21/06/2012
A teoria do autogoverno mental de Sternberg afirma que os estilos podem ser entendidos como formas das pessoas funcionarem, semelhantes à administração do governo em sociedade. Apesar de mobilizar a maneira como as pessoas funcionam, os estilos são preferências e não habilidades. São três os estilos de governo. Pessoas legislativas têm uma predileção para situações que requerem criação, formulação e planejamento de ideias.
Pessoas executivas têm maior interesse por tarefas que fornecem estrutura, procedimento ou regras para se trabalhar. Pessoas judiciárias têm inclinação por situações que requerem avaliação, análise, comparação, contraste e julgamento. O presente trabalho tem como objetivo analisar a aplicabilidade dos estilos de pensamento na área da educação, mais especificamente no planejamento do ensino. Um instrumento de auto-relato, composto por 16 itens com três opções, foi criado pelos autores deste estudo.
Cada item remete a uma situação da vida cotidiana, onde as opções de resposta são ações que a pessoa adotaria naquela situação específica; cada opção corresponde com um estilo de pensamento. É atribuído o valor de um ponto para cada opção marcada, de forma que cada estilo específico tem um escore máximo possível de 16 pontos. Para identificar cada um dos estilos, foram somadas as opções marcadas pelos respondentes, relacionadas a cada estilo, obtendo-se um escore para o estilo executivo, legislativo e judiciário. Os participantes do estudo foram classificados de acordo com a sua maior pontuação.
Juntamente à elaboração do instrumento de medida, foram desenvolvidas atividades pedagógicas na disciplina de Psicologia do Desenvolvimento do Curso de Psicologia de uma instituição de ensino superior de Belo Horizonte, com características que se adequavam aos três estilos de pensamento. Um grupo de 35 alunos respondeu ao instrumento e fez as atividades em sala de aula, de acordo com o seu estilo. As atividades duraram cerca de dois meses.
Além do instrumento de auto-relato, cada aluno respondeu outro questionário que continha três questões, uma que perguntava se o aluno concordava com a classificação que havia recebido, outra que dizia respeito à sua satisfação em realizar atividades do seu estilo, e uma última sobre qual seria sua satisfação se pudesse realizar as atividades dos outros estilos. As duas últimas questões apresentavam uma escala tipo likert que variava de 1 (muito insatisfeito) à 5 (muito satisfeito).
Obteve-se a média e o desvio padrão da questão dois e da questão três, e realizou-se um procedimento para verificar o tamanho padronizado do efeito, com intervalo de confiança de 95%. Os resultados apontam que o tamanho do efeito varia entre moderado e alto, e que 94% dos alunos concordaram com a classificação que receberam. Conclui-se que os estilos de pensamento trazem implicações junto ao ensino.
De uma maneira geral, os alunos relataram maior satisfação em fazer as atividades relacionadas ao seu estilo em relação a poder fazer hipoteticamente atividades dos outros estilos. As evidências sugerem que os estilos de pensamento ajudam na promoção de um ensino que considera as diferenças individuais e procura ampliar a satisfação dos alunos e uma aprendizagem mais significativa.
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Psicóloga, especialista em Neuropsicologia e mestranda pela UFMG. Pesquisadora do Laboratório da Arquitetura Cognitiva da UFMG. Áreas de atuação, Pesquisa, Docência, Clínica, Avaliação Psicológica, Treinamento e Capacitação.
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