

 

 

 

 

 

 

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa tem por objetivo demonstrar a eficácia da Literatura Infantil, para a formação de leitores conscientes, críticos e reflexivos para a atuação de uma civilidade (mundo melhor). Na investigação utilizaram-se, como fontes os materiais didáticos produzidos (aulas da Uniseb sobre Literatura Infantil da professora Alessandra Fávero), documentos pedagógicos, artigos científicos e livros de diversos autores, bem como a Legislação vigente. O material colhido para a efetivação da pesquisa demonstrou e enriqueceu a aprendizagem real dos acadêmicos, haja vista, que a pesquisa em tela é importante para a diversidade de correntes pedagógicas que permeiam o universo da leitura e da Literatura.

Palavras Chaves: Leitura, Literatura Infantil, reflexão, criticidade.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como justificativa a busca de uma maior compreensão quanto ao desenvolvimento de indivíduos com senso crítico, sociabilidade e autonomia a partir dos objetivos da unidade escolar; através da Literatura Infantil, permeando pela reflexão sobre as ciências e a vida cotidiana.

O trabalho em tela mostra que através do aprimoramento da leitura e do gosto pela Literatura o indivíduo é capaz de desenvolver a imaginação, a organização, o respeito e aprimorar novas falas, novas escritas e novos princípios, através inclusive da qualidade desses momentos que transformam para sempre suas vidas.

Ademais, o mesmo busca investigar o desenvolvimento dos alunos mediante o contato com a Literatura Infantil e a importância da utilização da Literatura no desenvolvimento da criança e conseqüentemente os bons hábitos de leitura desde a tenra idade.

Passeamos por Leitura e Literatura, apresentando os aspectos fundamentais de divertir e ensinar a um só tempo. Um Breve Histórico, discorrendo sobre as origens e tendências na Literatura Infantil. Apontamos ainda a Leitura e o Desenvolvimento Infantil, numa abordagem do estreitamento da relação entre mãe e filho e a curiosa constatação de que a mãe não só pode como deve ler para seu bebê ainda no ventre. E por fim: O outro lado das Histórias, que levanta a questão importantíssima de apresentarmos histórias ou estórias condizentes com a realidade da criança, evitando assim sentimentos de decepção ou frustração.

 

 

1. LEITURA E LITERATURA

 

Na definição do dicionário Aurélio (2010, p.470) a palavra “Literatura é oriunda do Latim ‘litteris’ o que quer dizer: a arte de compor trabalho artístico em prosa ou verso ou ainda, o conjunto de trabalhos literários dum país ou duma época. Em Latim, Literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e de ler e se relacionar com as artes das gramáticas, da retórica e da poética”.

De acordo com Cademartori (1986), deve-se ter em mente que a Literatura Infantil possui dois aspectos fundamentais: divertir e ensinar. Desta forma, o lado doce da literatura está ligado ao prazer, à satisfação de ouvir, de ler, de estar próximo das histórias, dos contos, das fábulas enfim, o contato com o imaginário, o lúdico, o maravilhoso. A outra face, de aspectos fundamentais diz respeito aos ensinamentos de valores, de caráter, de bem e de mal, demonstrando para a criança quais padrões de comportamentos e condutas sociais uma pessoa idônea deve seguir e qual exemplo de “mau caráter” deve abominar.

Seguindo a mesma autora Cademartori (1986), a Literatura Infantil tem também seu aspecto social de transformar o agente leitor, seja pelos livros, pelo convívio com o outro, ou estimulado pela escola, para que dessa forma esse sujeito seja capaz de ver o mundo com os olhos críticos.

Ao ler e ouvir, a criança deixa aflorar seus sentimentos e é atraído pela curiosidade, pelo formato, pelo manuseio fácil e pelas possibilidades emotivas que o livro pode contar.

Assim, é nítida a importância das histórias no desenvolvimento intelectual e real das crianças que demonstra como é fundamental o primeiro contato dos “pequeninos” com o mundo da Literatura, mesmo que estes primeiros momentos sejam apenas orais.

Já dizia Cavalcanti:

Ler sempre representou uma das ligações mais significativas do ser humano com o mundo. Lendo reflete-se e presentifica-se na história. O homem, permanentemente, realizou uma leitura do mundo. Em paredes de cavernas ou em aparelhos de computação, lá está reproduzido seu estar no mundo e reconhecendo-se capaz de representação. Certamente, ler é engajamento existencial. Quando dizemos ler, nos referimos a todas as formas de leitura. Lendo, nos tornamos mais humanos e sensíveis. (CAVALCANTI, 2002, p.13).

Nesse sentido, Cavalcanti, (2002) descreve a importância do livro em ser a ferramenta que integra o homem às possibilidades que lhe rodeiam. Com isso, podemos perceber que uma nação ou sociedade só pode se transformar quando existirem indivíduos capazes de refletir e essa reflexão só é capaz através da leitura, na inserção dos livros na vida e nos ambientes sociais.

Atualmente a Literatura Infantil é diversificada e importante aos olhos do educador. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Quando as crianças participam da leitura da história passam a compreender melhor os seus sentimentos em relação ao mundo, com isso são trabalhados problemas existenciais típicos da infância, como já mencionado em parágrafos anteriores.

A Literatura Infantil é a abertura para a formação de uma nova mentalidade, pois é de cedo que começamos a ensinar ao indivíduo a importância de avaliar aquilo que se está lendo, sendo que esse ponto é fundamental para o nosso artigo.

Para Coelho (2000, p.16), “a escola é um espaço privilegiado para o encontro entre o leitor e o livro, nesse espaço, apreciamos os estudos literários, pois de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, estimulam os exercícios da mente, a percepção do real em suas múltiplas significações”.

Constatamos isso ao trabalhar com crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental; a escola como experiência “in loco”.

 

 

2. BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL

 

De acordo com Cademartori (1986), os primeiros livros direcionados ao público infantil surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras com foco nos contos de fadas. Com o passar dos tempos a Literatura Infantil foi ocupando um espaço próprio e de relevância, pois a criança começou a ser vista como um ser existente, especial e não como um adulto em miniatura. Muitos autores surgiram, tais como: Hans Christian Anderson, os irmãos Grimm e no Brasil, Monteiro Lobato, todos imortalizados por suas obras.

Esclarece-nos Cademartori (1986), as origens da Literatura Infantil têm sua chegada e evolução a partir da transformação social, que se originou primeiramente na Europa; até então não se produzia uma Literatura unicamente infantil, mas adaptações dos contos populares do público adulto. Quem inicia essas ditas adaptações é o francês Charles Perrault, considerado o pai da Literatura Infantil.

Não se pode dispensar ou ignorar a leitura da Literatura ou ainda levantar quaisquer dúvidas sobre sua importância, pois se entende que não há educação, reflexão ou criticidade sem o contato com a leitura.

De acordo ainda com Cademartori (1986), no Brasil, a Literatura Infantil chega com as adaptações de textos europeus e só a partir de 1922, Monteiro Lobato surge no universo das crianças; entre suas obras mais conhecidas estão: Sítio do Pica-Pau Amarelo, A chave do tamanho, O saci e as fábulas do Marquês de Rabicó.

Ainda em relação ao Brasil, temos a Lei n° 12.388 de 03 de março de 2011 que confere ao Município de Taubaté, no Estado de São Paulo, o título de capital Nacional da Literatura Infantil, essa Lei conta apenas com dois artigos e foi promulgada pela Presidente Dilma Rousseff.

 

 

3. LEITURA, LITERATURA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

 

Com a Literatura absorvida pode-se chegar a épocas nas quais não se pode mais viver. Com a leitura pode-se ainda transportar-se a lugares distantes e inatingíveis, entra-se em contato com pessoas que nunca serão conhecidas pessoalmente. E isso desde a mais tenra infância.

Quando da admiração, com a magia, o colorido, a forma e a maneira de cada criança; ao sentir a leitura (estória) que se é contada, com surpresas e olhinhos brilhantes, ao ouvir ou sentir a festa de palavras; começa aí a formação de leitores não só pela fala, mas pelas páginas impressas.

De acordo com Abramovich (1993) o intérprete deve atribuir veracidade ao enredo de forma tal que o ouvinte tenha despertado em si o desejo de participar da estória, passando a vê-la como real, empolgar-se com o depois e até modifica-la.

Parreiras (2012, p. 86), ressalta diversos aspectos do livro e da leitura. Afirmando que o mesmo livro que une pode separar. “Os contos, as histórias, as cantigas de ninar ajudam nessa importante tarefa de comunicação, de elo entre a criança e seus pais, mas permite também a construção de um espaço próprio da criança, que sua imaginação permite criar”. Outro aspecto relevante, de acordo com a mesma autora Parreiras (2012), é a importância do adulto se propor a aprender com a criança, saber escutá-la em sua individualidade como um ser de características próprias e únicas.

Do ventre ao colo, do som a literatura, título da obra de Parreiras (2012), nos remete à ideia do quanto somos imersos na linguagem, na troca corporal e afetiva, por isso, é tão importante o contato do bebê desde o ventre da mãe, com a Literatura, criando-se elos afetivos e não somente cognitivos.

Para Parreiras (2012), pode-se perceber, que as transformações emocionais da mãe na gravidez são um misto de sentimentos que se alternam, assim, como o feto sente a mãe, a mãe sente o filho, o que demonstra o quão importante é a troca de sensações, pois é recíproca, isto posto; o bebê ainda no ventre é capaz de apreciar as sensações da leitura e se beneficiar com elas.

Ainda nesse contexto, há que se falar sobre a importância de se estreitar o elo entre filhos e pais, pelo motivo de que essa relação salutar faz com que no futuro o sujeito em formação seja um indivíduo seguro e mais feliz.

 

 

4. O OUTRO LADO DAS HISTÓRIAS

 

Nosella (1978, p.178) em seu livro: “As Belas Mentiras, a ideologia subjacente aos textos didáticos”, faz uma crítica aos moldes das nossas histórias que apresentam inúmeras esteriotipações, tanto da família e da escola, como da sociedade. Essas marcas de “lindos e felizes, frustram as crianças, principalmente as pobres”, pois não conseguem se identificar com esses relatos, já que suas realidades são bem diferentes.

Com isso, conclui-se que, é fundamental mostrar histórias condizentes com a realidade da criança para não decepcioná-la, pois mesmo na fantasia, no mágico e no maravilhoso, essas condições devem estar ao seu alcance.

Entende-se também que anteriormente as histórias vinham com padrões embutidos de beleza, de qualidade e de regras. Fazendo com que todos seguissem estes moldes, como “soldadinhos engessados”. Atualmente, seguindo as orientações curriculares, PCNs e RCNEI, tem-se a oportunidade de trabalhar temas diversificados, que contribuem com os vários modos de ser e agir na convivência social, auxiliando na educação de novos leitores, que possam fazer suas próprias opções.

Por fim, é possível alimentar o hábito da leitura, sem agredir ou decepcionar a identidade do leitor ou do ouvinte, respeitando o ser em formação, como um indivíduo que é.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Compreendemos que os livros de Literatura Infantil podem ser inseridos no mundo das crianças, já nos primeiros contatos com o ambiente familiar e escolar, aproximando o leitor da Literatura, com diversos contos e histórias, com inúmeros métodos e diferentes razões. Pode-se observar a necessidade da leitura para cada indivíduo da sociedade, quando tudo lhe é experimentado e vivido em forma de leitura ou escrita. Sem esses meios o homem social está limitado à margem, não convive com o todo social. Ressaltamos ainda, a importância do desenvolvimento criativo, imaginário, intelectual e humano quando da inserção do livro no ambiente escolar, possibilitando naquele que compreende o contexto histórico e cultural a oportunidade de criá-lo, alterá-lo ou reconstruí-lo.

Hoje a dimensão de Literatura Infantil é mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis, sem contar que no ambiente familiar o hábito da leitura, fortalece o elo da criança com seus pais ou responsáveis, tornando-o, no futuro, um adulto mais seguro.

Nesse sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela se transformar em um adulto leitor. Da mesma forma, através da leitura a criança adquire uma postura crítica e reflexiva, extremamente relevantes à sua formação cognitiva.

O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que este não está imediatamente ligado a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo, vai mais além, o ato de ler é transformador, capaz de transpor imensuráveis sensações de prazer e aprendizagem. Nesta perspectiva, notamos o quão mágico pode ser um livro nas mãos de uma criança, que mediada por um professor ou familiar pode utilizá-lo para chegar onde quiser. Além disso, fazer uso do livro de Literatura Infantil na sala de aula como ferramenta de apoio e parte dos demais processos do desenvolvimento da criança; faz com que esta deixe de ser o agente e passe a ser o próprio processo transformador, causando uma internalização do princípio do livro na sala de aula, que para o professor é fonte de diversão e saber.

 ABRAÇOS FRATERNOS

 

REFERÊNCIAS:

ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil. São Paulo: Spcione. 1993.

BRASIL, Presidência da República. Casa Civil, Lei nº 12.388 de 03 de março de 2011.

CADEMARTORI, Lígia. O que é Literatura Infantil. São Paulo. Brasiliense, 1986. Coleções Primeiros Passos.

CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus. 2002.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. 1ª Edição. São Paulo: Moderna, 2000.

FAVERO, Alessandra. Slide das aulas de Literatura Infantil do Módulo 5.2. Ribeirão Preto. 2013.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Mini Aurélio: o dicionário da Língua Portuguesa – 8ª edição – Curitiba: Positivo. 2010.

FONSECA, Edi. Interações com os olhos de ler. São Paulo: Edgard Blücher Ltda. 2012.

NOSELLA, Maria de Lourdes Chagas Deiró. As Belas Mentiras: a ideologia subjacente aos textos didáticos. 12ª edição. São Paulo. 1978. Moraes.

PARREIRAS, Ninfa. Do ventre ao colo, Do som à Literatura. Belo Horizonte. 2012.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Ivana Aparecida Virgilio Almeida

por Ivana Aparecida Virgilio Almeida

Ivana Aparecida Virgilio Almeida 37 anos Casada São Paulo/SP Formação: Direito pela Universidade de Mogi das Cruzes (2003) Graduada em Pedagogia pela UNISEB Interativo Histórico acadêmico/profissional: Assistência Judiciária "22 de Agosto" - PUC/SP (estágio); Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (estágio); Curso de Libras - Língua brasileira de sinais; Curso de Extensão Leitura e Interpret.

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