17/08/2012
A característica fundamental deste fenômeno é a experimentação de medo excessivo e percebido como irracional, ou no caso de crianças pequenas, ser considerado exagerado pelos responsáveis, a algum objeto, pessoa ou situação, acompanhado de manifestações de ansiedade e comportamentos de evitação. É importante distinguir a fobia do medo “normal”, experimentado quando frente a uma situação de perigo real, ou condicionada por processo de educação (exemplo: medo de escuro em crianças pequenas, muitas vezes secundário às ameaças de castigos). Ter medo é algo inerente ao humano, sendo absolutamente comum e necessário na infância. A ausência de medo expõe a criança a um aumento de morbidade.
Fobias limitadas às situações altamente específicas, tais como a proximidade de determinados animais, locais elevados, trovões, escuridão, viagens de avião, espaços fechados, utilização de banheiros públicos, ingestão de determinados alimentos, cuidados odontológicos, ver sangue ou ferimentos. Ainda que a situação desencadeante seja inofensiva, o contato com ela pode desencadear um estado de pânico como na agorafobia ou fobia social (OMS, 1993).
Os diferentes tipos de fobia parecem ter idades de aparecimento variadas; fobias de insetos e animais parecem ser mais frequentes por volta dos cinco anos, e raramente surgem na idade adulta. A agorafobia inicia-se mais tardiamente, com picos de início no final da adolescência, e novamente por volta dos trinta anos. No período escolar há um aumento do medo de animais que comem, mordem, sendo poderosos e destruidores. Quando a criança mais amadurecida consegue assimilar o passado e antecipar o futuro, seus medos passam a ser referentes a perigos distantes e/ou desgraças que poderão acontecer num futuro distante (AJURIAGUERRA, 1983). Outras manifestações específicas de fobia, como o medo de altura, de tempestade, etc., têm início variado (BERNSTEIN, 1991).
Dois diferentes modelos teóricos têm sido utilizados para compreender as fobias; o psicanalítico e o cognitivista (LIVINGSTON, 1991). Para o primeiro, o sintoma fóbico é expressão de um deslocamento da angústia, resultante de um conflito inconsciente, que teria atingido níveis insuportáveis para os recursos daquele ser psíquico (PORRET, 1989). Esta projeção leva a um sentimento de “controle” sobre a ansiedade e subsequente liberdade de ação, porém ineficaz quando a angústia persistente exige maiores recursos do indivíduo.
O cognitivismo propõe que os sintomas seriam modelos de conduta aprendidos, mas não adaptados, sendo a base do condicionamento operante negativo as experiências vividas e as orientações educacionais. Dentro desta abordagem, seria possível justificar determinados quadros como secundários a determinadas atitudes de coerção exercidas pelos adultos que procuram socializar uma criança (GRUSPUN, 1966).
A concepção neurobiológica tem se fundamentado na associação da evitação fóbica, presente nos quadros de pânico, com a ativação do córtex pré-frontal, quando os pacientes são expostos a um objeto fobogênico (GORMAN, 1989). Fundamenta essa hipótese o fato de pacientes com manifestação fóbica obterem melhora dos sintomas com técnicas de dessensibilização, apesar da manutenção de ataques de pânico. As conexões entre o córtex pré-frontal e o sistema límbico (possível sede da ansiedade antecipatória) (GORMAN, 1989), levam os terapeutas comportamentais a associarem a terapia de dessensibilização a técnicas de relaxamento para a ansiedade antecipatória.
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