Um olhar sobre a intolerância na contemporaneidade
Os valores éticos influenciam o pensamento e a vida cotidiana das pessoas
Educação e Pedagogia
02/04/2016
O filme estadunidense Inimigo Meu, do diretor Wolgang Petersen, de 1985, narra a história de dois pilotos, Davidge (humano) e Jeriba (Drag) que, em uma guerra espacial entre a Terra e o planeta Dracon, acabam por se envolver em um acidente e são obrigados a aterrissarem em um planeta desconhecido, onde estão em igual situação tanto para sobreviverem quanto para sucumbirem à morte.
A princípio, mesmo em um ambiente hostil, eles estão dispostos, de maneira irracional, a dar continuidade à guerra entre a Terra e o planeta Dracon, ao manifestarem um ódio mortal um pelo outro. Mas ao longo da trama, após terem que enfrentar juntos muitos perigos causados pelas forças da natureza, ambos percebem, aos poucos, que a única maneira de se manterem vivos é a capacidade de exercitar a tolerância e a solidariedade, superando, assim, o sentimento de superioridade que um sustentava em relação ao outro.
A aproximação entre as personagens acaba por se transformar em um aprendizado de linguagem, de cultura, de costumes e de crenças, ao mostrar que, para as dificuldades serem vencidas há a necessidade de interesse e esforço para compreendermos o modo de pensar, de agir e de viver do outro.
Este filme é muito atual na temática, pois tal contexto, conduz-nos a muitas reflexões sobre como a intolerância social, cultural, religiosa e política ainda sobrevive em pleno século XXI. Dessa forma, a verificação da continuidade de um comportamento social, implica compreendermos como nossa sociedade tem pensado e representado a intolerância atualmente.
Sabendo, que as concepções e representações culturais orientam o sujeito em suas ações cotidianas, entendemos, então, que o indivíduo é um ser construído historicamente, ou seja, devemos analisar nossas ações numa perspectiva histórica, dessa forma, percebemos que a intolerância é marca nas nossas representações, para exemplificar, citemos então alguns fatos que marcaram profundamente nossa História e consequentemente nossa forma de pensar e nossas ações cotidianas, como o Regime Escravocrata no século XIX, a Segunda Guerra Mundial no século XX, com suas trágicas consequências, que foram orientadas pela ideia de que o outro, no caso, o negro e o judeu eram inferiores ao branco e ao europeu.
Atualmente, a “questão” Síria é o panorama da intolerância e da ausência de diálogo. No Brasil, a eleição presidencial de 2014 foi marcada por episódios de intolerância que intensificaram cada vez mais, culminando na polarização política entre “petralhas” e “coxinhas”.
Daí decorre que, para nós educadores, em nosso ambiente de trabalho, a escola, entendermos que valores profundamente arraigados em uma sociedade influenciam de forma decisiva o pensamento e a vida cotidiana das pessoas.
Faz-se, então, necessário, desenvolvermos um trabalho reflexivo sobre o tipo de educação que temos, o tipo de educação que queremos e que cidadão queremos formar. Ou seja, queremos uma educação isenta de responsabilidades para ajudar o indivíduo a superar suas representações construídas historicamente?
Essa avaliação ética sobre o tipo de educação que queremos e que homem queremos formar é fundamental para a elaboração de um projeto de trabalho, que abarque a organização da escola, a gestão, o currículo, os métodos de ensino, as relações interpessoais (professor- professor, professor- aluno, aluno- aluno), em torno desse objetivo primordial, a sólida formação ética do homem.
Ao considerarmos que a educação pode contribuir de forma decisiva no processo de reconstrução das representações sociais, urge a importância do desenvolvimento de políticas de capacitação profissional dos atores escolares para melhor conhecerem o problema, o que implica compreenderem sua origem, o seu significado, a perpetuação no pensamento social e como a sociedade representa esses valores na vida cotidiana. Dessa forma, os atores escolares, a partir da problemática que envolve a intolerância em todas as suas formas, assumem um novo olhar sobre a questão.
Sendo assim, para que as mudanças culturais sejam efetivas é fundamental mudar as representações e concepções pessoais, e cabe à escola e seus atores estabelecer uma cultura voltada para um conhecimento mais amplo, no qual a convivência, a cooperação, a solidariedade, a generosidade, a amizade, o respeito mútuo e o cuidado com o outro seja condição indispensável para superação de determinados valores e para o desenvolvimento de um convívio social mais harmônico.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Elizandra Sabino Marques Tavares
Graduação I - Letras (FIO).
Graduação II- Pedagogia (UNINOVE).
Título de Especialista I - Língua Portuguesa e Literatura (UENP).
Título de Especialista II- Gestão Escolar: Administração e Supervisão (UNOESTE).
Extensão Universitária - Estratégias de Leitura e Produção de Texto/
Estudos Linguísticos e Literários (UENP).
Linguística Aplicada (FIO).
Ética (USP).
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