Relação da Saúde-Doença e do Psicológico com a Atividade Física

Um aspecto importante está relacionado com a interação social
Um aspecto importante está relacionado com a interação social

Psicologia

03/01/2013

A relação da atividade física e a saúde possuem fartas evidências, por meio de mudança ao estilo de vida, melhorias no Sistema Imunológico ou mesmo fatores genéticos.


Os principais efeitos benéficos da atividade física e dos exercícios descritos na literatura são: diminuição da gordura, incremento da massa muscular, incremento da força muscular, incremento da densidade óssea, fortalecimento do tecido conetivo, incremento de flexibilidade, aumento do volume sistólico, diminuição da frequência cardíaca em repouso, aumento da ventilação pulmonar, diminuição da pressão arterial, melhora do perfil lipídico, melhora da sensibilidade corporal, aumento do autoconceito e da autoestima, da imagem corporal, diminuição do estresse e da ansiedade, da tensão muscular e da insônia, diminuição do consumo de medicamentos, melhora das funções cognitivas e da socialização e, por fim, melhorias na função imune.


Esses efeitos gerais do exercício têm mostrado benefícios no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, osteoporose, artrite, dor crônica e desordens mentais e psicológicas (BARBANTI, 2005; DANTAS, 1999; MELLO et al., 2005; ANTUNES et al., 2006; VIEIRA, 2007).


Outro aspecto positivo com relação à prática constante atividade física (AF) é o seu efeito sobre a longevidade. Entre outras medidas práticas, como nutrição adequada, inexistência de dependência química como drogas, bebida e fumo, a atividade física regular vem demonstrando por meio de estudos que faz viver mais e melhor.


A medicina vem estudando a importância do bom humor e dos sentimentos positivos na prevenção de determinadas doenças e, até mesmo, na recuperação de pessoas vitimadas por moléstias graves, e para isso muito pode contribuir a AF. Diversos estudos encontraram fortes associações entre longevidade, mortalidade e prática de AF, apesar da impossibilidade de afirmar a relação causa efeito devido a fatores observacionais limitantes.


Mas, apesar de limitados, estes estudos são realizados em situações reais, e não em laboratórios com suas reduções do real, o que concede crédito para os achados (VIEIRA, 2007).


Estudos atuais continuam a investigar a relação entre o sedentarismo, como fator de risco, ou estilo de vida ativo como fator de proteção a diversas doenças, entre elas o câncer, porém um aspecto que precisa ser mais bem conhecido é relação entre a intensidade do exercício físico (EF) com os benefícios possíveis e objetivos propostos.

Além dos benefícios de natureza mais ampla para a saúde e a melhoria da qualidade de vida, a atividade física é um fator importante na prevenção e no controle de alguns problemas de saúde, quando analisada a partir da perspectiva populacional.

A prática regular de atividade física está associada a menores índices de mortalidade em geral, diminuindo, em especial, o risco de morte por doenças cardiovasculares e, particularmente, por doenças coronarianas. Também impede ou retarda o aparecimento da hipertensão arterial e facilita a redução dos níveis de pressão arterial nos hipertensos.

A realização regular de exercícios físicos beneficia igualmente o funcionamento do organismo como um todo, na medida em que a canalização das energias desperdiçadas pelas tensões emocionais o reequilibra (PITANGA, 2002; VIEIRA, 2007).


Quanto aos motivos da procura pela atividade física, estudos dizem que obter benefícios para a saúde, sentir-se bem, controlar o peso, melhorar a aparência e reduzir o estresse, são os principais fatores que fazem com que determinado indivíduo adira a um programa de exercícios físicos regulares (TAHARA et al., 2003; VIEIRA, 2007).


Porém, a relação da atividade física com o psicológico não é tão bem definida. A literatura atual apresenta uma associação positiva entre níveis elevados de atividade física e boa saúde mental. A prática de atividades físicas favorece a interação social, melhora a crença do indivíduo na sua capacidade de desempenho em atividades específicas e proporciona uma maior sensação de controle sobre os eventos e demandas do meio.


Os efeitos positivos sobre os aspectos psicológicos originam-se do prazer obtido na atividade realizada e posterior bem-estar, os quais resultam da satisfação das necessidades ou do sucesso no desempenho das habilidades em desafio.


Mecanismos neuroendócrinos são também apontados como responsáveis pelos efeitos antidepressivos no humor, tais como alterações na atividade central de norepinefrina e aumento da secreção de serotonina e endorfina (MELLO et al., 2005; VIEIRA, 2007).

Estritamente do ponto de vista psicológico, certo número de benefícios está relacionado com um estilo de vida fisicamente ativo. A atividade física regular pode atuar efetivamente na prevenção e no tratamento de distúrbios psicológicos bem como na promoção da saúde mental, por meio da melhoria do humor e do autoconceito, maior estabilidade emocional e autocontrole, maior auto eficácia, controle do estresse, melhoria da função intelectual, redução da ansiedade e da depressão (CHEEMA & GAUL, 2006; VIEIRA, 2007).


Inúmeros estudos demonstram benefícios psicológicos logo após as sessões de exercício, fenômeno comum normalmente descrito como sensação de bem estar ou euforia pós-exercício. Apesar da relação positiva entre exercício e saúde psicológica, grande parte da população não usufrui esses benefícios, já que apenas uma pequena parcela se exercita suficientemente e a outra grande parte é completamente sedentária (POLLOCK & WILMORE, 1993; VIEIRA, 2007).


O estudo dos mecanismos envolvidos na regulação e na melhoria do estado psicológico pelo exercício pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de adesão aos programas de atividade física, sendo de grande relevância para as ciências do esporte e para a saúde pública. Para tanto, destaca-se a importância de pesquisas com metodologias rigidamente controladas, para que seja possível estabelecer uma relação entre os benefícios e tipo de atividade física, frequência da participação, duração e intensidade de cada período de treinamento (WILMORE & COSTIL, 2001).


A hipótese das endorfinas é uma das explicações mais utilizadas e testadas para explicar os benefícios psicológicos do exercício e afirma que a elevação do nível de endorfina estaria associada às mudanças psicológicas positivas induzidas pelo exercício. Apesar da consistente elevação do nível de endorfina após sessões agudas de exercício, sua relação com o estado de humor apresenta resultados conflitantes. Com relação a pessoas enfermas, estudos em que os indivíduos portadores de alguma patologia eram fisicamente ativos apresentaram menor deterioração da aptidão física (WERNECK et al., 2005).


Um aspecto importante está relacionado com a interação social, pois não se sabe até que ponto o bem-estar psicológico causado pela atividade física pode ser devido ao exercício em si ou às redes de relações afetivas proporcionadas por sua prática. Efeitos como distração, divertimento e, sobretudo, a sensação de pertencimento a um grupo, são aspectos importantes na vida de indivíduos para os quais a solidão e o isolamento estão presentes em seu dia a dia (GUIMARÃES E CALDAS, 2006; TAHARA et al., 2003).
Com relação à utilização da atividade física para fins terapêuticos específicos, benefícios psicológicos no tratamento da ansiedade, depressão, distúrbios de humor, percepção de estresse, autoestima e função intelectual são encontrados na literatura. A literatura científica parece, de maneira geral, sustentar os efeitos benéficos da atividade física e do exercício, especialmente em casos de depressão. Apesar disso, são necessárias mais pesquisas sobre o assunto e que apresentem um maior rigor metodológico (GUIMARÃES & CALDAS, 2006; PIRES et al., 2004).


Quando o assunto é o sono e seus possíveis distúrbios, bem como aspectos psicológicos e transtornos de humor, como a ansiedade e a depressão, e aspectos cognitivos, como a memória e a aprendizagem, a atividade física pode influenciar positivamente.


O exercício físico provoca alterações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, portanto, pode ser considerada uma intervenção não medicamentosa para o tratamento de distúrbios relacionados aos aspectos psicobiológicos. Atividade física demonstra-se vantajosa no tratamento da depressão, uma vez que não apresenta os efeitos colaterais e adversos da farmacoterapia, não custa caro e proporciona uma série de outros benefícios à saúde física da pessoa, prevenindo seu declínio físico e funcional (VIEIRA, 2007).


Tendo em vista a dor e o sofrimento provocados por essa doença e o impacto negativo na qualidade de vida dessas pessoas, além dos custos elevados gerados pelos cuidados com a saúde mental da população, é oportuno e de grande relevância buscar na literatura os achados das pesquisas que investigaram o exercício físico como uma intervenção viável, acessível, barata e não farmacológica, mas ainda pouco utilizada no âmbito da prevenção da depressão (TAKAHASHI, 2004).


O exercício aeróbio foi inicialmente o modelo de exercício adotado para compreender a relação existente entre o exercício físico e os aspectos psicobiológicos, em estudos ocorridos a partir da década de 70, estudou-se as suas repercussões sobre o humor e a ansiedade. Embora os resultados demonstrem importantes benefícios do exercício físico para as funções cognitivas, os transtornos de humor e o sono, ainda hoje há uma carência de pesquisas nesta área de estudos, já que a influência de fatores como a intensidade, a duração e o tipo de exercício, ou ainda, a combinação do exercício aeróbio ao de força, a flexibilidade e a velocidade sobre os aspectos psicobiológicos, necessitam ser avaliados (MELLO et al., 2005; MATTOS et al., 2004; ANTUNES et al., 2006).
O exercício aeróbico é uma das táticas mais eficazes para interromper a depressão leve, assim como outros estados de espírito ruins. Mas a advertência é que as vantagens do exercício para levantar o ânimo funcionam mais para preguiçosos, os que em geral não praticam muito esforço físico. Para os que se exercitam rotineiramente, as vantagens já teriam sido maiores quando se iniciaram no hábito.


Na verdade, para os que fazem habitualmente exercícios há um efeito contrário sobre o estado de espírito: passam a sentir-se mal nos dias em que deixam de praticar. O exercício parece funcionar bem porque muda a fisiologia que o estado de espírito traz: a depressão é um estado de baixo estímulo, e a ginástica põe o corpo em alta estimulação.


Pelo mesmo motivo, técnicas de relaxamento, que põe o corpo num estado de baixa estimulação, funcionam bem para a ansiedade, um estado de alta estimulação, mas não tão bem para a depressão.


Cada um desses métodos parece atuar para romper o ciclo de depressão ou ansiedade porque põe o cérebro num nível de atividade incompatível com o estado emocional que o dominava (GOLEMAN, 1995; MATTOS et al., 2004).


A influência exata do exercício aeróbio sobre o sono não foi determinada, recaindo sobre três hipóteses: hipótese termo regulatória, onde o aumento da temperatura corporal, como consequência do exercício físico, facilitaria o disparo do início do sono, graças à ativação dos mecanismos de dissipação do calor e de indução do sono, processos estes controlados pelo hipotálamo; hipótese da conservação de energia, onde o aumento do gasto energético promovido pelo exercício durante a vigília aumentaria a necessidade de sono a fim de alcançar um balanço energético positivo, restabelecendo uma condição adequada para um novo ciclo de vigília; e a hipótese restauradora ou compensatória, que da mesma forma que a anterior, relata que a alta atividade catabólica durante a vigília reduz as reservas energéticas, aumentando a necessidade de sono, favorecendo a atividade anabólica (OLIVEIRA, 2005). Estudos realizados nos EUA afirmam que a prática sistemática do exercício físico de forma aeróbica para a população em geral está associada à ausência ou a poucos sintomas depressivos ou de ansiedade. Mesmo em indivíduos diagnosticados clinicamente como depressivos, o exercício aeróbico tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas associados à depressão.


É importante determinar como ocorre a redução dos transtornos de humor, após o exercício (agudo ou após um programa de treinamento), pois assim será possível explicar os seus efeitos bem como outros aspectos relacionados à prática desta atividade.


A compreensão da intensidade e da duração adequadas do exercício para que sejam observados os efeitos em sintomas ansiosos e depressivos é a chave para desvendar como o exercício físico pode atuar na redução desses sintomas, pois embora haja um consenso de que esta prática reduz os transtornos de humor, não há um consenso de como isso ocorre.


O primeiro passo para entender essa relação é compreender a etiologia dos transtornos. Fatores genéticos podem estar implicados na ocorrência, mas a gênese dos transtornos está também implicada na função biológica, comportamental e do meio (ANDRADE, 2001).


Os benefícios da prática de exercício físico aeróbico refletem o aumento dos níveis de qualidade de vida das populações que sofrem dos transtornos do humor. No entanto, tanto o exercício aeróbico como o anaeróbio devem privilegiar a relação no aumento temporal da execução do exercício físico e não no aumento da carga de trabalho, estabelecendo uma relação volume x intensidade ótima (STELLA et al., 2002).


Apesar das controvérsias, estudos epidemiológicos confirmam que pessoas moderadamente ativas têm menos risco de serem acometidas por disfunções mentais do que pessoas sedentárias, demonstrando que a participação em programas de exercícios físicos exerce benefícios, também, para funções cognitivas (VIEIRA, 2002).


Segundo WERNER et al. (2005), o exercício contribui para a integridade cerebrovascular, o aumento no transporte de oxigênio para o cérebro, a síntese e a degradação de neurotransmissores, bem como a diminuição da pressão arterial, dos níveis de colesterol e dos triglicérides, a inibição da agregação plaquetária, o aumento da capacidade funcional e, consequentemente, a melhora da qualidade de vida. Algumas hipóteses buscam justificar a melhora da função cognitiva em resposta ao exercício físico aeróbico, como: alterações hormonais (catecolaminas, ACTH e vasopressina); na β-endorfina; na liberação de serotonina, ativação de receptores específicos e diminuição da viscosidade sanguínea (VIEIRA, 2007).
Com relação à atividade física com fins de relaxamento, efeitos benéficos são igualmente relatados. GOLEMAN E GURIN (1997) definem como reação de relaxamento o ato de equilíbrio da natureza contra o excesso de reações lutar ou fugir, constituindo-se de uma série de mudanças internas que ocorrem quando a mente e o corpo se tranquilizam. Algumas técnicas podem ser utilizadas para evocar este potencial, como o relaxamento, a respiração profunda, meditação, yoga, orações repetitivas ou mantras, visualização de imagens, entre outras (VIEIRA, 2007).


No tratamento de câncer, este tipo de atividade física pode se revelar extremamente útil, uma vez que LOHR & AMORIM (1997) indicam que o relaxamento mental colaboraria especialmente em sintomas como enjoos e ocasionais vômitos, além de melhorar quadros de insônia ao melhorar o manejo com as tensões. Trazendo esta realidade para pacientes com câncer, é bom lembrar, que o desespero e a frustração dos pacientes podem levar à busca de qualquer método que prometa cura ou conforto, muitas vezes sem qualquer rigor científico (VIEIRA, 2007).


O uso de técnicas de meditação e ioga-kundalini aplicados à oncopsiquiatria direcionados ao tratamento de ansiedade, fadiga, estimulação do sistema imune para o tratamento de tumores sólidos, expansão e integração da mente, desenvolvimento de uma mente comparativa, compreensiva e intuitiva e regeneração do sistema nervoso central. O uso dessas técnicas pode ser muito significativo, inclusive, em termos de cuidados paliativos. (CANTINELLI et al., 2006; MOTA, 2002).


Atividades moderadas, como o Tai Chi Chuan e semelhantes, podem também conceder a sua parcela de contribuição, tanto física quanto mental. Ginástica chinesa de origem oriental possui grande aderência, principalmente em idosos e, em poucos estudos realizados apresentou melhoras na função cardiovascular e pressão arterial, função ventilatória, força muscular, coordenação, flexibilidade e prevenção a osteoartrite. Benefícios psicológicos incluíam aumento na confiança, na percepção do corpo, menor sensação de estresse e melhor desempenho mental (GOMES et al., 2004; CHUEN, 1999; CHIA, 1997; CROMPTON, 1998; KIT, 1996; LEE et al., 1997; LEE, 1995).

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