A afetividade contribui de modo geral para a criação de uma confiança
Educação e Pedagogia
20/02/2016
Henri Wallon, foi um educador e médico francês, que viveu de 1889 a 1962, deixou uma enorme contribuição para os educadores de hoje.
Realizou estudos sobre a emoção, está relacionada com a educação. Muitas pesquisas defendem que a emoções. Ele atribui à emoção um papel fundamental no processo do desenvolvimento humano e fonte de conhecimento. Em sua teoria psicogenética descreve das etapas do desenvolvimento psicomotor, a partir de estágios em que se observa a questão emocional. Estes estágios podem ser divididos em: estágios impulsivos, emocionais, sensório motor e projetivo.
Considerado um fenômeno fisiológico a emoção, é orgânica pois é ligada ao sistema nervoso, mas também tem caráter social, que ao longo da vida se desenvolve através de interações sociais necessárias, se diversificando e ficando mais complexo pela mediação do outro, da linguagem, da cultura.
Vasconcellos e Valsiner (1995) afirmam que existe uma profunda vinculação entre afetividade e movimento, na base de todas as formas de interação da criança pequena, seja com o mundo físico ou social. Para Wallon, as trocas sociais asseguram a adaptação ao meio social, estas interações consideram a ação do outro em relação à própria ação. Percebe, o ser humano como organicamente social, e que a cultura tem uma forte influência para o seu desenvolvimento cognitivo. Partindo desta afirmação, entendemos que a inteligência encontra no plano da afetividade um campo fértil para se desenvolver. A falta de uma mediação dos educadores com os educados com deficiência, causa a exclusão desde em ambientes que possa ocorrer trocas e interações interpessoais, podendo acarretar uma dificuldade maior no desenvolvimento dos indivíduos.
Dantas (1992) "ressalta o papel da educação nesta perspectiva, pois cabe à educação a satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois a construção de si mesmo".
A afetividade contribui de modo geral para a criação de uma confiança, de respeito mútuo, a auto- estima, que contribuem para a aprendizagem escolar. Na escola, o educador precisa estabelecer uma integração entre os pensamentos, os sentimentos e a ação realizada pelo educando. Que facilitará a inclusão deste aluno, pois o desenvolvimento do processo afetivo, das inter-relações estão ligadas diretamente com o processo de aprendizagem.
Ora, sem atividade coletiva não há conhecimento, nem linguagem, nem simbolismo possível. Se, pois, a emoção ritualizada desempenha sem dúvida um papel no advento da atividade simbólica, se ela parece ter antecedido as manifestações mais decisivas da vida e da alma coletiva, é preciso reconhecer nela um intermediário necessário entre o automatismo e o conhecimento. WALLON (1995, p. 102)
O desenvolvimento dos indivíduos se dá a partir da convivência coletiva. É grande a importância que a psicogenética Walloniana atribui ao meio no processo de desenvolvimento. Por isto, a escola deve oferecer oportunidades de convivência, integrando as propostas pedagógicas, as metodologias, o currículo, de forma a promover a formação do indivíduo com deficiência e sem deficiência, e de uma sociedade mais inclusiva que aceite as diferenças. A educação teve ter como seus objetivos desenvolver as potencialidades, trabalhando não só a construção do conhecimento, mas também da constituição do sujeito.
Para Gotti (1998), a inclusão escolar não tem, somente, a finalidade de incluir os educandos com problemas físicos, mentais ou com características de superdotação, mas precisa incluir, também, o aluno “normal”, que é privado de estar em um ambiente escolar, que não tem acesso às escolas por uma cadeia de questões sociais, econômicas e culturais.
Na sala de aula, a afetividade deve ser vista como uma ligação que aproxima educador e educandos, e que contribui para o aprendizado e a inclusão. O afeto e as emoções são inatos e servem como mediadores da aprendizagem. A afetividade deve ser mais uma ferramenta a ser utilizada na pratica pedagógica, jamais deixando de lado a racionalidade caminhar juntas de forma coerente. A afetividade deve estar presente em todos os momentos na sala de aula, não só para os alunos com deficiência, mas para todos os alunos. O professor deve ser um mediador, deve estabelecer um contato maior com os educandos e entre eles, facilitando a interação e formação de vínculos. Promovendo o conhecimento do outro, e o respeito a suas dificuldades, características e possibilidades. Afetividade defendida por Wallon, é um dos caminhos para a inclusão escolar, pois abrange os alunos com qualquer tipo de deficiência física, motora ou cognitivo dentro do ambiente escolar.
Esta preocupação em promover a inclusão, garante cada vez mais a permanência destes alunos nas escolas de ensino regular. Mas a afetividade por si só, não é a resposta, mas sim um dos caminhos para uma educação mais inclusiva. Quando promovemos as interações sociais, que Vygotsky citava em seus estudos da defectologia e a afetividade defendida por Wallon, damos espaço para que os alunos e educadores compreendam o diferente. A realidade social e cultural e que possam compartilhar conhecimentos e experiências.
A permanência na escola, do educando com deficiência não depende apenas da remoção de obstáculos, como barreiras arquitetônicas e outros recursos físicos educativos, mas também de um ambiente social estimulador, de aceitação, de autoconfiança, onde o afeto é também um fato importante. Estes fatores, promovem a permanência do educando e sua aprendizagem no ambiente escolar.
Segundo Mahoney e Almeida (2004, p.18) o domínio afetivo “é indispensável para energizar e dar direção ao ato motor e ao cognitivo. Assim como o ato motor é indispensável para expressão do afetivo, o cognitivo é indispensável na avaliação das situações que estimularão emoções e sentimentos”.
A escola deve ser um ambiente rico em desafios, deve estimular o desenvolvimento das aprendizagem, a comunicação, a escuta, e o entusiasmo. O educando com ou sem deficiência quando motivado, tem maior interesse, e se engaja com maior propriedade das atividades escolares, pois quer tentar se superar. Por isto, é necessário que o educador favoreça um ambiente em que não haja a segregação e que não reforce as limitações do aluno, mas sim suas potencialidades, é através da afetividade que sensibilizamos a aprendizagem.
Assim, concluímos que para Wallon, a dimensão afetiva é enfatizada de maneira significativa para a construção da pessoa e do conhecimento. O ser humano é um ser integral e deve ser percebido desta forma, no que se refere aos aspecto cognitivo e afetivo, estes coexistem de forma alternada, um não exclui outro, mas há uma alternâncias em entre um e o outro. A escola deve ser um ambiente favorável para que estas interações interpessoais se evidenciem a todo instante, e que sejam das mais variáveis formas, de amizade, oposições, mas que haja sempre o diálogo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOTTI, M. Integração e inclusão: nova perspectiva sobre a prática da Educação Especial. In: MARQUEZINE, M. et al. (Coord).
Perspectivas multidisciplinares em Educação Especial. Londrina: UEL, 1998
TAILLE, Yves De La; DANTAS, Heloisa & OLIVEIRA, Marta Kohl de: Piaget ,Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. SP: Summus, 1992
VASCONCONCELLOS, V. M. R.; VALSINER, J. Perspectivas construtivistas na psicologia e na educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Geana Taisa Machado Krause
Graduada em Pedagogia pela ULBRA, especialista em Educação Especial e Inclusiva e pós-graduada em Educação Infantil e Anos Iniciais. Atua como professora na rede Municipal de Porto Alegre. Atualmente cursando Psicopedagogia TIc´s na UFRGS. Autora do livro infantil: " Que bicho é esse!" Editora do blog " Ser diferente! "http://krausegeana.wix.com/ser-diferente
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